O vulcanismo ácido a intermediário associado ao rifteamento calimiano do espinhaço setentrional, cráton São Francisco : investigação petrológica, geoquímica e geocronológica.

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2017
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Resumo
O vulcanismo ácido a intermediário (SiO2 = 57,55-69,56 %) da Formação Bomba ocorre associado ao rifteamento intracontinental de idade eocalimiana que deu origem a sequência vulcano-sedimentar do Grupo Pajeú. Esse evento extensional representa um dos estágios evolutivos do aulacógeno Espinhaço na porção setentrional do cráton São Francisco. As rochas da Formação Bomba foram agrupadas em quatro litofácies e associações de litofácies. A litofácies coerente é constituída por traquitos, fonolitos e riolitos gerados durante erupções essencialmente efusivas e representam a base do arcabouço estratigráfico. Intercalados com essas lavas, ocorrem peperitos e hialoclastitos que representam associações de litofácies hidroclásticas e caracterizam períodos de escassez e abundância de água na bacia, além do aporte sedimentar. Associações de litofácies piroclásticas ocorrem sobrepostas a esse material efusivo e representam depósitos de queda de coluna eruptiva, CDPs (correntes de densidade piroclástica) e CDPs geradas por colapso gravitacional de domo de lava. O topo da unidade é marcado por associações de litofácies epiclásticas, representando um período logo após a extinção dos eventos eruptivos e ação de processos erosivos e intemperismo sobre os depósitos preexistentes. As lavas da Formação Bomba apresentam características químicas típicas de granitos do tipo A e são divididas em dois grupos: rochas peralcalinas caracterizadas pela presença de grande quantidade de cristais euédricos de aegerina e rochas metaluminosas a fracamente peraluminosas que não possuem esse clinopiroxênio em sua composição. Utilizando o método de datação in situ U-Pb em zircão (Laser Ablation ICPMS) para uma amostra de lava metaluminosa obteve-se a idade de 1579 ± 15 Ma, posicionando o evento vulcânico no período calimiano. Com base em características petrográficas, químicas e valores extremamente negativos de ɛHf (t) (-15,1 a -10,4), interpreta-se que essas lavas foram geradas devido a fusão parcial por desidratação, sob condições de baixa pressão, de antigas rochas crustais graníticas. As antigas idades modelo TDM Hf (3,27 a 2,96 Ga) definem como possível fonte os granitoides paleo/mesoarqueanos presentes no Complexo Gavião. A presença de cristais reabsorvidos ou com bordas refundidas sugerem que as rochas de composição intermediária foram geradas por mistura de magmas. A semelhança entre as composições químicas e mineralógicas das lavas peralcalinas e aluminosas sugerem que ambas foram derivadas da mesma fonte. O caráter peralcalino e a fase aegerina dessas lavas resultaram da interação entre o magma alcalino aluminoso e fluidos ricos em sódio. As rochas apresentam cristais de feldspato com composições puras de ortoclásio (Or96-98) e albita (Ab98-100) e exibem pertitas e antipertitas com essas mesmas composições. Essas características refletem reações de dissolução-reprecipitação em baixa temperatura devido a uma alteração hidrotermal que atingiu tanto as rochas aluminosas quanto as peralcalinas. No entanto, a maioria das rochas apresentam valores de CIA (Chemical Index of Alteration parameter) dentro do intervalo de rochas graníticas livres de alteração, indicando que não foram completamente perdidas as características químicas originais. O modelo tectono-magmático do Grupo Pajéu é melhor explicado através de um de riftemento passivo intracontinental e, neste caso, considerando um far-field stress induzido pela orogenia Cachoeirinha na margem convergente do bloco Atlântica (integrante do supercontinente Columbia) no EoCalimiano.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Tectônica de placas - aulacógeno, Grupo Pajeú, Tectônica de placas – rifte, Serra do Espinhaço - MG e BA, Vulcanismo
Citação
SANTOS, Cláudia dos. O vulcanismo ácido a intermediário associado ao rifteamento calimiano do espinhaço setentrional, cráton São Francisco : investigação petrológica, geoquímica e geocronológica. 2017. 150 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.