Estabelecimento de plântulas regenerantes em área de empréstimo da Usina Hidrelétrica Emborcação.

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Data
2020
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Resumo
A Usina Hidroelétrica de Emborcação teve suas obras iniciadas no ano de 1977. Para a construção da sua barragem, uma área doadora de solo de 1,52km² no Estado de Goiás foi utilizada. No ano de 2003 foram realizadas obras para contenção de processos erosivos e revegetação nesta área. Porém, tais ações foram infrutíferas em termos da revegetação visto que, dezoito anos depois, poucos indivíduos arbóreos estão presentes e as gramíneas não foram capazes de realizar a cobertura típica de savana, deixando grande parte do solo descoberto. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitossossiológico para analisar os padrões de sucessão da comunidade e verificar se o fragmento de vegetação nativa do entorno pode auxiliar no processo de dispersão de sementes. Além disso, parâmetros edáficos químicos e físicos foram comparadosentre as áreas degradadas e de referência. Quatro transectos foram percorridos e em cada um deles 7 parcelas de 10x10m foram avaliadas, sendo inventariados todos os indivíduos árbóreos/arbustivos. Foram encontrados 98 indivíduos de 13 espécies, distribuídos em sete famílias, sendo Fabaceae a mais representativa. As espécies com maior valor de importância foram: Machaerium opacum, Solanum lycocarpum, Stryphnodendron adstringens, Anadenanthera colubrina e Inga laurina. A diversidade (H’) da comunidade foi estimada em 1,98 e equabilidade (J’) 0,76. A densidade absoluta da comunidade foi de 350 (ind/ha) e a dominância 4,53 (m²/ha). A comunidade apresentou 95% de indivíduos pioneiros. A síndrome de dispersão mais predominante entre as espécies foi a zoocoria (70%) e a mais abundante a autocoria (p <0.001). Aparentemente, o fragmento florestal não promove o aumento da riqueza de espécies bem como não influencia no aporte de diversificação das classes sucessionais ou síndromes de dispersão. As condições edáficas da área de empréstimo são tão distintas daquelas observadas no fragmento florestal que podem levar à um caminho de sucessão que não resultará em ecossistema semelhante ao que chamamos até o momento de referência. A área de empréstimo apresenta solo mais ácido e com menor teor nutricional em comparação com a área de referência, além disso, se apresenta heterogênea em textura granulométrica, com regiões bastante compactadas, com menor umidade e porosidade, condições essas bastante limitantes para o estabelecimento das espécies típicas da área de referência. Outro limitante para o estabelecimento de plântulas é a presença marcante de gramíneas exóticas. Embora em baixa densidade, as espécies presentes com maior valor de importância são típicas de cerrado, bem adaptadas a solos distróficos, com déficit hídrico e são heliófitas, diferindo da comunidade de plantas do fragmento da área de referência. Tal discrepância sugere que o processo de sucessão e reestabelecimento da vegetação desta área encontram-se em seus estágios iniciais, ainda fortemente limitado pelas condições do solo e pela competição com gramíneas exóticas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais. Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente, Instituto de Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Restauração ecológica, Regeneração natural, Comunidade vegetal, Área de empréstimo, Áreas degradadas
Citação
NASCIMENTO, Julia Marques. Estabelecimento de plântulas regenerantes em área de empréstimo da Usina Hidrelétrica Emborcação. 2020. 79 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais) - Instituto de Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2020.