Ferramentas moleculares aplicadas à caracterização da microbiota vaginal de mulheres no climatério.

Abstract

O climatério é definido como o período na vida da mulher que compreende a transição entre a fase reprodutiva e não reprodutiva, que é acompanhada por diversas mudanças fisiológicas e corporais que impactam tanto na saúde como na qualidade de vida das mulheres. Dentre as

alterações que recentemente vem recebendo grande atenção da comunidade científica destaca- se a composição da microbiota vaginal, que parece estar diretamente relacionada a saúde

vaginal, de forma que a ocorrência de disbiose parecem explicar, pelo menos em parte quadros de vaginoses, vaginites, infecções sexualmente transmissíveis e câncer cervical. Assim, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar a microbiota vaginal de mulheres no climatério e o papel das espécies predominantes na manutenção da comunidade e na saúde da mulher, para atingir isso os objetivos específicos foi construída e caracterizada uma coorte de mulheres no climatério; avaliou-se o gênero Lactobacillus e o Clostridium como marcadores do estado de saúde e doença vaginal; e foi realizada a caracterização a microbiota vaginal utilizando o sequenciamento de nova geração e investigar o potencial probióticos das espécies e seu papel nos quadros de disbiose Foram avaliadas uma coorte de 98 mulheres com idades entre 40 a 65 anos; classificadas em três grupos seguindo os critérios de STRAW+10 (reprodutivo, transição menopausal e pós menopausa). Foram realizadas entrevistas, coleta de sangue e swab de material vaginal. A microbiota foi avaliada por qPCR para os gêneros Lactobacillus e Clostridium. Deste conjunto inicial, foram selecionadas 66 amostras vaginais para análise por sequenciamento metagenômico. Nossos resultados evidenciaram que o grupo reprodutivo (n=20) é o de menor ocorrência de sintomas enquanto a transição menopausal (n=21) apresentou maior frequência e intensidade de sintomas. Vale ressaltar que nas fases transição menopausal (n=21) e pós-menopausa(n=57), os sintomas psicológicos e urogenitais foram classificados como intensos, sendo os sintomas urogenitais de maior ocorrência na pós menopausa. Os resultados das análises de qPCR mostraram que esse método é eficaz para avaliação de disbiose e que gênero Lactobacillus é um bom marcador de saúde vaginal. A partir da abordagem metagenômica de análise da composição da microbiota vaginal, verificamos um predomínio de Lactobacillus iners nas mulheres climatéricas. Em conjunto concluímos que as mulheres climatéricas apresentam grande ocorrência de disbiose, o que pode explicar, pelo menos em parte os sintomas e as “queixas” das mulheres e que o L. iners pode ser considerado um biomarcador de microbiota de transição entre saudável e disbiose.