Trajetórias entrelaçadas : uma análise da política de assistência estudantil e os contextos de implementação na Universidade Federal de Ouro Preto.
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2023
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Resumo
Esta pesquisa analisa a trajetória institucional da Política de Assistência Estudantil (PAE) na
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), considerando o entrelaçamento da PAE com o
Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e com as ações da Pró-Reitoria de
Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE). Na UFOP, a política é executada pela
PRACE, responsável por definir os critérios e a metodologia para promover a assistência
estudantil aos discentes dos cursos de graduação e pós-graduação presenciais. O PNAES foi
regulamentado em 2010 (Decreto no 7234/2010) e visa garantir a permanência dos estudantes
na educação federal, atendendo, prioritariamente, estudantes de escolas públicas ou com renda
familiar per capita de até 1,5 salário mínimo. Os dados advêm de dezessete entrevistas com
roteiros semiestruturados realizadas com implementadores que atuam na PRACE: quatro
implementadores de alto escalão (pró-reitores); três implementadores de médio escalão
(coordenadores) e dez implementadores de nível de rua (servidores que lidam diretamente
com os usuários). Ao se valer das proposições de Gussi e Oliveira (2016), Oliveira (2019) e
Oliveira, Alves e Fitchter Filho (2022) para compreender as dimensões da implementação e a
noção de trajetória, a análise de conteúdo foi realizada a partir da transversalidade de cinco
contextos: (i) das conjunturas; (ii) dos conteúdos da política; (iii) institucionais; (iv) das
experiências e (v) dos territórios. As entrevistas revelam como os contextos de implementação
estão entrelaçados com os processos e as dimensões da totalidade da política; as ações e as
interações dos implementadores, as formas de modificação do desenho da política por parte
dos atores e como tal fato chega aos usuários da PAE. As análises apontam uma trajetória de
avanços para a democratização do acesso e a permanência do estudante em vulnerabilidade
social, principalmente após o decreto PNAES, que induziu a criação de uma pró-reitoria
específica. Verifica-se também retrocessos a partir da conjuntura política após o golpe de
2016, a aprovação da PEC no 95 e após ataques às universidades no Governo Bolsonaro
(2019-2022) que limitou os orçamentos para a educação federal superior, levando a
precarização das ações de assistência estudantil nas instituições federais de ensino. Na UFOP
os implementadores destacam a importância do PNAES deixar de ser uma política de governo
para se tornar uma política de Estado. Mesmo diante dos desafios, os dados indicam que a
PRACE preconiza a assistência estudantil como um direito à educação, contemplando
estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, de acordo com os eixos do
PNAES, contribuindo para a redução de desigualdades sociais por meio da inserção e da
permanência dos alunos e, consequentemente, da conclusão do ensino superior.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Educação. Departamento de Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Política pública, Estudantes - programas de assistência, Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES
Citação
CUNHA, Jacqueline Kelly Almeida. Trajetórias entrelaçadas : uma análise da política de assistência estudantil e os contextos de implementação na Universidade Federal de Ouro Preto. 2023. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2023.