A análise do mecanismo de formação de Fault-Bend Folds e Fault-Propagation folds por meio da modelagem física analógica.
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2020
Autores
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
As dobras-falhas são estruturas que comumente ocorrem em cinturões compressivos e são
classificadas como: fault-bend fold (dobra associada a uma falha preexistente com trajetória em
degrau), fault-propagation fold (dobra formada simultaneamente a uma falha em rampa) e detachment
fold (dobra gerada concomitantemente a uma falha horizontal). Por estarem associadas a reservas de
óleo e gás, as dobras-falhas já foram alvos de inúmeros estudos analíticos assim como de modelagens
matemáticas, ao longo das últimas décadas. Além disto, vários autores empregaram a modelagem
física analógica para contribuir ao estudo destas estruturas. No entanto, poucos trabalhos tiveram
como enfoque a investigação sistemática dos fatores que condicionam sua formação. Assim, a presente
tese teve como objetivo investigar através de modelos físico-analógicos, em caixas de areia, de
dimensões decimétricas, as diferentes condições de contorno que influenciam o desenvolvimento de
fault-bend folds (FBFs) e fault-propagation folds (FPFs) de ambientes compressivos.
Para o estudo das FBFs foram desenvolvidos 107 experimentos, nos quais o material
analógico foi montado em camadas horizontais sobre uma falha preexistente com trajetória em degrau.
Geraram-se as diferentes condições de contorno variando-se o ângulo de mergulho da rampa
preexistente (20º e 30º), a espessura inicial do modelo (de 2 a 6 cm), o atrito basal do patamar inferior
(com folhas de papel contact, cartolina e papel lixa, de baixo, intermediário e alto atrito basal,
respectivamente) e, em especial, a reologia do material analógico. Esta foi modificada empregando-se
tanto materiais homogêneos (areia e microesferas de vidro puros), quanto anisotrópicos (os mesmos
produtos intercaladas por horizontes de cristais de micas). Além destes, montaram-se experimentos
com um pacote homogêneo sobreposto por outro pacote anisotrópico, separados por uma camada de
cristais de mica.
A pesquisa das FPFs se fundamentou em 14 experimentos analógicos, dos quais 12 foram
analisados através da técnica do Particle Image Velocimetry (PIV). Empregaram-se os mesmos
materiais analógicos utilizados para o estudo das FBFs, que foram montados sobre uma folha de
cartolina, e se variou a espessura inicial dos modelos (3 e 4 cm). Adicionalmente, introduziu-se uma
camada basal de silicone, viscoso, em alguns dos experimentos.
Os resultados experimentais permitiram sugerir que o desenvolvimento de ambas as dobrasfalhas depende, sobretudo, da estratigrafia mecânica envolvida. Mode I-FBFs (dobras com ângulo
interflanquial maior que 90°) se formaram preferencialmente em microesferas de vidro (material de
comportamento friccional elasto-plástico), independente do ângulo da rampa e do atrito basal. Nos
experimentos de areia (material analógico mais rúptil), a formação de Mode I-FBFs só ocorreu com o
aumento da espessura inicial (até 6 cm), que conduziu ao aumento da tensão normal e/ou da cohesion
strength. Nas FPFs, a análise combinada das imagens do PIV e das fotografias dos experimentos
mostrou que o desenvolvimento desta dobra-falha envolveu processos de dobramento flexural
(induzido pelos horizontes de cristais de micas tanto na areia quanto nas microesferas de vidro) e de
espessamento basal. A formação da rampa ocorreu de três formas: a partir da camada basal (por
exemplo, dos experimentos de areia com silicone na camada basal), no interior do pacote analógico
(como no caso dos modelos de areia com dois pacotes analógicos) ou, nos modelos anisotrópicos de
microesferas de vidro, pela combinação destes processos (ou seja, uma rampa nucleada na base e outra
no interior das camadas que coalesceram com a deformação progressiva).
O presente estudo demonstrou que o importante papel desempenhado pela estratigrafia
mecânica na modelagem física de FBFs e FPFs é consistente com os aspectos descritos em sistemas de
dobras–falhas da natureza.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geologia estrutural, Dobras - geologia, Falhas - geologia
Citação
ZANON, Marcela Lopes. A análise do mecanismo de formação de Fault-Bend Folds e Fault-Propagation folds por meio da modelagem física analógica. 233 f. 2020. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2020.