Perfil leucocitário sistêmico e lesões no trato gastrointestinal de camundongos infectados experimentalmente pelo Trypanosoma cruzi por via oral.
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Data
2019
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Resumo
A Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é endêmica em quase
todos os países da América Latina. No Brasil, a transmissão por via vetorial e
transfusional foi controlada pela vigilância epidemiológica, tornando a infecção pela via
oral o principal mecanismo de transmissão da doença no país. O trato gastrointestinal é a
porta de entrada para o parasito por essa via de infecção, no entanto, pouco se sabe sobre o
envolvimento desses órgãos e do perfil parasitológico e imunopatológico frente à via oral.
Diante nisso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil leococitário sistêmico e as
alterações histopatológicas no trato gastrointestinal de camundongos infectados pela via
oral com a cepa Berenice-78 do T. cruzi nas fases aguda e crônica. Para isso, 140
camundongos Swiss foram distribuídos em três grupos experimentais: controle não
infectado; infectados por via intraperitoneal (VIP); infectados por via oral (VO). Esses
animais foram inoculados com 1x105
formas tripomastigotas metacíclicas provenientes de
culturas acelulares por gavagem (VO) ou por via intraperitoneal (VIP). Quatro animais de
cada grupo foram eutanásia dos nos dias 14, 21, 28, 35, 42 e 180 após a infecção (DAI),
sendo coletados fragmentos do estômago, duodeno e cólon. Foram então analisados ou
quantificados a curva de parasitemia e a taxa de sobrevida; a fenotipagem de células
mononucleares (monócitos, linfócitos T CD4+
, T CD8+
e B) do sangue periférico por
citometria de fluxo; o parasitismo tecidual por meio da técnica de PCR em tempo real; o
processo inflamatório, empregando a coloração de Hematoxilina & Eosina e a
neoformação de colágeno, empregando a coloração de Tricrômico de Masson. O grupo
VIP apresentou pico de parasitemia no 24º DAI (530.754 tripomastigotas/0,1 ml de
sangue), e o grupo VO mostrou pico de parasitemia um pouco maior, também no 24º DAI
(628.085 tripomastigotas/0,1 ml de sangue). A taxa de sobrevida dos animais infectados
por via oral foi de 47,63%, já o grupo VIP apresentou uma sobrevida de 87,75%. Quanto à
resposta imune, observou-se uma redução no percentual de monócitos já no 14º DAI no
grupo VO enquanto que no VIP não houve alterações em seus percentuais. Com relação
aos linfócitos, foi observada uma redução mais precoce dos linfócitos T CD4+
e dos
linfócitos B do sangue periférico dos animais do grupo VO em comparação com o grupo
VIP. Já os linfócitos T CD8+
aumentaram a partir do 21º DAI tanto no grupo VIP quanto
no VO. O parasitismo tecidual mostrou-se aumentado no grupo VO no 28º DAI no
estômago, duodeno e colón quando comparado a grupo VIP. Em relação ao infiltrado
inflamatório, no estômago foi observado um aumento no 28ºDAI em ambos os grupos
infectados. Já no duodeno esse aumento só ocorreu no grupo VO, e no cólon, não se
observa diferenças significativas entre o número de células inflamatórias ao longo da
infecção nos animais do grupo VO. Não foram observadas diferenças significativas quanto
à neoformação de colágeno. Diante disso, estes dados sugerem que a infecção oral possui
um distinto perfil de resposta parasitológica e imunopatológica em comparação com a via
intraperitoneal, sendo que a via oral apresentou um maior parasitismo tecidual nos órgãos
do trato gastrointestinal avaliados durante a fase aguda.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Doença de Chagas, Infecção, Trypanosoma cruzi
Citação
CARVALHO, Lívia Mendes. Perfil leucocitário sistêmico e lesões no trato gastrointestinal de camundongos infectados experimentalmente pelo Trypanosoma cruzi por via oral. 2019. 57 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.