Hannah Arendt e a apropriação do juízo de gosto Kantiano.
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Data
2014
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Resumo
Esta dissertação tem como objetivo apresentar o caráter apropriativo do Juízo de gosto
kantiano feito por Hannah Arendt para uma possível reabilitação do sentido da política na
atualidade. A estratégia da analogia permite a Arendt distanciar-se da leitura fiel aos
princípios dos textos de Immanuel Kant para assim empreender uma interpretação de cunho
hermenêutico voltada para questões de natureza política. Não obstante a autora priorizar a
Analítica do Belo, por pressupor aí encontrar uma verdadeira filosofia política que Kant não
escreveu, ainda assim ela decompõe e analisa as obras de Kant em seu conjunto, não
desconsiderando ou negligenciando seus elementos transcendentais. Tendo vivenciado
momentos catastróficos, no contexto histórico-político do século XX, tais acontecimentos
despertam a preocupação de Arendt para a questão do pensamento e do julgamento, o que a
faz buscar na tradição filosófico-política os preceitos fundantes de sua teoria política. Assim
Arendt terá como referência alguns pensadores, destacando Kant, o qual considera um
filósofo exemplar, posto que seus empreendimentos votaram-se à faculdade do julgar por
meio do alargamento do espectro do pensamento. Tendo em vista a interpretação apropriativa
da letra de Kant em sentido político, no decorrer do trabalho, explicitamos o percurso de
leitura de Arendt que redimensiona as relações entre filosofia teórica e filosofia prática e
reabilita a esfera da sensibilidade vinculada ao julgamento e à sua comunicabilidade. Para
tanto, destacamos sinteticamente as teorias do juízo nas três Críticas, a fim de situar o modo
como Arendt se dedica a analisar a faculdade humana de julgar, sua relação com a
sensibilidade e suas implicações para os eventos políticos. Na sequência, dedicamo-nos à
análise da obra arendtiana Lições sobre a filosofia política de Kant, que contém o esboço e as
linhas fundamentais da referida apropriação. Nossas considerações conclusivas pautaram-se
pela compreensão de que o estilo de pensamento deliberado e criativo de Arendt constitui,
inegavelmente, uma via de acesso intelectual às questões de âmbito político por meio da
estética kantiana, sem comprometer a filosofia de Kant.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia, Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Ciência política - filosofia, Juizo - estetica, Immanuel Kant - 1724-1804, Analogia
Citação
SILVA, Luciney Sebastião da. Hannah Arendt e a apropriação do juízo de gosto Kantiano. 2014. 155 f. Dissertação (Mestrado em Estética e Filosofia da Arte) - Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2014.