PPGSN - Doutorado (Tese)

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    Associação de fatores sociais e biológicos com transtornos de ansiedade e depressão : ênfase na insegurança alimentar e no metabolismo da vitamina D.
    (2024) Sabião, Thaís da Silva; Carraro, Júlia Cristina Cardoso; Coelho, George Luiz Lins Machado; Coelho, George Luiz Lins Machado; Ferreira, Carolina Nicoletti; Pimenta, Adriano Marçal; Aguiar, Aline Silva de; Souza, Anelise Andrade de
    Este estudo teve como objetivo analisar os fatores associados aos transtornos de ansiedade e depressão, com foco na insegurança alimentar e no metabolismo da vitamina D. Foram empregados dados de um inquérito de base populacional no Brasil, e de uma coorte espanhola. Para o estudo transversal, foram utilizados dados do inquérito COVID- Inconfidentes, realizado entre outubro e dezembro de 2020 em duas cidades de Minas Gerais, Brasil. Por meio de entrevista face a face, foram avaliadas as variáveis socioeconômicas, de estilo de vida e condições de saúde. Foram coletadas amostras de sangue para análises bioquímicas e genéticas. As variáveis desfecho foram os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e os sintomas de transtorno depressivo maior (TDM), avaliados pela Generalized Anxiety Disorder-7 e pelo Patient Health Questionnaire-9, respectivamente. Foram avaliados: 1) a insegurança alimentar (exposição), utilizando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, e sua associação com desfechos, comparando as diferenças sociodemográficas; 2) os níveis séricos de vitamina D (exposição) e sua associação com desfechos, definindo deficiência como <20 ng/mL para a população saudável ou <30 ng/mL em grupos de risco; analisando a influência do polimorfismo do gene VDR isoladamente (como variável de interação) e de um escore de risco genético (como variável de estratificação e de interação) que combinou os genótipos dos polimorfismos dos genes DHCR7 (rs11606033), GC (rs7041) e VDR (rs2228570). Para o estudo longitudinal, foram utilizados dados da coorte Seguimiento Universidad de Navarra (Estudo SUN), que acompanha graduados universitários espanhóis a cada 2 anos desde 1999, e permanece aberta continuamente. Questionários são enviados aos participantes por e-mail ou correio, avaliando hábitos, comportamentos e condições de saúde. Foi investigada a associação da vitamina D (exposição) com o risco de depressão, considerado o desfecho do estudo, analisando-se a influência de características individuais e hábitos de vida. Os participantes inicialmente livres de depressão foram classificados como casos incidentes se relataram um diagnóstico médico de depressão durante o acompanhamento. Os níveis séricos de vitamina D foram calculados usando uma equação validada, e a deficiência foi definida como níveis abaixo de 20 ng/mL. No estudo transversal, a prevalência de sintomas de TAG e TDM foi de 23,5% e 15,8%, respectivamente. Foi observada uma associação direta e proporcional entre a gravidade da insegurança alimentar e os sintomas de TAG e TDM. Indivíduos em insegurança alimentar grave apresentaram uma prevalência 3,56 vezes maior de sintomas de TAG e 3,03 vezes maior de TDM. Foram observados piores resultados para indivíduos de cor da pele não branca, sem filhos e com menor renda familiar mensal. Em relação à vitamina D, não foi observada associação direta com os sintomas de transtornos mentais. No entanto, a análise de interação revelou um efeito combinado da deficiência de vitamina D e do polimorfismo do gene VDR nos sintomas de TDM, mas não em TAG. Indivíduos com deficiência de vitamina D e com um alelo alterado apresentaram uma prevalência 2,84 vezes maior de TDM, enquanto aqueles com a presença de dois alelos alterados tiveram uma prevalência 4,37 vezes maior de TDM. Ao estratificar os participantes pelos tercis do escore de polimorfismos, observou-se uma associação exclusiva entre deficiência de vitamina D e sintomas de TAG e TDM apenas para os indivíduos do tercil mais alto desse escore (maior número de alelos de risco para deficiência de vitamina D). Na análise de interação, os indivíduos com deficiência de vitamina D do segundo tercil do escore apresentaram uma prevalência 2,32 vezes maior de TDM, enquanto os com deficiência de vitamina D do tercil mais alto apresentaram uma prevalência 3,79 vezes maior. Houve interação entre fatores genéticos e deficiência de vitamina D para TDM, mas não para TAG, e foi exclusiva entre os que tinham exposição solar insuficiente e não suplementavam vitamina D. No estudo longitudinal, entre 192.976 pessoas-anos de acompanhamento, foram identificados 753 casos incidentes de depressão. Participantes com deficiência de vitamina D apresentaram um risco 27% maior de depressão. Além disso, foi observada uma interação com o sexo feminino. Em conclusão, houve uma forte associação entre insegurança alimentar e sintomas de TAG e TDM, influenciada pelas características sociodemográficas. Embora inicialmente não tenha sido encontrada uma ligação direta entre deficiência de vitamina D e os sintomas de transtornos mentais, análises adicionais destacaram sua interação complexa com polimorfismos de genes do metabolismo da vitamina D e a influência de hábitos de vida. Além disso, os resultados sugerem uma relação causal entre deficiência de vitamina D e o risco de depressão, especialmente entre mulheres.
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    Associação entre o ambiente obesogênico e o peso ao nascer do bebê : um estudo com puérperas mineiras.
    (2024) Inácio, Monique Louise Cassimiro; Pessoa, Milene Cristine; Santos, Luana Caroline dos; Pessoa, Milene Cristine; Toloni, Maysa Helena de Aguiar; Netto, Michele Pereira; Lopes, Mariana Souza; Meireles, Adriana Lúcia; Santos, Luana Caroline dos
    Introdução: Inúmeros são os fatores que podem levar a desfechos indesejáveis para mãe e bebê durante período gravídico-puerperal. Além de fatores individuais maternos, a exposição a condições ambientais adversas como a ambientes obesogênicos, ao estresse e ao sedentarismo também possuem impacto no bem-estar materno-infantil. Objetivos: Identificar o ambiente obesogênico em Belo Horizonte e verificar sua associação com o peso ao nascer de bebês de puérperas que tiveram gestações de risco habitual. Além disso, a tese buscou verificar a associação entre o consumo alimentar materno e o peso ao nascer dos bebês. Métodos: Foram avaliadas variáveis relacionadas aos locais para a prática de atividade física, ambiente alimentar de varejo e ambiente social dos 486 bairros de Belo Horizonte. No que tange aos locais para a prática de atividade física, foram incluídos os endereços de locais desportivos públicos (ciclovias, pistas de caminhada, academias da saúde, academia a céu aberto, parques e praças). Para o ambiente alimentar de varejo foram utilizados os endereços de estabelecimentos de venda de alimentos. Esses dados foram obtidos por meio da Secretaria Estadual de Fazenda, e classificados segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Posteriormente foram agregados de acordo com a predominância dos alimentos comercializados (estabelecimentos de venda predominante de alimentos in natura, estabelecimentos mistos e estabelecimentos de venda predominante de alimentos ultraprocessados) como proposto pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN). O ambiente social foi avaliado por meio dos dados sobre criminalidade, atropelamentos e Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVS). Todos os endereços, inclusive os das puérperas, foram georreferenciados. A unidade de análise utilizada foi o bairro e os mapas categorizados foram criados a partir do software QGIS 2.10.4. A análise de componentes principais (PCA) foi conduzida para identificar o padrão de ambiente obesogênico. A variável latente gerada, chamada de padrão de ambiente obesogênico, foi categorizada em tercis, sendo o terceiro tercil o correspondente ao ambiente mais obesogênico. Também foram avaliadas variáveis sociodemográficas, individuais e do consumo alimentar de puérperas atendidas em dois hospitais públicos de Belo Horizonte. Tais informações foram coletadas a partir de um questionário estruturado por meio de entrevista. Já os dados relacionados ao consumo alimentar foram coletados a partir de um questionário de frequência alimentar semiquantitativo, o qual avaliou os hábitos alimentares nos últimos 6 meses de gestação. Foram incluídos dados sobre o peso ao nascer dos bebês, a partir dos quais consideraram-se bebês com peso ao nascer inadequado aqueles que nasceram com baixo peso (<2500g), peso insuficiente (2500g a 2599g) e macrossomia fetal (>3.999g). Todas as análises estatísticas foram conduzidas no software STATA 14.1 e o nível de significância considerado foi de 5%. As variáveis quantitativas com distribuição normal foram expressas em média e desvio padrão e aquelas com distribuição não simétrica, em mediana e valor mínimo e máximo. A associação entre o ambiente obesogênico, o peso ao nascer do bebê e o consumo alimentar materno foi analisada por meio de modelos de regressão logística através de equações de estimativa generalizadas (GEE). Resultados: O padrão obesogênico consistiu de maior média de estabelecimentos que comercializam alimentos ultraprocessados, maior criminalidade e maior número de atropelamentos. Foi identificado que os bairros com maior perfil de obesogenicidade possuem um maior número de todos os tipos de estabelecimentos. Além disso, os bairros pertencentes ao terceiro tercil possuem maior renda média (p=0,001) e menor IVS (p=0,001). Foram incluídas 623 puérperas e identificou-se que aquelas residentes em bairros com perfil mais obesogênico possuíam maior chance [OR: 1,68 (1,07- 2,64)] de terem bebês com peso ao nascer inadequado. Além disso, a maioria das puérperas que tiveram bebês com peso ao nascer inadequado apresentaram consumo de alimentos ultraprocessados acima do p50 [OR: 2,34;(1,61-3,72)] e de alimentos minimamente processados abaixo do p50 [OR: 0,69 (0,36-0,92)]. Conclusões: Esses achados apontam a necessidade de se executar ações, políticas e programas já existentes em prol da melhoria dos ambientes alimentares, desportivos e social, de modo a favorecer hábitos de vida mais saudáveis e oportunizar a prevenção de doenças a médio e longo prazo no público materno-infantil.
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    Desertos e pântanos alimentares : uma avaliação conceitual, metodológica e ecológica.
    (2023) Honório, Olivia Souza; Pessoa, Milene Cristine; Mendes, Larissa Loures; Pessoa, Milene Cristine; Mendes, Larissa Loures; Canuto, Raquel; Castro Júnior, Paulo César Pereira de; Araújo, Larissa Fortunato; Mendonça, Raquel de Deus
    Na literatura existem muitos termos utilizados para descrever características do ambiente alimentar comunitário, dentre estes destacam-se os termos: desertos alimentares e pântanos alimentares. Esses termos começam a ser utilizados em países da América do Norte e da Europa, para depois serem incorporados ao cenário dos países de média e baixa renda. Desertos alimentares são utilizados para descrever vizinhanças com disponibilidade limitada de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis. Os pântanos são vizinhanças com disponibilidade excessiva de estabelecimentos que comercializam alimentos não saudáveis. Diante disso, esta tese terá por objetivo geral desenvolver e fazer a validação de conteúdo uma proposta conceitual e metodológica para avaliar os desertos e pântanos alimentares em um país de baixa e média renda. Para tal estão sendo realizados três estudos. Primeiro foi realizado um estudo ecológico na cidade de Belo Horizonte, para identificar a evolução dos desertos e pântanos alimentares em uma metrópole brasileira. Os desertos alimentares foram definidos pela densidade de estabelecimentos saudáveis por 10 mil habitantes e os pântanos alimentares foi definido pela densidade de estabelecimentos não saudáveis por 10 mil habitantes. O segundo estudo foi uma revisão narrativa para identificar os conceitos e medidas utilizadas para definir os desertos e pântanos alimentares. O terceiro estudo teve objetivo de propor e validar uma proposta de conceito e medida para os desertos e pântanos alimentares, por meio de um painel de especialistas. Identificou-se que as áreas classificadas como desertos alimentares estão reduzindo nos últimos anos e as áreas de pântanos alimentares vem aumentando. Ademais, os conceitos de desertos alimentares englobavam questões sobre o custo dos alimentos, acesso a categorias de alimentos e estabelecimentos e características individuais. E os métodos de desertos alimentares também seguiam a mesma lógica dos conceitos e estavam centrados na avaliação da disponibilidade de supermercados. Os conceitos de pântanos alimentares tinham por ideia central a quantidade desproporcional de alimentos não saudáveis e alguns tipos de estabelecimentos. Os métodos de investigação dos pântanos alimentares estão relacionados com adaptações do Índice de Varejo de Alimentos. Com o painel foi possível validar um conceito e medida para desertos e pântanos alimentares adequada a realidade brasileira. Os especialistas apontaram para a necessidade de o conceito de desertos alimentares abordar a vulnerabilidade econômica e social, tal ponto não foi considerado relevante para a definição de pântanos alimentares. Além disso, os especialistas apontaram que deve ser utilizado como marcadores da disponibilidade de alimento saudáveis apenas os estabelecimentos que comercializam predominantemente alimentos in natura e minimamente processados. Ademais, o trabalho apontou que a melhor maneira de avaliar as iniquidades socioeconômicas é com base nos indicadores compostos. Como forma de avaliar os desertos alimentares, o método validado foi o que considera a densidade de estabelecimentos saudáveis por 10 mil habitantes e a vulnerabilidade socioeconômica. Por fim, o trabalhou demonstrou a necessidade de avançar em estudos relacionados ao ambiente alimentar do consumidor, no sentido de compreender quais alimentos são predominantes em cada categoria de estabelecimento e os hábitos de compra de alimentos nesses locais.
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    Atividade física durante a pandemia de Covid-19 : interfaces com a saúde física, qualidade do sono e autoavaliação de saúde.
    (2024) Moura, Samara Silva de; Meireles, Adriana Lúcia; Carraro, Júlia Cristina Cardoso; Meireles, Adriana Lúcia; Sales, Aline Dayrell Ferreira; Parajára, Magda do Carmo; Oliveira, Lenice Kappes Becker; Menezes Júnior, Luiz Antônio Alves de
    Introdução: As evidências científicas produzidas em relação à atividade física (AF) são consideráveis e o aumento exponencial nos últimos anos forneceu informações congruentes no que concerne à sua importância e benefícios à saúde. Uma rotina regular de AF tem sido associada a uma melhor saúde física, como controle da homeostase glicídica e lipídica, bem como com uma melhor qualidade do sono e autoavaliação de saúde (AAS). Contudo, a pandemia da Covid-19 influenciou drasticamente a prática de AF. Objetivo: Avaliar os fatores associados à inatividade física (IF em residentes da região dos Inconfidentes, Minas Gerais, durante a pandemia da Covid-19. Métodos: Estudo transversal de base populacional em adultos, realizado de outubro a dezembro de 2020, em dois municípios brasileiros (Ouro Preto e Mariana). Foram coletados 1762 indivíduos, por meio de entrevista face a face, utilizando um questionário estruturado em formato eletrônico com questões sociodemográficas, hábitos de vida e condições de saúde. Foram conduzidas coletas de sangue para avaliação dos níveis séricos de lipoproteínas e concentração plasmática de hemoglobina glicada. A prática de AF foi avaliada por autorrelato, por questão adaptada do estudo "Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico “(VIGITEL)". A AF foi classificada como fisicamente ativos ou inativos, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A qualidade do sono foi medida pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP). A AAS foi avaliada por meio da pergunta: “Como você classificaria seu estado de saúde?” As respostas foram agrupadas em AAS negativa (regular, ruim ou muito ruim) e AAS positiva (muito bom ou bom). Além disso, foram mensurados os níveis séricos de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e o colesterol total (CT), usando o método enzimático colorimétrico. As concentrações plasmáticas de hemoglobina glicada (HbA1c) foram avaliadas por meio do método imunoturbidimetria. Resultados: Os resultados serão apresentados em cinco artigos. No artigo I observou-se que a prevalência da IF foi mais elevada nos primeiros meses (março a julho/2020) da pandemia (M1) (67,3%), em comparação com os meses de outubro a dezembro de 2020 (M2) (58,7%) e no período anterior ao início da pandemia (M0) (39,7%). Indivíduos com sobrepeso, obesidade e baixo nível de escolaridade apresentaram maior probabilidade de serem fisicamente inativos. No artigo II, 51,9% apresentavam má qualidade de sono e 79,8% não estavam em trabalho a partir de casa (home office). A IF associou-se à má qualidade do sono (OR: 1,73; IC95%: 1,07-2,79) e ausência de home office (OR: 1,86; IC95%: 1,08-3,23). Na análise combinada, os indivíduos com qualidade de sono ruim e que não estavam em home office tinham uma chance 4,19 vezes maior de serem inativos fisicamente (OR: 4,19; IC 95%: 1,95-8,95). Referente ao artigo III, 7,1% dos participantes apresentaram níveis elevados de hemoglobina glicada (HbA1c). A análise de mediação revelou que a IF aumentava em 2,62 vezes (OR:2,62, IC95%:1,29-5,33) a probabilidade de níveis elevados de HbA1c, sendo que 26,87% desse efeito foi mediado pelo excesso de peso (OR:1,30; IC95%:1,06-1,57). O artigo IV apresentou prevalência de risco cardiovascular (RCV) intermediário a alto de 43,8% dos participantes e 56,0% estavam com excesso de peso. Na análise de mediação para o excesso de peso, constatou-se que os indivíduos fisicamente inativos apresentavam 1,90 vezes mais chance (OR: 1,90; IC95%; 1,14-3,17) de ter RCV intermediário a alto, sendo que 17,18% desse efeito foi mediado pelo excesso de peso (OR: 1,11; IC95%; 1,02-1,25). No artigo V, a prevalência de AAS negativa foi de 23,0% dos participantes e 15,5% tinham comportamento sedentário (CS) ≥ 9 horas. O modelo multivariado identificou associações entre IF e AAS negativa (OR: 1,72; IC95%: 1,01-2,93), mas não para CS. A análise de simultaneidade revelou que os indivíduos afetados por um destes comportamentos de risco à saúde tinham 1,84 vezes mais probabilidade de apresentar AAS negativa (OR: 1,84; IC95%: 1,06-3,22). Aqueles com dois comportamentos de risco à saúde tinham 2,12 vezes mais probabilidade de ter AAS negativa (OR: 2,12; IC95%: 1,03-4,39). Na análise conjunta, os que relataram ser fisicamente inativos e apresentarem CS ≥ 9 horas tiveram uma prevalência 2,15 vezes maior de AAS negativa (OR: 2,15; IC95%: 1,01-4,56). Conclusão: Este estudo revelou uma elevada prevalência de IF durante a pandemia da Covid-19. Além disso, evidenciou associação entre a IF e marcadores bioquímicos, como alterações nos níveis de hemoglobina glicada, e maior prevalência de RCV. Adicionalmente, a IF e o CS, em análise conjunta e simultânea mostraram associação com a AAS negativa. Por fim, a má qualidade do sono e não estar em home office foram associados a IF. Este estudo ressalta a importância de um comprometimento efetivo por parte dos fomentadores de políticas públicas, governantes, profissionais de saúde e pesquisadores para estabelecer medidas que incentivem e facilitem a adoção de estilos de vida mais ativos, com benefícios inquestionáveis para a saúde e o bem- estar da população.
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    Determinantes sociodemográficos da insegurança alimentar nos domicílios de estudantes de escolas públicas : uma investigação longitudinal.
    (2023) Rodrigues, Erica Costa; Meireles, Adriana Lúcia; Mendonça, Raquel de Deus; Meireles, Adriana Lúcia; Mendonça, Raquel de Deus; Mendes, Larissa Loures; Verly Júnior, Eliseu; Souza, Anelise Andrade de; Molina, Maria del Carmen Bisi
    Introdução: A insegurança alimentar é um marcador de desigualdade social e correlaciona-se à falta de acesso regular e permanente a alimentos adequados em quantidade suficiente, incluído também a preocupação com a obtenção de alimento no futuro e comprometendo o acesso a outras necessidades básicas. Fatores sociodemográficos estão diretamente associados a ocorrência de insegurança alimentar domiciliar e podem afetar a população de forma desigual. Com o surgimento da pandemia da covid-19 em 2020, ficou mais evidente as alterações na dinâmica dos indicadores sociodemográficos que influenciam a segurança alimentar. Objetivo: Examinar a trajetória de mudança na situação de insegurança alimentar e seus fatores associados nos domicílios de estudantes da rede municipal de ensino de Mariana e Ouro Preto entre 2020 e 2022. Métodos: Esta tese faz parte do Estudo da Segurança Alimentar e Nutricional na Pandemia da covid-19 (ESANP), que foi conduzido com amostra probabilística e estratificada dos estudantes e possui delineamento longitudinal. As coletas de dados ocorreram em quatro momentos: T0 (linha de base) em junho e julho de 2020, T1 de março a maio de 2021, T2 de dezembro/21 a janeiro/22 e o T3 de setembro a novembro de 2022. A partir, dos dados do ESANP, foram traçados três objetivos específicos, sendo o primeiro com delineamento transversal para descrever a relação da insegurança alimentar, condições socioeconômicas e variáveis relacionadas à pandemia da covid-19 na linha de base. O segundo objetivo teve delineamento longitudinal e permitiu conhecer a trajetória e os perfis respostas sobre a insegurança alimentar e as condições domiciliares, no terceiro objetivo procedeu-se a modelagem longitudinal da influência de variáveis fixas e aleatórias nas mudanças de respostas sobre a insegurança alimentar. A variável desfecho foi a insegurança alimentar, medida por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Para responder ao primeiro objetivo específico a insegurança alimentar foi analisada como variável categórica: insegurança alimentar x segurança alimentar e as variáveis explicativas foram divididas em dois blocos i) variáveis sociodemográficas e ii) variáveis relacionadas à pandemia da covid-19. Os dados foram analisados por meio do cruzamento de cada covariável com a variável desfecho pelo teste qui-quadrado de tendência e por regressão logística binária. Para responder ao segundo e terceiro objetivos específicos, a insegurança alimentar foi tratada como variável numérica discreta a partir da soma da pontuação da EBIA, denominada nesse estudo de escore de insegurança alimentar. Foram conduzidas análises descritivas de perfis de resposta, gráfico box-plot e tabela de frequência do escore de insegurança alimentar em cada tempo visando avaliar as mudanças e tendências ao longo do tempo. Os tempos foram comparados dois a dois por meio do teste de Wilcoxon Pareado, com correção de Holm. Foram construídos modelos mistos generalizados a fim de estudar a relação entre o escore de insegurança alimentar e variáveis explicativas de interesse ao longo do tempo. Por fim, para compreender a relação interseccional das características do chefe da família e mudanças no escore de insegurança alimentar, foram construídos modelos generalizados mistos entre as principais variáveis interseccionais descritas na literatura (raça/cor da pele, sexo e estado civil, sexo e renda familiar, e localidade da residência, área urbana ou rural). As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Stata 13.0 e Jamovi versão 2.3.28.0 ao nível de significância de 5% para todos os modelos, ajustados por fatores de confusão. Resultados: Foram avaliados na linha de base 612 domicílios, sendo que 82,0% (n = 502) apresentavam algum grau de insegurança alimentar. A insegurança alimentar foi associada ao número de crianças no domicílio acima de três (OR: 2,17; IC95%: 1,10-4,27), ao acesso à cesta básica (OR: 1,64; IC 95%: 1,04-2,58) e a diminuição da renda durante a pandemia. Nossas análises longitudinais revelaram que houve tendência de diminuição na média do escore de insegurança alimentar ao longo do tempo. O escore médio diminuiu de 2,9 e 2,7 em T0 e T1 para 2,2 em T2 e T3 respectivamente. As diferenças entre as médias do escore de insegurança alimentar foram observadas na comparação T0 com T2 e T3, e entre T1 comparado ao T2 e T3 (p-valores < 0,001 e 0,017 respectivamente). Nossos dados evidenciaram ainda que a redução do escore de insegurança alimentar correu de forma desigual em muitos dos grupos estudados. Para famílias extremamente pobres, houve aumento do escore de insegurança alimentar ao longo do tempo (p<0,001), comparado as famílias que tinham renda entre 1 e 2 e entre 3 a 6 salários-mínimos. Nossos modelos mistos generalizados demostraram que as variáveis explicativas associadas a maior escorem de insegurança alimentar foram renda familiar de até meio salário-mínimo, estar cadastrado em programas sociais, ter recebido recebimento de auxílio emergencial, ter recebido cesta básica de alimentos e maior número de crianças no domicílio. Também observamos que fatores interseccionais do chefe da família foram associados a maior escore de insegurança alimentar. Na comparação entre raça/cor da pele e sexo, tanto mulheres (RT: 0,47; IC95%: 0,33 – 0,68), quanto homens (RT: 0,37; IC95%: 0,25 – 0,54) autodeclarados como brancos tiveram razão de taxas de insegurança alimentar menor quando comparados aos seus pares não brancos. As mulheres casadas tiveram escore de insegurança alimentar menor (RT: 0,64; IC95%: 0,47 – 0,86) que as mulheres não casadas. Comparado às chefes de família mulheres que residem em áreas rurais, os homens residentes em área urbana (RT: 0,49; IC95%: 0,45 – 0,67) e residentes em área rurais (RT: 0,49; IC95%: 0,32 – 0,69) possem menor razão de taxas de insegurança alimentar. Conclusão: Nossas análises permitiram conhecer a situação de segurança alimentar nos domicílios dos estudantes de escolas públicas durante o período de suspensão das aulas presenciais em função da pandemia de covid-19. Conclui-se que, embora tenha havido redução da IA ao longo do tempo para a maior parte dos domicílios estudados, essa tendência de declínio não ocorreu para as famílias pobres e extremamente pobres. Nos lares chefiados por mulheres não brancas, mulheres não casadas, mulheres residentes em área rural a situação de IA foi pior ao longo do tempo comprado aos seus pares homens. Assim, espera-se que essa pesquisa possa contribuir para o conhecimento dos fatores que influenciam e determinam a segurança alimentar em nível local/regional não só para gestores públicos, mas também para líderes de movimentos sociais e instâncias locais de participação social, que podem conjuntamente propor ações e políticas de mitigação da forme e da insegurança alimentar com base em resultados científicos adequados as necessidades regionais.
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    Respostas emocionais evocadas por imagens de alimentos in natura e ultraprocessados e o efeito do selo de rotulagem nutricional frontal brasileiro.
    (2023) Mota, Bruna Eugênia Ferreira; Souza, Gabriela Guerra Leal de; David, Isabel de Paula Antunes; Souza, Gabriela Guerra Leal de; David, Isabel de Paula Antunes; Salierno, Camila Carvalho Menezes; Anastácio, Lucilene Rezende; Boggio, Paulo Sergio; Mendonça, Raquel de Deus
    A alimentação é um processo automatizado, no qual o ambiente exerce mais influenciando, do que a vontade consciente do indivíduo. Atualmente, alimentos ultraprocessados estão em alta disponibilidade, sendo que o seu consumo excessivo tem sido associado ao acometimento de agravos à saúde como câncer, doenças cardiovasculares e obesidade. Esses alimentos são formulações industriais com pouco ou nenhum valor nutricional e são acrescidos, em sua maioria, de aditivos alimentares para aguçar as propriedades sensoriais, tornando-os hiperpalatáveis. Além disso, são promovidos por uma propaganda agressiva. Essas características podem evocar respostas emocionais implícitas automáticas de aproximação. Uma estratégia para contrapor o apelo de aproximação desses alimentos seria a rotulagem nutricional frontal, que tem sido utilizada em alguns países como estratégia para alerta dos consumidores sobre o conteúdo nutricional dos alimentos. O objetivo do presente estudo foi investigar as respostas emocionais dos músculos da face e da sudorese da pele à estímulos de alimentos in natura e ultraprocessados e a capacidade do uso de rotulagem nutricional frontal do tipo lupa em modificar tais respostas. A amostra foi composta por 73 estudantes universitários de ambos os sexos divididos em 2 grupos: controle e lupa. No grupo lupa, as fotografias de alimentos ultraprocessados foram apresentadas juntamente ao selo de rotulagem nutricional frontal do tipo lupa. No grupo controle, as fotografias de alimentos ultraprocessados foram apresentadas com um código de barras. Os voluntários foram expostos a 3 blocos de fotografias: neutras (objetos), alimentos in natura e alimentos ultraprocessados. Foram aferidas medidas emocionais implícitas de níveis de agradabilidade por eletromiografia facial e níveis de ativação emocional pela sudorese da pele. Após a visualização passiva das fotos, os voluntários responderam a questionários relacionados a quanto cada fotografia evocou o desejo de consumir e a sua percepção de salubridade do alimento. Finalmente, foi avaliado o consumo de alimentos ultraprocessados e in natura no dia anterior ao experimento. A visualização de alimentos in natura gera menores respostas de corrugador que fotos neutras (p<0,05), enquanto os alimentos ultraprocessados não se diferiram das fotos neutras (p>0,05). Alimentos in natura e ultraprocessados causam aumento do zigomático maior em relação a fotos neutras (p<0,05). O selo da rotulagem frontal aumenta a ativação do corrugador para as fotos de alimentos ultraprocessados em relação aos alimentos in natura (p<0,05) apenas para pessoas com baixo consumo de ultraprocessados. Não foram verificadas modificações da resposta de sudorese da pele (p>0,05) para nenhuma das fotografias e grupos testados. Concluiu-se que o selo da rotulagem frontal do tipo lupa pode ser uma pista ambiental que modula respostas emocionais implícitas a estímulos visuais de alimentos ultraprocessados.
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    Sistema alimentar, ambiente alimentar e desfechos para a segurança alimentar e nutricional : um modelo conceitual para o Brasil.
    (2023) Araújo, Melissa Luciana de; Pessoa, Milene Cristine; Grisa, Catia; Pessoa, Milene Cristine; Grisa, Catia; Menezes, Mariana Carvalho de; Mendonça, Raquel de Deus; Recine, Elisabetta Gioconda Iole Giovanna; Castro Júnior, Paulo César Pereira de
    Esta tese teve como objetivo desenvolver um modelo conceitual adaptado à realidade brasileira, que considere a influência do sistema alimentar e do ambiente alimentar nos desfechos de segurança alimentar e nutricional. O estudo foi dividido em diferentes etapas. A primeira é representada por construção de um modelo conceitual e pela realização de um painel de especialistas. A segunda e a terceira fases foram realizadas pela utilização de dados secundários do município de Belo Horizonte. Quanto aos equipamentos públicos e as ações de segurança alimentar e nutricional, os dados utilizados foram do ano de 2019. Em relação aos dados dos estabelecimentos que comercializam alimentos foram consideradas informações do ano de 2019 e 2022. Por fim, os dados dos usuários beneficiários do Programa Bolsa Família foram fornecidos pela Subsecretaria de Assistência Social (SUAS), referente ao ano de 2019. A segunda fase foi um estudo qualitativo por meio de pesquisa documental e de dados secundários em torno do abastecimento alimentar. Por fim a última etapa da pesquisa constou de um estudo ecológico que teve o intuito de caracterizar o ambiente alimentar comunitário. Com base nos dados secundários disponíveis, foram propostos sete indicadores. Quanto às análises qualitativas (fase 1) foi empregada a técnica de análise de conteúdo, e para avaliação quantitativa de concordância foi empregada a Escala de Likert. As análises quantitativas (fases 2 e 3) realizadas foram descritivas com o auxílio do programa estatístico Stata 14.0. Finalmente as análises espaciais e elaboração dos mapas ocorreu com o uso do programa QGIS 2.14.9. O modelo conceitual apresentado e os indicadores tiveram média de concordância total, entre os especialistas, de 4,03 (80,6%). Grandes transformações ocorreram nas dinâmicas de abastecimento alimentar do município ao longo do século XX, ganhando relevância os alimentos e os elementos associados aos sistemas alimentares modernos. Com efeito, atualmente destaca-se a presença do comércio varejista, os quais vinculam-se fundamentalmente aos sistemas alimentares mistos e modernos. Em menor expressividade numérica, também se encontram políticas públicas de comercialização e acesso aos alimentos, as quais vinculam-se fundamentalmente aos sistemas alimentares mistos e tradicionais. Na fase 3 os bairros que tinham EPSAN possuíam maior média de renda per capita em comparação aos que tinham UP (EPSAN = 1.452,83 ± 1055,04 vs UP: 379,63 ± 267,24; p<0,0001). Nenhum EPSAN estava situado em deserto alimentar e 17,10% das UP estavam situadas nos desertos alimentares. Por fim, 73,68% dos bairros com EPSAN estavam em áreas de menor concentração de beneficiários do PBF, enquanto as UP são mais frequentes nos bairros com maior concentração dos beneficiários PBF. O modelo conceitual apresentou boa aceitação. Observa-se uma variedade de sistemas e ambientes alimentares em Belo Horizonte. Por fim, observa-se necessidade dos gestores públicos alinharem ações e diálogos que visem intervenções mais assertivas no que tange às políticas públicas alimentares já consolidas no município.
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    Consumo alimentar segundo processamento e suas interfaces com a saúde humana durante a pandemia da covid-19 : um estudo sobre saúde mental e insegurança alimentar.
    (2023) Coletro, Hillary Nascimento; Menezes, Mariana Carvalho de; Menezes, Mariana Carvalho de; Souza, Anelise Andrade de; Vieira, Renata Adrielle Lima; Sá, Naiza Nayla Bandeira de; Lopes, Mariana Souza
    Introdução: Um dos grandes marcos da urbanização e evolução tecnológica se refere a criação de novos produtos alimentícios caracterizados pelo alto grau de processamento, chamados de alimentos ultraprocessados. Evidências científicas apontam para os efeitos negativos à saúde em resposta ao consumo de tais alimentos, contrapondo os efeitos benéficos do consumo de alimentos naturais. Durante a pandemia da covid – 19, medidas restritivas afetaram a produção de diversos alimentos naturais, de forma que houvesse maior comercialização e grande consumo de alimentos com maior processamento industrial caracterizados por serem não perecíveis, palatáveis, práticos e de menor custo. Objetivo: Avaliar a associação entre o consumo alimentar segundo extensão e propósito de processamento com a saúde mental e a insegurança alimentar, durante a pandemia da COVID - 19, em adultos de duas cidades da região sudeste do Brasil. Métodos: Trata-se de estudo transversal a partir de uma pesquisa epidemiológica em Ouro Preto e Mariana, com dados coletados entre os meses de outubro e dezembro de 2020. A amostra foi selecionada a partir de amostragem por conglomerado em três estágios: setor censitário, domicílio e residentes. Os dados foram coletados por meio de questionário face a face, contendo informações socioeconômicas, estilo de vida, condição de saúde, incluindo saúde mental (sintomas de ansiedade e sintomas de depressão), consumo alimentar e insegurança alimentar. Para avaliar o consumo alimentar, foi utilizado Questionário de Frequência Alimentar qualitativo referente ao consumo dos últimos três meses e a categorização dos alimentos segundo classificação NOVA. Assim, o consumo alimentar foi tratado como variável explicativa, em todas as análises, contemplando diferentes formas de categorização segundo os desfechos propostos. A variáveis sintomas de ansiedade e depressão e insegurança alimentar foram tratadas como desfecho. Para o primeiro objetivo específico, identificar a associação entre o consumo alimentar e sintomas de ansiedade e depressão, tais desfechos foram medidos por meio de duas escalas validadas para população brasileira, Generalized Anxiety Disorder 7-item (GAD-7) e Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). Para avaliar a associação entre comportamentos de risco à saúde (medido pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados, consumo não diário de frutas e hortaliças, e comportamento sedentário) e sintomas de ansiedade ou depressão, este desfecho foi novamente medido pelas escalas GAD-7 e PHQ-9, para o cumprimento do segundo objetivo específico. Para avaliar a associação entre o consumo alimentar, medido pelo consumo combinado de alimentos in natura/minimamente processados e ultraprocessados e a insegurança alimentar, o desfecho foi avaliado pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, validada para população brasileira, no terceiro objetivo específico. Para todas as análises foi usada a regressão Poisson ajustada para estimar a razão de prevalência e intervalo de confiança de 95%. Para selecionar as variáveis de ajuste, um modelo teórico de causalidade foi construído por meio de um Gráfico Acíclico Direcionado. Resultados: Como cumprimento do primeiro objetivo específico, o presente estudo evidenciou que o maior consumo semanal de alimentos in natura/minimamente processados está associado a uma menor prevalência de sintomas de depressão (RP: 0,5, IC95%: 0,3; 0,7), assim como o maior consumo semanal de alimentos ultraprocessados está associado a uma maior prevalência de sintomas de ansiedade (RP:1,5, IC95%: 1,03; 2,3) e depressão (RP: 1,5, IC95%: 1,1; 2,1). Para o segundo objetivo específico, observou-se uma razão de prevalência 2,69 maior para sintomas de ansiedade ou depressão (RP: 2,69 e IC95%: 1,11 - 6,59) dentre os indivíduos que não consumiam diariamente frutas e hortaliças e tinham um maior consumo semanal de alimentos ultraprocessados, assim como aqueles com a co- ocorrência dos três comportamentos de risco tinham uma razão de prevalência 2,87 maior para sintomas de ansiedade ou depressão (RP: 2,87 e 95%IC: 1,35 – 6,14). No terceiro objetivo específico, foi possível observar que o maior consumo semanal de alimentos ultraprocessados está associado a uma razão de prevalência 60% maior para a insegurança alimentar (RP: 1,60 e IC95%: 1,06 - 2,40). Além disso, o maior consumo de in natura/minimamente processados e o menor consumo de alimentos ultraprocessados representa uma razão de prevalência 45% menor para insegurança alimentar (RP: 0,55 e IC95%: 0,40 - 0,80). Conclusão: A crise sanitária ocasionada pela pandemia da covid -19 pode ter sido catalizadora para o aumento das prevalências de sintomas de ansiedade e depressão, bem como da insegurança alimentar. Consequentemente, diferentes âmbitos da saúde foram afetados, bem como as escolhas alimentares e estilo de vida. O presente estudo conclui que, neste cenário, o maior consumo de alimentos ultraprocessados pode ter impactos negativos à saúde mental e à segurança alimentar, ao passo que os alimentos in natura/minimamente processados são benéficos para ambas as situações. Assim, reforça-se a importância de políticas públicas integradas que atuem sobre a produção, marketing, disseminação e comercialização de alimentos ultraprocessados, bem como o incentivo à produção e venda de alimentos in natura/minimamente processados.
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    Efeitos da ingestão de teracurmina na hipertrofia, perfil inflamatório e estresse oxidativo de camundongos submetidos a um programa de treinamento de força com posterior destreinamento.
    (2023) Pontes, Washington Martins; Silva, André Talvani Pedrosa da; Pinto, Kelerson Mauro de Castro; Silva, André Talvani Pedrosa da; Pinto, Kelerson Mauro de Castro; Souza, Melina Oliveira de; Oliveira, Emerson Cruz de; Lopes, Fernando Joaquim Gripp; Silva, Sandro Fernandes da
    O uso de suplementos alimentares aplicados para a melhora do desempenho esportivo e da hipetrofia muscular têm recebido destaque nas últimas décadas. A teracurmina, um composto bioativo, contendo curcumina biodisponível, se destaca dentre estas estratégias por suas ações antiinflamatórias e antioxidantes. O objetivo deste estudo foi avaliar a ingestão crônica de teracurmina (300 mg/kg, contendo 30mg/kg de curcumina), em modelo experimental, associada a protocolos de exercício de força, de escaladas em escada, com posterior destreinamento. Para isso, camundongos (n=66) Swiss machos, de 7 a 9 semanas de idade, foram treinados por 8 semanas (5 dias/semana), com intervalo mínimo de 24 horas entre as sessões e posterior destreinamento de 4 semanas. Após a eutanásia, avaliamos a força muscular, a hipertrofia muscular esquelética, a massa de gordura corporal, o perfil inflamatório (TNF, IL-6, IL-10 e CCL-2) no músculo esquelético e no plasma (TNF e IL-10) e o estresse oxidativo (catalase, superóxido dismutase e peroxidação lipídica) no músculo. Resultados apontam que animais treinados aumentaram sua força e a hipertrofia muscular esquelética e reduziram a gordura corporal após o treinamento. A ingestão crônica de teracurmina resultou na diminuição da CCL2 e da peroxidação lipídica, tanto após o treinamento quanto no destreinamento, e reduziu a concentração de TNF muscular após o destreinamento. Ainda, animais treinados submetidos à ingestão de teracurmina mantiveram sua força após o destreinamento. Em conclusão, a ingestão de teracurmina associada ao presente protocolo de treinamento de força e destreinamento, reduziu a atividade inflamatória e oxidante em camundongos, sem interferência no padrão da hipertrofia muscular esquelética e, ainda, preservou a força muscular no período de destreinamento.
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    Análise nutricional, social e concentração plasmática dos mediadores inflamatórios IL- 17, IL-33, CXCL16 e CCL2 em gestantes com toxoplasmose.
    (2023) Santos, Priscilla Vilela dos; Silva, André Talvani Pedrosa da; Andrade Neto, Valter Ferreira de; Silva, André Talvani Pedrosa da; Andrade Neto, Valter Ferreira de; Cupertino, Marli do Carmo; Aloise, Débora de Almeida; Figueiredo, Sônia Maria de; Ribeiro, Silvana Mara Luz Turbino
    A toxoplasmose congênita é uma infecção causada por Toxoplasma gondii e relacionada a aspectos geográficos, culturais, socioeconômicos e, principalmente, ao padrão da resposta imune materno. Quando a mãe é infectada por T. gondii, geralmente não apresenta sinais clínicos e sintomas evidentes e, a exposição do feto acaba sendo negligenciada. Os bebês infectados congenitamente, podem manifestar perda da visão, microcefalia, hidrocefalia, retardo mental, surdez e epilepsia. Por se tratar de uma abordagem de suma importância, o presente estudo avaliou o perfil antropométrico, socioeconômico e sorológico para T. gondii em mulheres grávidas atendidas nas Unidades Básicas de Saúde e na policlínica de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil, correlacionando-o com hábitos alimentares, inflamatórios, socioeconômicos e clínicos. Este estudo transversal foi realizado entre abril e dezembro de 2020, incluindo 131gestantes na faixa etária entre 13 e 46 anos, avaliadas quanto aos níveis de anticorpos IgM e IgG anti-T. gondii e questionadas sobre os padrões socioeconômicos, ambientais, gestacionais, clínicos e alimentares. A prevalência de soropositividade para T. gondii foi de 45,8% (n= 60) e, nesse grupo, observou-se uma frequência maior de soropositividade em multigestas (p<0,009). Dentre as gestantes avaliadas, 37,40% encontravam-se no 2o trimestre da gestação atual, e o excesso de peso foi observado em 33,59% na amostra avaliada. A maioria das gestantes relatou ter ensino médio completo (58,02%), possuir trabalho (43,56%), possuir renda entre dois e três salários-mínimos (52,67%), residir na zona urbana da cidade (60,31 %) e ter acesso a saneamento básico como água encanada (86,26%), rede de esgoto (89,31%) e coleta de lixo urbano (97,71%) em sua residência. Em relação aos hábitos alimentares, a maior parte das gestantes consumia leite pasteurizado (89,31%), vegetais crus (99,24%) e carnes cruas/malcozidas (67,94%) e, no geral, 50,38% das mulheres relataram o hábito de limpar/lavar frutas e verduras em água corrente apenas. No contexto inflamatório, constatou-se que mulheres infectadas cronicamente apresentavam maiores concentrações plasmáticas de IL-33, CXCL16 e de CCL2 em relação ao grupo das gestantes não infectadas. Gestantes com sorologia sugestiva de infecção recente (IgM+/IgG+) apresentaram elevação na concentração plasmática de IL-17, sendo este perfil similar ao observado na infecção crônica (IgM-/IgG+). Como conclusão deste estudo sugere-se maior risco de transmissão congênita de T. gondii em mulheres multigestas, além de um potencial papel protetor para os biomarcadores plasmáticos IL-17, IL-33, CXCL16 e CCL2 nas fases inicial e crônica infecção em gestantes.
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    Qualidade do sono durante a pandemia e suas interfaces com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D.
    (2022) Menezes Júnior, Luiz Antônio Alves de; Meireles, Adriana Lúcia; Andrade, Amanda Cristina de Souza; Meireles, Adriana Lúcia; Andrade, Amanda Cristina de Souza; Rodrigues, Paulo Rogério Melo; Caiaffa, Waleska Teixeira; Vieira, Renata Adrielle Lima; Amaral, Joana Ferreira do
    Introdução: O sono é um comportamento natural e imprescindível, ocupa cerca de um terço de nossas vidas e é fundamental para o nosso bem-estar físico, mental e emocional. A qualidade do sono e os problemas relacionados afetam praticamente todas as áreas da saúde e a maioria desses problemas pode ser tratada ou prevenida de forma eficaz, a partir do diagnóstico correto e da identificação e prevenção dos fatores de risco relacionados. O estudo do sono é recente na literatura e ainda é pouco claro o papel de certos determinantes, como o consumo alimentar, o comportamento sedentário e a vitamina D. Objetivos: Avaliar a qualidade do sono da população adulta da região dos Inconfidentes (MG) durante a pandemia da covid-19 e sua associação com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D sérica. Metodologia: Foi realizado um inquérito soroepidemiológico transversal de base populacional com coleta de dados domiciliar em dois municípios da região dos Inconfidentes (Ouro Preto e Mariana), entre outubro e dezembro de 2020. Por meio de uma entrevista face a face foram avaliadas questões sociodemográficas, de comportamentos e condições de saúde. A qualidade do sono foi medida pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e classificada como sono de boa qualidade (0-5 pontos) ou de má qualidade (> 5 pontos). Também foi realizada a coleta de sangue para a determinação de vitamina D sérica. Em todos objetivos propostos, a variável desfecho foi a má qualidade do sono. No primeiro objetivo, avaliou-se a qualidade do sono e sua associação com fatores sociodemográficos, condições de saúde e aspectos relacionados a pandemia da covid-19. No segundo objetivo, que foi avaliar a associação do consumo alimentar com a qualidade do sono, a variável exposição foi uma pontuação de ingestão de alimentos que considerou a frequência de consumo e a extensão e propósito do processamento de alimentos. A pontuação total variou de 0 (melhor) a 48 pontos (pior qualidade da alimentação), categorizados em quartis. Além disso, foi avaliado se os indivíduos substituíram seu almoço e/ou jantar por alimentos ultraprocessados por cinco, ou mais dias na semana. O terceiro objetivo foi avaliar a associação do comportamento sedentário isolado e em conjunto com a prática de atividade física na qualidade do sono. A variável exposição foi o comportamento sedentário, medido a partir do autorrelato do tempo total sentado em horas por dia, e o efeito da razão entre o tempo gasto em atividade física no lazer moderada a vigorosa pelo tempo em comportamento sedentário. Indivíduos com nove horas ou mais de tempo total sentado foram classificados com comportamento sedentário elevado. E o último objetivo foi 5 avaliar a associação entre a vitamina D com a qualidade do sono, estratificado pela exposição a luz solar diária. A vitamina D (25(OH)D) foi determinada por eletroquimioluminescência indireta, e classificada como deficiência, valores de 25(OH)D < 20 ng/mL numa população saudável e 25(OH)D < 30 ng/mL para grupos em risco de deficiência de vitamina D (idade ≥ 60 anos, indivíduos com obesidade, cor de pele parda ou preta, com câncer, diabetes ou doenças renais crônicas). A exposição a luz solar diária foi classificada como "insuficiente" quando menor que 30 minutos por dia. As associações foram estimadas a partir de análise logística univariada e multivariada. Gráficos acíclicos direcionados (DAG) foram elaborados para auxiliar na seleção de conjuntos mínimos e suficientes de variáveis de ajuste para confundimento a serem incluídas nos modelos multivariados, a partir do critério da porta de trás (backdoor). Resultados: Foram avaliados 1.762 indivíduos, 998 do município de Ouro Preto (56,6%) e 764 de Mariana (43,4%). Em relação às características sociodemográficas dos participantes do estudo, 51,9% eram do sexo feminino, 47,2% da faixa etária de 35 a 59 anos, 53,2% indivíduos solteiros, 67,9% pretos ou pardos, 31,2% tinham até 8 anos de estudo e 41,1% possuíam renda familiar de até 2 salários mínimos. O IQSP teve uma pontuação média de 6,32 pontos (IC95% 6,03-6,62) e a prevalência de má qualidade do sono (IQSP > 5) foi observada em 52,5% (IC95% 48,6-56,4) do total da amostra. Em relação ao primeiro objetivo, as variáveis associadas a má qualidade do sono foram: ter uma perda de peso de 5,0% (OR:1,66; IC95%: 1,01-2,76) ou ganho de peso de 5,0% (OR:1,90; IC95%: 1,08-3,34), ter sintomas da covid-19 (OR:1,94; IC95%: 1,25-3,01), ter sintomas de ansiedade (OR:2,22; IC95%: 1,20-4,14) e viver sozinho (OR:2,36; IC95%: 1,11-5,00). Quanto ao segundo objetivo, observou-se que indivíduos no quartil 3 e 4, caracterizados por maior consumo de alimentos ultraprocessados e menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, tiveram maiores chances de má qualidade do sono (Q3=OR: 1,71; IC95%: 1,03-2,85; Q4=OR: 2,44; IC95%: 1,32-2,44) comparados aos indivíduos do primeiro quartil, caracterizados por maior consumo alimentos in natura/minimamente processados e menor consumo de alimentos ultraprocessados. Em relação ao comportamento sedentário (terceiro objetivo), na análise multivariada os indivíduos com comportamento sedentário de 9 horas ou mais por dia, tinham mais de chances de ter má qualidade do sono (OR: 1,81; IC95%: 1,10-2,97). E nos indivíduos com comportamento sedentário ≥ 9h, a prática de um minuto de atividade física moderada a vigorosa por hora de comportamento sedentário reduziu a chance de ter má qualidade do sono (OR: 0,83; IC95%: 0,70-0,96). Por fim, em relação ao quarto objetivo, encontramos que a prevalência de 6 deficiência de vitamina D foi de 32,2% (IC95%: 26,9-38,0), e na análise multivariada, a deficiência de vitamina D foi associada a má qualidade do sono apenas em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente (< 30 minutos/dia) (OR: 2,08; IC95%: 1,16-3,72). Além disso, em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente, cada aumento de 1 ng/mL nos níveis de vitamina D reduziu em 4,2% a chance de ter má qualidade de sono (OR: 0,96; IC95%: 0,93-0,99). Conclusão: Este estudo revelou que mais da metade dos indivíduos tinham má qualidade do sono durante a pandemia da covid-19, e que a perda ou ganho de peso, sintomas da covid-19, viver sozinho, ou ter sintomas de ansiedade foram associados a má qualidade do sono. Além disso, o maior consumo de alimentos ultraprocessados concomitantemente com menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, o comportamento sedentário elevado e a deficiência de vitamina D em indivíduos que tinham exposição a luz solar insuficiente foram associados a má qualidade do sono. Dessa forma, este estudo fornece subsídios para a elucidação de alguns determinantes do sono, permitindo a formulação de políticas, programas e ações, apoiando a gestão em saúde e contribuindo para a promoção da qualidade do sono.