Mobilidade pedonal e o efeito barreira das rodovias urbanas : as contradições e os conflitos no Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo, em Belo Horizonte (MG).
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2022
Autores
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
A histórica priorização das políticas públicas dada aos modos de transporte individuais motorizados gerou (e ainda gera) expressivos impactos na mobilidade e no acesso da população no espaço urbano. Fruto da ação de agentes econômicos e sociais que o (re)produzem, com base nos interesses das classes dominantes, o espaço urbano tem sido remodelado na tentativa de suprir a demanda do fluxo de veículos e não das necessidades pessoas, conduzindo a reorganização do espaço de circulação, abertura de novas vias e criação de infraestrutura de suporte aos automóveis, não raro, potencializando conflitos e contradições. Nesse contexto, as infraestruturas de transporte têm comumente se tornado obstáculo à mobilidade e à acessibilidade, especialmente para as pessoas que se deslocam por modos ativos. Sua localização no ambiente urbano induz à ocorrência do fenômeno conhecido por “efeito barreira”, que causa uma forte segregação socioespacial e, consequentemente, reduzir diversas formas de contatos sociais, impactando diretamente no bem-estar e na liberdade de locomoção dos moradores. Esse efeito se materializa de forma mais intensa nas rodovias urbanas, visto que nesses locais a alta velocidade dos veículos, o intenso volume de tráfego e a própria infraestrutura que rompe o tecido urbano, causa a separação física das comunidades que residem nos bairros lindeiros às suas margens, como ocorre no Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo, localizado em Belo Horizonte (MG). As rodovias urbanas também realçam as contradições e os conflitos do uso entre veículos e pedestres, incorrendo em privações de deslocamentos a pé, afetando as condições em que a mobilidade pedonal se realiza, potencializando os riscos e sinistros durante as travessias. Diante desse contexto, essa tese tem por objetivo analisar a mobilidade pedonal no entorno do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, tendo como base a proposição de indicadores de mobilidade, acessibilidade e risco de travessia, bem como uma breve reflexão sobre os possíveis conflitos e contradições impostos ao fluxo de pedestres nesse espaço. Para tanto, propõe-se, primeiramente, a estimação dos atravessamentos de pedestres entre suas margens (dos cruzamentos nos dois sentidos) e a identificação das características dos pedestres que realizam esses deslocamentos, tendo como base os dados da série histórica recente da Pesquisa Origem e Destino da Região Metropolitana de Belo Horizonte (1992-2002-2012). Posteriormente, de posse dos dados mais recentes da Pesquisa OD da RMBH, realiza-se a aplicação dos indicadores propostos, correlacionando-os com fatores preponderantes para a avaliação do risco potencial de atravessamento, como fluxo de veículos, acidentalidade, características socioeconômicas dos pedestres, motivos de acesso e localização das ocupações irregulares. Os resultados indicam que, ao longo do período de análise, os fluxos de atravessamentos foram reduzidos, mesmo em áreas onde se registou crescimento populacional. O perfil dos pedestres também se modificou, com destaque para alterações na idade, sexo e renda dessas pessoas. Evidenciou-se, ainda, a prevalência dos atravessamentos pelos modos motorizados, as desigualdades no acesso às passarelas e o risco elevado para os pedestres que realizam os atravessamentos, cenário esse que se reflete em expressivas ocorrências de atropelamentos na rodovia.
Descrição
Palavras-chave
Planejamento urbano, Rodovias, Áreas de pedestres, Segregação urbana
Citação
MATOS, Bárbara Abreu. Mobilidade pedonal e o efeito barreira das rodovias urbanas: as contradições e os conflitos no Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo, em Belo Horizonte (MG). 2022. 208 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.