Efeito do polimorfismo biológico e molecular do Trypanosoma cruzi sobre a resposta imune e as alterações teciduais no coração e cólon de camundongos na fase crônica da infecção.
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Data
2020
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Resumo
Vários fatores atuam na patogênese da doença de Chagas (DCh), alguns são inerentes ao
Trypanosoma cruzi, enquanto outros estão relacionados ao hospedeiro. Estudos demonstram
uma associação entre o desenvolvimento de distintas formas clínicas e o tropismo tecidual de
diferentes linhagens do T. cruzi, apontando o polimorfismo genético como fator crítico para
o prognóstico da doença. Dados prévios do nosso grupo de pesquisa demonstraram que um
isolado da cepa Berenice-78 (Be-78is) tem características histopatológicas semelhantes à
cepa Be-62, bem como parasitemia semelhante à Be-78 parental, na fase aguda da DCh.
Diante disso, esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do polimorfismo biológico e
molecular do T. cruzi sobre o processo inflamatório e as alterações da matriz extracelular no
coração e cólon de camundongos ao longo da fase crônica da infecção experimental. Para
isso 80 camundongos BALB/c foram divididos em quatro grupos experimentais: NI (não
infectados), cepa Be-62, isolado Be-78is e cepa Be-78 parental, os animais foram
eutanasiados aos 90 dias após a infecção (DAI). Os dados obtidos neste trabalho, mostram
que os animais infectados pela cepa Be-78 parental mantiveram a carga parasitária no
coração ao longo da infecção, se comparado aos dados da fase aguda (Nogueira-Paiva, 2015)
no entanto, aos 90DAI, o processo inflamatório, exuberante na fase aguda foi capaz de gerar
dano tecidual reparado com uma discreta fibrose, sugerindo na fase crônica recente, uma
situação de equilíbrio entre parasito-hospedeiro, que pode estar relacionada à presença de
amastigotas quiescentes, incapazes de gerar estímulo antigênico necessário à inflamação,
portanto, “protegidas” do efeito citotóxico da resposta imune celular. Em contrapartida, os
animais infectados pelo isolado Be-78is apresentavam um histotropismo preferencial para o
cólon e uma resposta imune aparentemente controlada no coração, demonstraram, aos
90DAI, neste órgão, carga parasitária maior que a observada na fase aguda (Nogueira-Paiva,
2015) que embora, inferior em relação à cepa parental, acompanhada de processo
inflamatório que foi importante no controle do parasitismo tecidual. Em detrimento do
processo inflamatório sustentado na fase crônica, nenhuma alteração na expressão de
laminina e conexina 43 foi observado nos animais infectados em relação os animais não
infectados, o que pode estar relacionado ao aumento da citocina IL-10 encontrado nos
animais infectados pelo isolado Be-78is que foi capaz de imunomodular o efeito citotóxico
da resposta inflamatória. Assim, podemos concluir que no coração, o isolado Be-78is parece
apresentar um perfil atrasado em relação à cepa Be-78 parental, podendo estar relacionado a
uma patogenicidade inferior ou até mesmo por apresentar uma infecção mais silenciosa, sendo necessárias análises mais tardias que poderiam evidencia melhor as lesões causadas
nos casos clínicos na DCh.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Trypanosoma cruzi, Poliformismo - genética, Doença de Chagas, Moléculas
Citação
DUARTE, Thays Helena Chaves. Efeito do polimorfismo biológico e molecular do Trypanosoma cruzi sobre a resposta imune e as alterações teciduais no coração e cólon de camundongos na fase crônica da infecção. 2020. 76 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2020.