Brechas sonoras : resistências e recriações. Esgarçando sistemas político-culturais.
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Data
2023
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Resumo
Este artigo tematiza a promoção de brechas sonoras por parte de grupos
subalternizados, entendendo-as como práticas de resistência e de parcial
recriação das condições de existência frente a processos de exploração, espo-
liação e até de aniquilação com que historicamente defrontam-se tais seg-
mentos sociais. Consideramos que as brechas sonoras esgarçam postulados
de legitimação identitária e hierárquica vinculadas a sensibilidades e racio-
nalidades, contribuindo dessa maneira para fissurar a hegemonia de sistemas
político-culturais estabelecidos na modernidade. Sugerimos, como hipótese,
que as brechas sonoras assim procedem mediante uma tríplice operatória: 1)
seu trânsito incessante, dificultando que sejam por completo capitalizadas ou
reificadas; 2) sua imbricação ao sensório e à corporeidade, no acionamento
de epistemologias distintas do uso instrumental; 3) sua invocação a ordens
utópicas do social, através da interligação a cosmologias, ancestralidades etc.
Procedemos, em desdobramento, a uma interpretação de brechas sonoras
efetivadas por povos ameríndios e africanos/afrodescendentes nas terras
de Minas no decorrer dos séculos XVIII e XIX. Em termos teóricos, funda-
mentamos nossa reflexão principalmente no trabalho do historiador jesuíta
Michel de Certeau, que abordando as sonoridades como o “outro” da escritura
ocidental, indicou seu potencial como “artes do fazer” e “táticas” dos fracos.
Descrição
Palavras-chave
Sonoridades, Subalternidade, Michel de Certeau
Citação
BUSCACIO, C. M.; BUARQUE, V. A. de C. Brechas sonoras: resistências e recriações. Esgarçando sistemas político-culturais. El Oído Pensante, out. 2022/mar. 2023. Disponível em: <http://revistascientificas.filo.uba.ar/index.php/oidopensante/article/view/10385/10630>. Acesso em: 01 mar. 2023.