Contribuições sobre a dispersão de minerais ferrosos e evolução morfossedimentar da porção Nordeste do médio curso do rio Paraopeba, borda Oeste do Quadrilátero Ferrífero, MG.
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2017
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Resumo
A mineração no Quadrilátero Ferrífero remonta ao século XVII. Essa atividade, apesar de importante para o desenvolvimento regional, é geradora de diversos impactos ambientais negativos, principalmente relacionados aos recursos hídricos. Com o fortalecimento das leis ambientais e consequente rigidez da fiscalização dos empreendimentos, foram elaboradas alternativas para minimizar os referidos impactos. Dentre as alternativas, a construção das barragens de rejeito e bacias de contenção de sedimentos tornou-se uma solução para frear o assoreamento dos cursos fluviais a jusante das cavas de mineração. Entretanto, a forte ascensão da produção do minério de ferro vivenciada nos últimos anos tem ultrapassado a capacidade de retenção dessas, sendo possível inferir que o material excedente esteja alcançando os rios. Este trabalho apresenta dados sobre a dispersão natural e antrópica de minerais ferrosos nos sedimentos aluviais das sub-bacias dos ribeirões Casa Branca e Piedade, importantes afluentes da margem direita do médio rio Paraopeba. Mediante análises composicionais dos sedimentos de assoalho de canais e depósitos aluviais mais antigos foi possível realizar comparações temporais do aporte de minerais ferrosos. Adicionalmente, por meio de levantamentos estratigráficos, estudos de proveniência sedimentar e obtenção de idades de deposição foi possível elucidar importantes informações a respeito da evolução morfossedimentar da área. Dentre os cinco pontos estudados, três apresentaram fácies de canal (Gt) associadas às de fluxos de detritos (Gmm) e fluxo em lençol (Gh). Por meio da análise de proveniência sedimentar das referidas fácies, pelo método U-Pb, foram identificados espectros de idades congruentes com os existentes na literatura para as Formações Moeda e Cauê, sugerindo a serra homônima como área-fonte dos pacotes sedimentares analisados. Estes dados enfraquecem a hipótese de que o conteúdo ferruginoso dos depósitos provenha de porções ferralitizadas da paleomorfologia do Complexo Bonfim. Os dados referentes aos sedimentos do leito atual indicam a mesma proveniência, mostrando que os cursos atuais constituem um análogo encaixado dos paleocanais. As idades de deposição obtidas por luminescência opticamente estimulada e a posição topográfica dos depósitos revelam altas taxas de incisão fluvial. Embora altos, os valores são compatíveis com aqueles encontrados em outros cursos fluviais do Quadrilátero Ferrífero, o que sugere confiabilidade das idades e necessidade de estudos integradores mais aprofundados. Os dados aqui obtidos corroboram a hipótese de que a periferia oriental do Complexo Bonfim tenha sido dominada por um sistema de leques aluviais, cujos resquícios se encontram preservados nos atuais topos de morro. A identificação de fácies de rios entrelaçados inseridas no contexto de leques aluviais foi fundamental para a execução deste trabalho, já que a identificação de terraços na área é comprometida provavelmente pela alta velocidade da incisão fluvial. As análises composicionais das frações cascalho e areia muito grossa apontaram quantidades anômalas de ferro nos sedimentos da atual calha dos rios, o que pode ser atribuído à instalação das mineradoras a montante.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Sedimentos - geologia, Mineração - impacto ambiental, Sedimentos fluviais, Geomorfologia ambiental
Citação
LOPES, Fabrício Antonio. Contribuições sobre a dispersão de minerais ferrosos e evolução morfossedimentar da porção Nordeste do médio curso do rio Paraopeba, borda Oeste do Quadrilátero Ferrífero, MG. 2017. 117 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.