Resistência à insulina e fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade em escolares de Nova Era - MG.
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Data
2010
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
A obesidade se tornou um dos principais problemas de saúde pública, sendo atualmente considerada como epidemia global pela World Health Organization (WHO). Esta afecção, inicialmente limitada aos adultos, tem se expandido rapidamente na faixa etária pediátrica. A obesidade infantil é uma questão de interesse por ser fator de risco associado ao aumento da morbi-mortalidade por Doenças Cardiovasculares (DCV) e outras condições crônicas na vida adulta que reduzem a qualidade de vida. Por outro lado, o excesso de adiposidade, especialmente na região abdominal, parece ser um gatilho importante para o desencadeamento de Resistência à Insulina (RI) e complicações metabólicas como dislipidemia, Hipertensão Arterial (HA) e alterações glicêmicas. Embora não apresentem doença aterosclerótica franca, as crianças obesas apresentam este perfil de risco cardiovascular compatível com seu desenvolvimento precoce. Desde 2004, em estudos de avaliação antropométrica realizados com escolares de Nova Era – MG, constatou-se que o sobrepeso e a obesidade superam os índices de baixo peso. Diante deste quadro, o objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de obesidade e sua associação com a RI e fatores clínicos, nutricionais e bioquímicos de risco cardiovascular em escolares de Nova Era – MG, com a finalidade de subsidiar o planejamento de ações de saúde pública na região. Realizou-se inquérito descritivo populacional e, posteriormente, estudo epidemiológico observacional do tipo caso-controle pareado, duplo-mascarado com escolares de 6 a 10 anos, matriculados nas seis escolas da rede municipal de ensino de Nova Era - MG. O grupo caso foi composto por 65 escolares obesos, pareados com 130 escolares eutróficos, selecionados por amostragem aleatória estratificada, que constituíram o grupo controle. Os critérios de pareamento foram sexo, idade e escola, sendo que para cada caso foram selecionados 02 controles. Na primeira etapa, foram mensurados estatura e peso dos 1027 escolares de ambos os sexos, para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e verificação da prevalência de obesidade na população. Na segunda etapa foram definidos como casos os portadores de obesidade, ou seja, escolares com escore-z do indicador IMC/idade > +2 e como eutróficos, escolares com indicador IMC/idade no Resistência à insulina e fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade em Nova Era intervalo – 1 < escore –z < +1. Foram mensuradas variáveis antropométricas, clínicas, bioquímicas, hemodinâmicas, nutricionais, comportamentais e de composição corporal. Averiguou-se também a ocorrência de Síndrome Metabólica primeiramente sem considerar o índice Homeostasis Model Assessment for Insuline Resistance (HOMA-IR) como um dos critérios para sua definição e, posteriormente, verificou-se a frequência de SM incluindo-o entre os critérios. Investigou-se a freqüência de fatores de risco cardiovasculares acumulados. Visto que o IMC foi utilizado como método referência neste estudo, verificouse a capacidade preditiva dos outros métodos de avaliação da obesidade empregados e observou-se que a CC apresentou maior sensibilidade (80%), especificidade (98,4%), VPP (96,0%), VPN (90,9%) e Youden (0,78). A CC também mostrou o melhor desempenho em relação ao IMC na análise de correlação de Spearman (0,90). Entre os resultados observados, verificou-se que escolares hipertensos possuiam chance 4 vezes maior de serem obesos, quando a pressão arterial foi aferida pelo aparelho Doppler (p<0,01). O perfil lipídico mostrou-se associado à obesidade tendo revelado chances 2,4 e 2,6 vezes maiores de indivíduos que apresentarem níveis séricos elevados de TG e LDL-c, respectivamente (p< 0,01; p< 0,05), serem obesos. Constatou-se 5,5 vezes maior chance de indivíduos cujos níveis séricos de proteína C-reativa estejam elevados serem obesos (p<0,001). No que concerne à glicemia e insulinemia, os casos foram mais hiperinsulinêmicos que os controles (OR =10,7; p< 0,01) e também mais resistentes à insulina (OR = 9,3; p<0,001). Verificouse que as variáveis que apresentaram associação independente com a obesidade foram: RI avaliada pelo HOMA-IR (OR = 6,7; p=0,001), PCR (OR = 4,9; p<0,001), LDL-c (OR = 2,8; p <0,01) e TG (OR = 2,2; p <0,05). A freqüência de escolares obesos com SM foi de 6,6% e quando o índice HOMA-IR foi incluído nos critérios de definição, este percentual aumentou para 8,7%. Na análise dos fatores de risco cardiovasculares acumulados, entre as crianças eutróficas, 27,6% não apresentaram nenhum dos fatores de risco avaliados, 38,2 % possuíam 1 fator e 34,1% apresentaram de 2 a 4 fatores acumulados e entre os obesos, verificou-se que 3,3% não possuíam nenhum destes fatores de risco; 26,7% apresentaram 1 fator; 56,7% possuíam de 2 a 4 fatores e 13,3% apresentaram mais de 4 fatores acumulados. Os achados deste estudo reforçam a importância da implementação de medidas preventivas ainda na infância, no que se refere à aquisição de hábitos alimentares Resistência à insulina e fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade em Nova Era saudáveis e prática regular de atividades físicas, a fim de se modificar a tendência atual de precocidade no desenvolvimento de complicações metabólicas que contribuem para a morte prematura por doenças cardiovasculares.
Descrição
Palavras-chave
Obesidade infantil - Nova Era - Minas Gerais, Resistência à insulina, Antropometria, Inflamação, Bioquímica
Citação
SANTOS, P. M. dos. Resistência à insulina e fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade em escolares de Nova Era - MG. 2010. 168 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010.