Processos fossildiagenéticos de restos de mamíferos quaternários coletados em cavernas carbonáticas de Minas Gerais e Bahia.
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Data
2023
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Resumo
Restos quaternários coletados em cavernas carbonáticas apresentam diversas características
fossildiagenéticas em função da morfologia e composição dos ossos, de seu eventual retrabalhamento e
das condições ambientais específicas do local de deposição e/ou soterramento. No caso de ossos e dentes
de vertebrados, seis processos diagenéticos que atuam na preservação das partes duras dos organismos
são reconhecidos: incrustação, permineralização, substituição, recristalização, mumificação e moldes e
contramoldes. A identificação dos modos de fossilização visa contribuir para o entendimento das etapas
tafonômicas e os aspectos paleoambientais do local de soterramento. Esses processos, geralmente
identificados com base em análises macroscópicas, contribuem em pesquisas bioestratinômicas e
ambientais. Porém, maioria das vezes, apenas descrições macroscópicas podem não ser suficientes para
determinar o grau de preservação de um osso em uma determinada caverna, sendo poucos os trabalhos
paleontológicos que utilizam análises de detalhe para um melhor entendimento dos processos de
fossilização. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo principal analisar as feições
fossildiagenéticas em restos de vertebrados quaternários encontrados em diferentes cavernas calcárias
de Minas Gerais e Bahia. Para tal, foram descritas 40 lâminas de ossos e dentes em microscópio óptico,
das quais, 19 foram avaliadas em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) acoplado a
Espectroscópio de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX). Adicionalmente, 17 amostras foram
analisadas em Difratômetro de Raios-X (DRX), e 10 em Espectrômetro de Emissão Óptica por Plasma
Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Enquanto as análises macroscópicas permitiram a caracterização
de apenas três processos fossildiagenéticos (i.e., incrustação, permineralização e substituição), as demais
análises demonstraram que, além dos processos citados, também ocorreu a recristalização dos restos de
vertebrados. Esses processos compartilharam materiais/minerais que incluíram: calcita, aragonita,
dolomita, argilominerais, óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês, intraclastos e extraclastos.
Microscopicamente, incrustação foi sem dúvida, o processo mais comum, seguido da permineralização.
Ambos os processos são poligenéticos, com diferentes minerais, como calcita, aragonita, dolomita e
óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês (precipitação química) e materiais, como argilominerais,
intraclastos e extraclastos (infiltração mecânica de argilas e agregação de partículas) formando camadas
sobrepostas de espessuras e continuidades variadas. Algumas dessas camadas, em especial as
carbonáticas, semelhantes às formadas em espeleotemas, incluíram a precipitação de aragonita acicular
na forma de leques. Já a substituição, ocorreu do mosaico fino calcita por dolomita e a recristalização
foi observada nos ossos, com a hidroxiapatita, que sofreu um incremento da razão Ca/P. Desse modo,
os resultados demostraram a grande importância da inclusão de análises mais detalhadas nos estudos
fossildiagenéticos, já que somente análises macroscópicas podem não ser suficientes para se avaliar a
quantidade de minerais e materiais presentes no processo de fossilização, se determinada amostra trata-se efetivamente de um fóssil ou até mesmo determinar seu grau de preservação.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geociências, Análise microscópica, Fossilização - incrustação, Fossilização - permineralização, Fossilização - substituição
Citação
FERNANDES, Ingrid. Processos fossildiagenéticos de restos de mamíferos quaternários coletados em cavernas carbonáticas de Minas Gerais e Bahia. 2023. 76 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2023.