Participação dos receptores muscarínicos centrais na forma nervosa da doença de chagas em camundongos infectados pela cepa colombiana de Trypanosoma cruzi.

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Data
2018
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Resumo
A forma clínica nervosa na doença de Chagas (DCh) foi sempre pouco compreendida. Suas manifestações são consequências do comprometimento do Sistema Nervoso Central (SNC) caracterizada por encefalite focal com acúmulo de células da glia e linfócitos na substância branca, e presença de parasitos no SNC, responsáveis pelos sinais clínicos observados. A maioria dos pacientes que apresentam manifestações nervosas na fase aguda são crianças com menos de 2 anos de idade e casos congênitos, entretanto há relatos em adultos imunossuprimidos. Estudos em camundongos revelam que células da glia, astrócitos e raramente neurônios são infectados. A encefalite chagásica, invariavelmente associada à miocardite chagásica aguda, é responsável pela alta taxa de mortalidade e gravidade das formas nervosa e cardíaca agudas sintomáticas. Trabalhos recentes relatam o comprometimento das funções colinérgicas cardíacas em ratos com Dch crônica, envolvendo receptores muscarínicos (mAChR), associados a vários eventos fisiológicos, incluindo a cardiopatia. Aqui o modelo murino foi infectado com a cepa Colombiana, vias intracerebroventricular (icv) e intraperitoneal (ip), imunossuprimido ou não, tratado ou não previamente com o agonista (carbacol) e o antagonista (atroponia) dos receptores colinérgicos com o intuito de investigar a evolução da infecção e o papel dos receptores colinérgicos muscarínicos na infecção e lesões cerebrais. Controles salina e não infectado (CNI) foram avaliados. Os animais foram avaliados 15 d.p.i (grupos não imunossuprimido e imunossuprimido), e 30 d.p.i (grupo não imunossuprimido) por métodos parasitológicos (curva de parasitemia, hemocultura e PCR), imunológico (ELISA) e histologia do cérebro. Os animais foram ainda avaliados quanto ao estado de ansiedade e atividade locomotora por testes comportamentais (Labirinto em Zero elevado e Rotarod). Não foi observada parasitemia patente nos animais infectados pela via ip, independente da imunossupressão. A imunossupressão favoreceu a parasitemia patente, e o bloqueio da via colinérgica muscarínica (atropina+icv) favoreceu o processo de infecção nos animais, demonstrada pelo elevado nível de parasitemia quando comparados aos animais tratados com carcabol (agonista). O grupo infectado via ip não apresentou sinais de infecção das meninges/encefalopatia, independentemente da imunosupressão. Meningite reativa e aumento da celularidade foram vistas em animais inoculados com solução salina via icv, porém mais discretas que em animais não imunossuprimidos. No cérebro do grupo infectado via icv houve lesões com maior celularidade e sinais discretos de degeneração celular, além da presença frequente de ninhos íntegros de parasitos e meningite, diferentemente dos animais infectados via ip que não apresentaram infecção e lesões. No grupo atropina+icv, todas as áreas do cérebro foram parasitadas, associadas a alterações degenerativas do parênquima, como necrose periventricular da base do ventrículo, áreas de degeneração cortical e edema. No entanto, nos animais do grupo carbacol+icv, foi encontrada meningite mais discreta, ausência de parasitos e o córtex estava mais preservado do que no grupo atropina+icv. Animais infectados via icv apresentaram coordenação motora comprometida em comparação com os animais infectados pela via ip e CNI. Nos animais que tiveram o mAChR modulado foi observado que o grupo bloqueado apresentou maior comprometimento da coordenação do que os animais ativados. A infecção via icv se mostrou um bom modelo para estudar DCh nervosa. A via colinérgica muscarínica pareceu estar envolvida no processo de infecção e seu bloqueio favoreceu sua evolução e as lesões consequentes.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Doenças de Chagas nervosa, Imunosupressão, Lesões cerebrais
Citação
ASSIS, Gabriela Maíra Pereira de. Participação dos receptores muscarínicos centrais na forma nervosa da doença de chagas em camundongos infectados pela cepa colombiana de Trypanosoma cruzi. 2018. 140 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.