Condições de vida, saúde e nutrição de agricultores familiares, atingidos pela mineração em tempos de Covid-19.
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Data
2023
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Resumo
Introdução: Os municípios de Mariana/MG e Ouro Preto/MG apresentam uma relação
histórica com a mineração, com efeitos negativos exacerbados pelo rompimento da barragem
de rejeitos de Fundão, da empresa Samarco, ocorrido em 2015, em Mariana. Esse
acontecimento é considerado uma das grandes e graves tragédias sociais e ambientais do
Brasil, com impactos locais ainda mais dramáticos em populações vulnerabilizadas do ponto
de vista econômico e social, situação essa agravada pela atual conjuntura da vigente pandemia
por COVID-19. Diante disso, repercussões negativas relacionadas à situação de saúde e
segurança alimentar e nutricional (SAN) dos agricultores familiares e suas famílias são
esperados, em especial nos grupos mais vulneráveis. Objetivo: Conhecer, identificar e
analisar as condições de vida, saúde e alimentação de agricultores familiares e de crianças e
gestantes dessas famílias nos municípios de Mariana/MG e Ouro Preto/MG, atingidos pelo
rompimento da barragem de Fundão e pela atual pandemia de COVID-19. Materiais e
métodos: O estudo combina métodos qualitativos e quantitativos. A pesquisa seguiu as
seguintes etapas: sensibilização, por entrevistas semiestruturadas e coleta de dados
quantitativos, contemplando informações sociodemográficas, de nutrição e SAN. As questões
foram obtidas a partir de questionários validados (Marcadores de Consumo Alimentar -MCA,
e Triagem para Risco de Insegurança Alimentar (TRIA)/Escala Brasileira de Insegurança
Alimentar (EBIA). As entrevistas foram analisadas por meio da Análise de Conteúdo,
modalidade temática e submetidas ao software IRAMUTEQ®, utilizando-se à Classificação
Hierárquica Descendente (CHD) para a construção das classes e, por fim, as categorias de
análise. Os dados quantitativos foram digitados e processados no software Kobo Toolbox,
com a análise descritiva por meio da distribuição das frequências. Resultados: Tratando-se da
etapa qualitativa, dos 19 entrevistados, 68,4% (n=13) eram mulheres, a idade média foi 46
anos, 52,6% (n=10) se autodeclararam pretos e 42,1% (n=8) com renda entre 1 e 2 salários-
mínimos. A CHD identificou cinco classes que se relacionaram aos eventos estudados e
dessas classes emergiram 3 categorias: Trabalho, renda e acesso aos alimentos; Educação e
outros serviços essenciais; Saúde, locomoção e lazer. A etapa quantitativa contou com 16
participantes, na totalidade mulheres, gestantes e/ou mães de crianças menores de 5 anos, cor
preta e parda, somando 93,8%, idade média de 28 anos. Os MCA, para as 2 crianças menores
de 6 meses encontradas, apenas 1 estava em aleitamento materno exclusivo. Para as crianças
de 6 a 23 meses (n=5), notou-se que nenhuma havia sido amamentada no dia anterior. De 2 a
5 anos (n=8), a prevalência do consumo de alimentos não saudáveis foi de 50% (Biscoito
recheado, doces e guloseimas). Entre as gestantes (n=3), todas haviam consumido feijão,
frutas frescas, verduras e legumes. A TRIA revelou que 12,5% (n=2) dos domicílios estavam
em risco de Insegurança Alimentar e a EBIA detectou que essas famílias estavam em
insegurança alimentar leve. Conclusão: Os resultados revelaram que os eventos repercutiram,
de maneira direta ou indireta, nas condições de vida, saúde e nutrição dos agricultores
familiares e suas famílias.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Mineração, Associação de agricultores, Agricultura sustentável, Saúde materno - infantil, Segurança alimentar
Citação
PINHEIRO, Aniele Mágata. Condições de vida, saúde e nutrição de agricultores familiares, atingidos pela mineração em tempos de covid-19. 2023. 91 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2023.