A infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi agrava o desenvolvimento de lesões ateroscleróticas em camundongos apoE-/-.
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Data
2012
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Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
A resposta inflamatória sistêmica desencadeada por alguns agentes infecciosos exercem efeitos pró-aterogênicos via produção e ação de mediadores inflamatórios sobre a parede vascular. Nesse contexto, a infecção desencadeada pelo protozoário Trypanosoma cruzi apresenta um caráter inflamatório responsável pelo desenvolvimento de inúmeras manifestações cardiovasculares enquanto a aterosclerose, doença crônico-degenerativa, também é capaz de ocasionar obstrução de artérias pelo acúmulo de lipídeos em suas paredes através de um evento inflamatório local. A saber, a apolipoproteína E (apoE) é a principal glicoproteína responsável pelo transporte e metabolismo de colesterol e triglicerideos, sendo uma constituinte das lipoproteínas VLDL, HDL e quilomícrons. Neste estudo avaliamos a interferência da apoE no desenvolvimento das lesões cardiovasculares em camundongos C57BL/6 (n=28) e apoE knockout/ -/- (n=28) com 10 semanas, infectados pelas cepas Berenice 78 (Be 78) e Colombiana do T. cruzi. Avaliou-se diariamente a parasitemia e semanalmente o peso dos animais. Antes e após 30 dias de infecção, coletou-se sangue para dosagens bioquímicas (colesterol total, colesterol HDL e triglicérideos) e imunológicas (CCL2/MCP-1 e CCL5/RANTES). Após a eutanásia, o fígado e as fezes foram utilizados para extração e quantificação dos lipídeos totais e o arco aórtico, juntamente com o tecido muscular cardíaco, para avaliações morfométricas. Observou-se um menor período pré-patente nos animais selvagens (dia 9) em relação aos apoE-/- (dia 12), sendo que nestes últimos a parasitemia foi menor para ambas as cepas estudadas. Não houve diferença no peso dos animais entre os grupos, mas o colesterol total e os triglicerídeos plasmáticos mostraram-se elevados no grupo apoE-/-. Em relação à genética do parasito, a cepa Be 78 nos animais apoE-/- mostrou-se associada ao aumento dos lipídeos fecais, enquanto a cepa Colombiana neste mesmo grupo apresentou-se associada a níveis elevados de triglicérideos plasmáticos. Na análise plasmática de quimiocinas, verificou-se elevada produção de CCL2 e CCL5 em todos os animais infectados, porém apenas com a cepa Be 78, avaliada em animais apoE-/-, houve uma redução dos níveis séricos de CCL5. Observou-se aumento de células inflamatórias no tecido cardíaco, bem como de parasitos teciduais, no grupo infectado com a cepa Colombiana. Em relação à aterogênese, o grupo apoE-/- infectado por esta cepa, apresentou maiores áreas de lesão e alterações no conteúdo de colágeno. Estes dados sugerem que a infecção experimental pelo T. cruzi interfere no desenvolvimento de lesões ateroscleróticas em camundongos apoE-/-, assim como na produção de mediadores inflamatórios plasmáticos e de alguns tipos lipídicos. A análise e compreensão da interferência da apoE na patogênese cardíaca da doença de Chagas associado à variabilidade genética do parasito constituirão importantes elementos para estudos futuros envolvendo a resposta inflamatória cardiovascular.
Descrição
Palavras-chave
Trypanosoma cruzi, Aterosclerose, Doença de Chagas, Apolipoproteína E - ApoE
Citação
FIGUEIREDO, V. P. A infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi agrava o desenvolvimento de lesões ateroscleróticas em camundongos apoE-/-. 2012. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2012.