Estudo da qualidade da água na sub-bacia do Ribeirão do Carmo (MG), com ênfase na geoquímica e na comunidade zooplanctônica.

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Data
2013
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
A poluição de um sistema hídrico, mesmo que num curto período, gera um impacto para sua biota, bem como para a população que depende deste recurso para viver, pois estes sendo pontuais ou difusos limitam o uso do curso d’água a atividades menos exigentes, podendo inclusive, inviabilizar a sua recuperação. Intervenções antrópicas no sistema aquático natural têm como resultados alterações físico-químicas na qualidade da água, bem como alterações texturais nos depósitos sedimentares recentes, causando possível liberação de gases e disponibilidade e/ou retenção de nutrientes e elementos traço, como também a redução ou perda da biodiversidade aquática (Tundisi, 2008). A área de estudo encontra-se inserida na porção sudoeste do Quadrilátero Ferrífero, em uma região que entre os séculos 17 e 18 destacou-se no cenário nacional devido à exploração aurífera (Palermo et al., 2004), principal fonte de impacto e contaminação da água e solos. Esta exploração deixou um legado ambiental para as futuras gerações – a contaminação dos rios da região com elementos traço em concentrações consideradas tóxicas à biota, afetando até os dias de hoje, a população e o ecossistema local. O município de Ouro Preto possui 69.495 habitantes, em uma área territorial de 1.245 Km2 , abrigando as nascentes do Ribeirão do Carmo, e o município de Mariana, aproximadamente 54.689 habitantes, em uma área territorial de 1.193 Km2. O objetivo deste projeto foi verificar se a geoquímica e a poluição orgânica local afetavam a comunidade zooplanctônica. Observou-se que a maioria dos elementos químicos analisados apresentou concentrações mais elevadas nas amostras de sedimento do que nas amostras de água, contudo, acredita-se que estes elementos, no sedimento, estejam adsorvidos em óxihidróxidos de Fe, Mn e Al. Os seguintes parâmetros pH, oxigênio dissolvido, Al, Fe, Mn e P violaram as concentrações estipuladas pela DN 01/2008, de maneira difusa na área de estudo. A comunidade zooplanctônica presente nas águas superficiais foi composta pelos seguintes grupos: Rotifera, Protozoa, e Crustacea, sendo o grupo Rotifera o mais representativo, com 51% das espécies identificadas, seguido do grupo Protozoa, com 45% e por último o grupo Crustacea com apenas 4%. Os seguintes organismos foram identificados em todos os pontos: Arcella discoides, A. vulgaris, Vorticella, Bdelloida e Lecane lunaris, sendo a espécie A. vulgaris a mais representativa dentro da área de estudo, tanto para as amostras de água, quanto para as amostras de sedimento, independente da sazonalidade. O grupo Rotifera apresentou maior sensibilidade com relação às alterações nas concentrações dos elementos químicos, sendo a espécie C. dossuaris a mais sensível a possíveis alterações, seguida da espécie C. uncinata. A área de estudo apresentou uma concentração moderada de carga orgânica, com nichos bem distintos, sugerindo que a mesma encontra-se em equilíbrio ecológico. Os valores referentes aos índices de diversidade indicaram que, possivelmente as espécies identificadas desenvolveram adaptações favoráveis a sua permanência em locais com concentrações elevadas de elementos tóxicos à biota, bem como em locais que apresentam algum tipo de stress para estes organismos. As espécies mais adaptadas pertencem ao grupo das tecamebas (Protozoa), sendo o microorganismo Arcella vulgaris o que mais se adaptou às condições adversas encontradas no sedimento e nas águas superficiais. Dentro da área estudada, o trecho do rio localizado no ponto Colina pode ser considerado o mais poluído, já que apresenta valores elevados de condutividade elétrica, baixa concentração de oxigênio dissolvido e valores de pH tendendo a acidez, além das violações dos parâmetros estabelecidos pela DN 01/2008. O ponto Tripuí apresentou valores de alguns parâmetros físico-químicos comparados a rios não poluídos, podendo ser considerado como ponto controle.
Descrição
Palavras-chave
Ouro - minas e mineração, Geoquímica, Zooplâncton, Ecotoxicidade, Toxicologia ambiental
Citação
SILVA, C. L e. Estudo da qualidade da água na sub-bacia do Ribeirão do Carmo (MG), com ênfase na geoquímica e na comunidade zooplanctônica. 2013. 135 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.