Consumo de carne vermelha e processada e a incidência de hipertensão arterial : ELSA–Brasil coorte.
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Data
2023
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Resumo
Evidências sugerem uma relação entre o consumo de carne vermelha e processada
com as doenças crônicas não transmissíveis e mortalidade por todas as causas. A
associação direta entre essas carnes e a hipertensão arterial (HA) ainda é controversa
e pouco explorada. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre consumo
de carne vermelha e processada e a incidência de HA em participantes do Estudo
Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Trata-se de um estudo analítico,
observacional e longitudinal, realizado com os dados da linha de base (2008-2010) e
da segunda onda (2012-2014). Dos 15.105 participantes da linha de base (2008-
2010), foram excluídos aqueles com diagnóstico de HA ou que relataram fazer uso de
anti-hipertensivo, com histórico de eventos cardiovasculares, câncer, cirurgia
bariátrica prévia, os que apresentaram valores implausíveis de consumo calórico
(<500 e ≥ 6.000 Kcal) e com índice de massa corporal (IMC) <18,5 e >40 Kg/m2, além
dos participantes com dados faltantes nas variáveis de exposição e desfecho, bem
como as perdas no seguimento (2012-2014), totalizando uma amostra final de 8.089
participantes. A incidência de HA foi definida por pressão arterial sistólica ≥140 mmHg
ou pressão arterial diastólica ≥90 mmHg e/ou uso de anti-hipertensivos. O consumo
de carne vermelha, carne processada e carne total foi estimado por questionário de
frequência alimentar (QFA), desenvolvido e validado para a população do estudo
ELSA-Brasil. O consumo diário (g/dia) foi calculado e posteriormente categorizado em
tercis. Para a categoria carne vermelha foram considerados fígado/miúdos,
bucho/dobradinha, carne de boi com osso (mocotó, costela, rabo), carne de boi sem
osso (bife, carne moída, carne ensopada) e carne de porco. Para a categoria carne
processada foram considerados linguiça/chouriço (salsichão), hambúrguer (bife), frios
light (blanquet, peito de peru, peito de chester), presunto/mortadela/copa/salame/patê
e bacon/toucinho/torresmo. A variável carne total foi calculada pela soma do consumo
de carne vermelha e carne processada. Dados bioquímicos, antropométricos,
socioeconômicos e de estilo de vida foram coletados na linha de base (2008–2010) e
na segunda onda (2012–2014) seguindo o mesmo protocolo em ambas as ondas.
Todos os testes estatísticos foram realizados no software Stata, versão 13.0 e adotado
nível de significância de 5%. Para avaliar o consumo de carne vermelha e processada
e o risco do desenvolvimento de HA, usamos modelos de Cox, para estimar o Hazard Ratio (HR) ajustados e seus intervalos de Confiança 95% (IC95%) usamos o tercil
mais baixo de consumo de carne vermelha e processada como categoria de
referência. Dos 8089 participantes, 42,1% eram homens e 57,9% mulheres, com
média de idade de 49,4 ± 8,2 anos e mais de 56% dos participantes se autodeclararam
brancos. O tempo médio de seguimento dos participantes foi de 3,9 ± 0,4 anos,
totalizando 31.146 pessoas-ano sob risco. Identificou-se 1.186 novos casos de HA
(incidência de 38,08 casos por 1.000 pessoas-ano). Nas análises multivariadas, após
ajustes, não encontramos associação entre o consumo de carne vermelha e HA. No
entanto, para a carne processada, os participantes do tercil mais alto de consumo
apresentaram um risco maior de desenvolver HA (HR ajustado, 1,30; IC95%: 1,11 a
1,53) do que aqueles do tercil mais baixo. Em conclusão, o consumo de carne
vermelha não apresentou impacto negativo na saúde dos participantes, todavia o
consumo de carne processada em nível moderado e alto aumenta o risco de HA e
deve ser desestimulado, por meio de diretrizes dietéticas e políticas públicas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
EFAR
Palavras-chave
Carne vermelha, Produtos da carne, Estudos longitudinais, Hipertensão arterial
Citação
MENDES, Michelle Izabel Ferreira. Consumo de carne vermelha e processada e a incidência de hipertensão arterial: ELSA–Brasil coorte. 2023. 91 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2023.