Anatomia da saliência de Paracatu na província mineral de Vazante, Cinturão de Antepaís da Faixa Brasília, Brasil Central.
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Data
2023
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Resumo
Os cinturões de dobras e falhas correspondem aos componentes tectônicos mais notáveis das
porções externas dos sistemas orogênicos. Ocupando o setor mais externo desses componentes, os
cinturões de antepaís comumente exibem sistemas de curvas orogênicas que evoluem sob a influência
de diferentes fatores geológicos e cuja origem tem sido intensamente debatida ao longo das últimas
décadas. No entanto, muitos aspectos de seus mecanismos de controle ainda não estão claros. Neste
estudo, investigamos a anatomia e a evolução tectônica da Saliência de Paracatu, hospedeira de Pb-Zn,
do cinturão de dobras e falhas de antepaís da Faixa Brasília, Brasil Central. A saliência (isto é, a curva
de visualização em mapa com formato côncavo para o antepaís) ocupa a porção externa do Cinturão
Brasília Brasiliano/Pan-Africano e evoluiu durante a montagem Ediacarana-Cambriana Gondwana
Ocidental. Suas estruturas afetam principalmente o Grupo Vazante composto por rochas siliciclásticas
e dolomitícas neoproterozóico e, localmente, os grupos Meso a Neoproterozóico Canastra e Paranoá e
o Grupo Ediacarano-Cambriano Bambuí. Visando entender sua arquitetura e contribuir com o estudo
das curvas orogênicas, realizamos uma análise estrutural detalhada com base em novas informações de
superfície/subsuperfície e revisão da literatura. A Saliência de Paracatu é uma curva antitaxial
assimétrica, com tendência NS, de 180 km de comprimento e 60 km de largura, com traços estruturais
fortemente convergindo para seus pontos finais. Três grandes conjuntos de estruturas foram
identificados na área saliente: i) pré-orogênica, ii) contracional progressiva e iii) extensional tardia. As
estruturas pré-orogênicas compreendem principalmente falhas normais de direção NW a ENE que
nuclearam durante a evolução Proterozóica do Pirapora Aulacogeno, limitado pelos altos do
embasamento de Januária e Sete Lagoas ao norte e ao sul, respectivamente. As estruturas contracionais,
principais estruturas da saliência, foram formadas sob um único transporte tectônico dirigido por ENE
e compõem um sistema de zonas de cisalhamento e dobras associadas a um descolamento basal
localizado no contato com o subjacente Grupo Paranoá dominado por arenitos e que atinge sua
profundidade máxima próximo à culminância saliente. Na visualização em mapa, essas estruturas
seguem a direção NS na Saliência de Paracatu, curvando-se progressivamente em direção NW e NE ao
norte e ao sul, respectivamente. Dobras de direção NW e WNW e outros elementos de contração frágil
a frágil-dúctil afetam estruturas de primeira ordem da saliência e foram formadas no episódio de
contração tardio. Nossa análise indica que a saliência foi formada como uma curva controlada pela bacia
devido a mudanças de espessura ao longo do curso nos estratos pré-deformacionais e contrastes
reológicos pré-existentes e provavelmente evoluiu para um arco progressivo controlado pela interação
com os altos do embasamento de Januária e Sete Lagoas a oeste durante sua propagação em direção ao
antepaís. Falhas normais e transcorrentes foram formadas em um episódio extensional tardio mostrando
um σ3 sub-horizontal com tendência NE e um σ1 vertical. Essas falhas deslocam corpos de minério de Zn-Pb por até dezenas de metros nas porções central e norte da saliência, no entanto, a etapa de
precipitação das mineralizações ainda é incerta, pela ausência de minerais datáveis.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geologia estrutural, Geofísica, Métodos sísmicos
Citação
ARRUDA, Jessica Alcântara Azevedo Cavalcanti de. Anatomia da saliência de Paracatu na província mineral de Vazante, Cinturão de Antepaís da Faixa Brasília, Brasil Central. 2023. 199 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2023.