Aspectos mineralógicos, micromorfológicos e texturais da pedogênese no sul do Complexo Bação, Quadrilátero Ferrífero, MG.
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2004
Autores
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Alguns aspectos dos processos de alteração superficial e seus reflexos na pedogeomorfologia
Quaternária na sub-bacia do alto Ribeirão Maracujá, no Complexo Bação, Quadrilátero Ferrífero, MG,
são aqui caracterizados. São investigados caracteres relativos à dinâmica evolutiva de três vertentes
(topossequências 1, 2 e 3), situadas sobre gnáisses, mas com graus de erodibilidade diferenciados. Nos
segmentos de alta vertente das topossequências 1 e 2, os perfis de solos são pouco desenvolvidos e
autóctones. Na topossequência 3, no mesmo segmento, ocorre um latossolo com feições de aloctonia.
Nos segmentos de meia vertente das três topossequências ocorrem perfis latossólicos espessos,
desenvolvidos à partir de sedimentos coluviais provindos da alta vertente. Nos segmentos de baixa
vertente há ruptura nos processos de transporte e deposição dos sedimentos, sendo o perfil de solo da
topossequência 2 um Latossolo-câmbico autóctone e, nas topossequências 1 e 3, perfis desenvolvidos
à partir de materiais alúvio-coluviais depositados sobre o saprolito gnáissico. Apesar da dinâmica
evolutiva das três vertentes corroborar os modelos geomorfológicos tropicais até o segmento de meia
vertente, à jusante, a ruptura do coluvionamento na baixa vertente, evidencia um recente desequilíbrio
morfodinâmico. Além disso, as evidências micromorfológicas e mineralógicas não sinalizam
correlação com susceptibilidade erosiva diferenciada verificada na área.
Variações na porosidade de solos em diferentes estágios de intemperismo são também
investigadas no presente trabalho. O material analisado em laboratório nesta fase consistiu em
agregados in natura com cerca de 5 mm de diâmetro, submetidos às análises pelos métodos de sorção
de nitrogênio a 77 K (N2 BET) e porosimetria por intrusão de mercúrio. A combinação dessas técnicas
porosimétricas mostrou que as amostras oriundas dos horizontes de alteração mais desenvolvidos
(latossolos) cujos constituintes materiais são de natureza alóctone além de deterem uma maior área de
superfície apresentam maiores volumes adsorvidos e de intrusão, refletindo uma maior porosidade, e,
uma ampla distribuição de classes porais na faixa de microporos, mesoporos e macroporos. As
amostras de perfis menos desenvolvidos (cambissolos) mostram uma menor área poral, onde
predominam os mesoporos de natureza textural.
A terceira e última fase do trabalho consistiu na investigação mineralógica dos óxidos de ferro
de horizontes B. Foram utilizadas três amostras, coletadas em três distintos perfis, nos segmentos de
alta, meia e baixa vertente na topossequência 2 (VH). No laboratório, assim como na primeira fase,
foram realizadas análises física (granulometria), química (composição dos elementos maiores por
fluorescência de raios X - FRX) e mineralógica (difratometria de raios X - DRX e espectroscopia
Mössbauer). Com base nos resultados analíticos de FRX e DRX, as amostras revelaram uma
composição mineralógica similar semiquantitativa, constituída pela sequência
quartzo >> gibbsita > caulinita > feldspatos > goethita. Os resultados Mössbauer a 4,2 K confirmaram
somente a coexistência de goethita (majoritária) e hematita. Com base no conteúdo de alumínio
isomorficamente substituinte estimado a partir dos campos hiperfinos, foram alocadas as fórmulas
químicas para as goethitas: αFe0,79Al0,21OOH (alta vertente); αFe0,75Al0,25OOH (meia vertente) e
αFe0,78Al0,22OOH (baixa vertente). Essas goethitas contém níveis distintos de substituição isomórfica
por alumínio. Há evidências de que a dinâmica dos óxidos de ferro nos horizontes B dos respectivos
segmentos de vertente sirva de testemunhos de paleoflutuações climáticas na área: goethitas mais
aluminosas indicariam um ambiente úmido durante seu processo de formação, enquanto que as menos
aluminosas indicariam um ambiente mais seco.
Portanto, o presente trabalho procurou caracterizar a evolução pedogenética local,
correlacionando-a com as transformações ambientais naturais ocorridas provavelmente no
Neopleistoceno.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Quadrilátero Ferrífero - MG, Porosimetria, Intemperismo
Citação
FIGUEIREDO, Múcio do Amaral. Aspectos mineralógicos, micromorfológicos e texturais da pedogênese no sul do Complexo Bação, Quadrilátero Ferrífero, MG. 2004. 93 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2004.