Arte : um acontecimento da verdade em Heidegger.
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2016
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Resumo
O presente trabalho visa esclarecer a relação proposta por Martin Heidegger entre arte e
verdade, tendo por centro as transformações que a noção de verdade sofreu no decorrer do
pensamento deste filósofo. Esta transformação se deve à mudança de abordagem para a
questão do Ser. Assim, apresentamos dentro de uma perspectiva histórico-filosófica o modo
como a noção de verdade foi sendo tratada no escopo deste pensar. Com este propósito,
retomamos a crítica de Heidegger sobre a concepção tradicional de verdade, descrevendo os
passos que o filósofo percorre nas suas obras: Lógica: a pergunta pela verdade (Logik: Die
Frage nach der Wahrheit, 1925/26), e Ser e Tempo (Zeit und sein, 1927). Estas obras
apresentam o movimento de fundar a verdade do enunciado, legada pela tradição metafísica,
em uma verdade mais originária, a alethéia. Com isto, descrevemos a relação entre Ser e
verdade, pois a verdade sendo compreendida enquanto alethéia traz à luz (Holen) o Ser, na
medida em que desvela e revela sentido e significado para o mundo. Este mundo, nas
considerações de 1927, estava ligado às condições existenciais do ser-aí (Dasein). Este
tornou-se o fio condutor da questão proposta em A essência da liberdade humana: introdução
à filosofia (Vom Wesen der menschlichen Freiheit. Einleitung in die Philosophie, 1930) e
Sobre a essência da verdade (Vom Wesen der Wahrheit, 1930). Nestas obras retomamos a
relação proposta entre verdade e liberdade, a fim de pensar acerca da essência da verdade. Em
vista disto, a verdade surge desde uma abertura (Erschlossenheit) originária e esta abertura
em A origem da obra de arte (Der Ursprung des Kunstwerkes, 1935/36) chamou-se de arte.
Aqui, é investigada, finalmente, a relação entre arte e verdade. A arte se institui enquanto um
jogo que, ao mesmo tempo, descobre e encobre o Ser, este jogo nasce do combate (pólemos)
entre duas naturezas distintas, a saber: mundo (Welt) e terra (Erde). Este par revela-se
enquanto essência da obra de arte, que é abrir um mundo. E, para que esta essência pudesse se
configurar, fez-se necessário que Heidegger distanciasse a sua compreensão da concepção
estética. Assim, nos esforçamos por explicitar a crítica de Heidegger a algumas estruturas do
discurso estético. Por fim, tentamos demonstrar como a noção de verdade fora desvirtuada do
movimento de desvelar e velar, ao qual os gregos denominaram de alethéia. Em suma,
procurou-se esclarecer algumas noções de verdade, com o intuito de elucidar a formulação de
que a arte é um acontecer da verdade.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia, Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Arte - filosofia, Martin Heidegger, Verdade e falsidade
Citação
FRANÇA, Karen Milla de Almeida. Arte: um acontecimento da verdade em Heidegger. 2016. 125 f. Dissertação (Mestrado em Estética e Filosofia da Arte) - Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2016.