Perfis de inflamação e citocinas no esôfago de cães experimentalmente infectados pelo Trypanosoma cruzi se relacionam à fase da infecção e/ou cepa utilizada.
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2011
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Resumo
O Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, apresenta ampla variabilidade intra-específica e sua interação com o hospedeiro pode resultar no desenvolvimento de diferentes manifestações clínicas, que podem ser relacionadas a determinadas características do parasito e do hospedeiro. Em relação ao hospedeiro, fatores genéticos e imunológicos também podem se relacionar às manifestações patológicas. Dessa maneira a avaliação do perfil de células inflamatórias, bem como de citocinas produzidas por estas, podem permitir uma melhor compreensão da gênese das lesões crônicas, determinando quais fatores direcionam para as distintas formas clínicas da doença. Nesse trabalho, cães da raça Beagle foram infectados pelas cepas Y ou Berenice-78 (Be-78), que apresentam tropismo tecidual distinto. Posteriormente estes animais foram necropsiados durante as fases aguda (30 dias após infecção) ou crônica (730 dias após infecção) da doença de Chagas experimental e fragmentos do esôfago foram coletados para quantificação do processo inflamatório, realização de reações imuno-histoquímicas (linfócitos T CD4+ e CD8+) e de PCR em tempo real para quantificação das citocinas IL-6, IL-12, TNF-, IFN-, IL-4, IL-10, TGF-e iNOS. Na fase aguda o processo inflamatório foi predominantemente mononuclear, significativamente maior nos animais infectados quando comparado aos animais não infectados, com distribuição focal ou difusa nos animais infectados pelas cepas Y e Be- 78, respectivamente. Na avaliação imuno-histoquímica, nos cortes histológicos dos animais infectados pelas cepas Y ou Be-78, a maioria das células inflamatórias foram positivas para linfócitos T CD4+ ou CD8+ sendo observados em proporções semelhantes. Entretanto, na fase crônica, o infiltrado inflamatório mostrou-se focal e reduzido em relação à fase aguda, sendo observado apenas nos animais infectados pela cepa Be-78, constituído predominantemente por linfócitos e também com proporções semelhantes das subpopulações de células T. Na fase aguda da infecção também foi observado um aumento na expressão do mRNA das citocinas pró-inflamatórias TNF-e IFN-nos animais infectados pela cepa Y do T. cruzi em relação aos demais grupos. Já na fase crônica houve um aumento na expressão do mRNA das citocinas IL-6, IL-12 e TNF-e da enzima iNOSnos animais infectados pela cepa Be-78 tanto em relação ao grupo de animais infectados pela cepa Y quanto ao grupo de animais não-infectados. Em relação às citocinas anti-inflamatórias, observou-se um aumento significativo apenas na expressão do mRNA da IL-10 nos animais infectados pela cepa Y em relação ao grupo de animais não-infectados na fase aguda. Na fase crônica da infecção não foi observado aumento de nenhuma das citocinas anti-inflamatórias avaliadas nesse trabalho em ambos os grupos infectados. Portanto, conclui-se que a infecção experimental de cães da raça Beagle pelas cepas Y ou Be-78 do T. cruzi promove uma resposta inflamatória aguda, predominantemente linfocítica com proporções similares de linfócitos TCD4+ e TCD8+ restrita, na fase crônica, à infecção pela cepa Be-78. Além disso, foi observado um perfil distinto de citocinas, sendo que nos animais infectados pela cepa Y a inflamação focal aguda está associada à expressão de citocinas próinflamatórias, enquanto que nos animais infectados pela cepa Be-78 a inflamação difusa aguda não está associada à expressão de citocinas pró-inflamatórias, mas evolui para uma inflamação focal crônica associada à expressão destas citocinas, bem como da enzima iNOS.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Doença de Chagas, Esôfago, Citocinas, Trypanosoma cruzi
Citação
FONSECA, K. da S. Perfis de inflamação e citocinas no esôfago de cães experimentalmente infectados pelo Trypanosoma cruzi se relacionam à fase da infecção e/ou cepa utilizada. 2011. 69 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2011.