A comunicação pública da ciência das TVs universitárias de Minas Gerais no contexto da desinfodemia.

Abstract

A presente proposta de pesquisa tem o objetivo de identificar o exercício de Comunicação Pública da Ciência pelas 23 TVs universitárias de Minas Gerais registradas no Mapa 4.0 da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) dentro do contexto da desinfodemia, termo que descreve a desinformação sobre a Covid-19 (POSETTI; BONTCHEVA, 2020a). Para tal finalidade, foi realizado o método da cartografia, um dos seis princípios do rizoma, teoria filosófica do modelo epistemológico apresentado por G. Deleuze e F. Guattari (1995). Por meio de pistas do método (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009), como gestos atencionais (KASTRUP, 2009) e acompanhamento de processos (BARROS; KASTRUP, 2009), buscou-se ainda a identificação dos elementos da comunicação universitária na mídia televisão; da forma como as TVUs se organizam e os seus produtos; e dos espaços que as emissoras ocupam no contexto da Ecologia das Mídias (STRATE; BRAGA; LEVINSON, 2019). O trabalho cartográfico desenvolvido se baseia em dois momentos principais: na aplicação de questionários enviados às TVUs encontradas e na análise de uma amostra de programas produzidos pelas emissoras mineiras que participaram da pesquisa. Com um retorno de cerca de 65% destas TVUs, descobriu-se assim que 86,6% delas trabalharam na produção de conteúdos com a temática coronavírus dentro da perspectiva da divulgação científica, uma das estratégias de CP da Ciência (BUENO, 2010). Além disso, foi constatado que nas seis mesorregiões de Minas Gerais que se destacaram com o registro de pelo menos uma TVU de acordo com o Mapa 4.0 da ABTU houve o exercício de Comunicação Pública da Ciência, uma vez que os programas produzidos por elas atenderam às necessidades de interesse público (ZÉMOR, 2012), de apropriação dos aparatos tecnológicos e posterior tradução dos processos científicos para o público leigo (BRANDÃO, 2012), e de diálogo (ou de busca por ele) com a comunidade por meio do modelo de participação pública que a CP da Ciência envolve (CALDAS, 2011). Isso só foi alcançado porque todas as 15 TVUs mineiras que foram cartografadas estão dentro do panorama de Ecologia das Mídias se fazendo unanimamente presentes em alguma plataforma de mídia social que viabiliza a interação direta com os telespectadores.