Aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais de pacientes com infecção ou doença de Chagas do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha – MG, após nove anos do tratamento específico com benzonidazol.
Data
2007
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
A cura parasitológica e clínica da doença de Chagas em pacientes tratados na fase crônica é de avaliação complexa e quando observada, ocorre tardiamente especialmente nos tratados na fase crônica. A definição da cura envolve o emprego de vários exames clínicos e laboratoriais que necessitam ser repetidos por um período longo de observação. O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação epidemiológica, clínica e laboratorial, antes e nove anos depois do tratamento etiológico com benzonidazol, de pacientes com infecção chagásica crônica e apresentando diferentes formas clínicas da doença. Trinta e um pacientes tratados em 1997 foram avaliados, epidemiológica, clínica (anamnesis, exame físico, ECG, RX de tórax) e laboratorialmente [hemocultura, PCR, sorologia convencional (ELISA, HAI) e não convencional (pesquisa de anticorpos anti-tripomastigota vivo (AATV)]. Foi constatada melhoria das condições de moradia de 51,7% dos pacientes. Do total de pacientes, 77,4% reconheceram os triatomíneos vetores da doença de Chagas e 70,9% deles possuem algum parente vivo com doença de Chagas ou que tenha tido esta doença como causa “mortis”. Dos pacientes tratados na forma indeterminada da doença, 95,5% (21/22) se mantiveram na forma indeterminada e somente 4,5% (4/31) do total dos pacientes apresentaram evolução clínica. Dos cinco pacientes tratados que apresentavam inicialmente alguma forma clínica, três evoluíram clinicamente e dois permaneceram clinicamente estáveis. Pós-tratamento, a hemocultura foi positiva em 9,6% (3/31) dos casos sendo todos sintomáticos; a PCR foi positiva em 40% (12/30), negativa em 16,6% (5/30) e oscilante em 43,4% (13/30) dos pacientes; as sorologias convencional e não convencional, foram positivas em todas as amostras. A reação de ELISA semiquantitativa comparada entre as amostras de soro de 18/31 pacientes obtidas antes e nove anos pós-tratamento, apresentou queda sorológica significativa (p<0,05) dos níveis de anticorpos nos pacientes que receberam tratamento na forma indeterminada da doença. Não foi observada alteração significativa dos níveis de anticorpos em pacientes que antes do tratamento apresentaram alterações eletrocardiográficas ou radiológicas compatíveis com doença de Chagas. Não foi observada mudança significativa na pesquisa de anticorpos anti-tripomastigota vivo avaliada pela reação de citometria de fluxo, sete e nove anos após o tratamento. Foi demonstrado pela reação de ELISA semiquantitativa que a diluição de soro 1:320 foi melhor para discriminar a queda sorológica de anticorpos IgG anti-Trypanosoma cruzi em pacientes tratados com benzonidazol. A variação de absorvância medida antes e nove anos após tratamento confirmou que essa diluição foi melhor para avaliação precoce da eficácia terapêutica na doença de Chagas. Embora as avaliações laboratoriais não tenham revelado nenhuma cura parasitológica, cinco pacientes apresentaram dados laboratoriais (PCR e hemocultura negativas e queda na reatividade sorológica observadas apenas naqueles que apresentaram após tratamento, a forma indeterminada da doença) indicativos de ação terapêutica. Os resultados sugerem que o tratamento impediu ou retardou a evolução clínica da doença de Chagas em 95,5% (21/22) dos pacientes tratados com a forma indeterminada da doença e em 40% (2/5) pacientes tratados com alguma forma clínica da doença de Chagas. Em conjunto, estes resultados sugerem ainda, mesmo na ausência de cura parasitológica comprovada, efeitos benéficos do tratamento uma vez que o índice de evolução clínica dos pacientes tratados com a forma indeterminada da doença foi muito baixo (0,5%/ano). Novas avaliações, com período maior de acompanhamento, serão necessárias para melhor verificar a eficácia terapêutica.
Descrição
Palavras-chave
Doença de Chagas, Trypanosoma cruzi, Quimioterapia, Berilo - Minas Gerais
Citação
LOPES, L. de A. Aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais de pacientes com infecção ou doença de Chagas do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha – MG, após nove anos do tratamento específico com benzonidazol. 2007. 113 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2007.