Violência de gênero na docência : moral, hierarquia e poder na universidade pública.
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Data
2023
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Resumo
Esta tese partiu dos testemunhos de cinco mulheres cis, incluindo a autora, sobre violências
institucionais vividas no exercício da docência do ensino superior em universidades públicas
brasileiras. Os convites foram feitos por amostra não probabilista intencional. Usamos no
referencial teórico conceitos ligados a violência, relações de poder, discurso e verdade de
Michel Foucault; poder maquínico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e, a partir da leitura de
Marie-France Hirigoyen, percebemos que o que estávamos estudando não era assédio moral e,
usando diversos autores e legislações, passamos a utilizar tortura moral para definir as práticas
de violência cometidas pelo Estado e seus agentes que se repetem ao longo do tempo e têm por
objetivo mudar as crenças, os discursos e os modos de ser de suas vítimas (seu eu) nos processos
de gestão do trabalho nas universidades públicas brasileiras. Nosso objetivo geral era
compreender como se estabelecem as relações de poder e resistência que fazem com que
mulheres vivenciem cerceamentos e violências no exercício da docência do Ensino Superior
em universidades públicas brasileiras. Sobre isso, chegamos à compreensão de que há um
dispositivo que opera via tortura moral, a partir do qual essas relações de poder se estabelecem
como mecanismos de correção. Os objetivos específicos previam analisar relações entre moral
e hierarquia na produção de cerceamento e violências contra mulheres no exercício da docência
no Ensino Superior em universidades públicas brasileiras (e concluímos que tanto os códigos
morais compartilhados, quanto a hierarquia são usados para validar as práticas de violência
institucional); verificar se há regularidades discursivas sobre gênero, sexualidades, questões
étnico-raciais e de classe entre diferentes docentes ao narrarem processos de violência sofridos
no exercício da docência em instituições públicas de Ensino Superior (as encontramos, mas
encontramos também outras, como as ligadas ao uso das maternidades para validar violências);
e identificar relações entre as violências narradas com códigos morais de gênero, sexualidades,
étnico-raciais e classe em instituições públicas de Ensino Superior (o que foi possível ao
analisar o uso dos códigos morais compartilhados na validação das violências institucionais que
compõem práticas de tortura moral). Dessa investigação resultou a tese de que as violências
impostas hierarquicamente a nós são parte de um dispositivo que opera por práticas de tortura
moral, enquanto violência institucional, com o objetivo de que nos adequemos ao que é
considerado apropriado à docência do Ensino Superior, pensada a partir de uma ideia de
universidade criada na lógica moderna, eurocêntrica, caucasiana, heterossexual, cis, elitista e
masculina.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Educação. Departamento de Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Professoras universitárias, Ensino superior, Hierarquias, Violência no ambiente de trabalho
Citação
DALLAPICULA, Catarina. Violência de gênero na docência: moral, hierarquia e poder na universidade pública. 2023. 205 f. Tese (Doutorado em Educação) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2023