PPGEDU - Doutorado (Tese)

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    Avaliação de habilidades de matemática da BNCC para os anos finais do ensino fundamental.
    (2024) Mol, Solange Maria; Matos, Daniel Abud Seabra; Motta, Carlos Eduardo Mathias; Matos, Daniel Abud Seabra; Motta, Carlos Eduardo Mathias; Ferreira, Ana Cristina; Hamdan, Juliana Cesário; Soares, José Francisco; Gimenes, Nelson Antonio Simão
    A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define competências e habilidades consideradas essenciais para o desenvolvimento de todos os estudantes da educação básica. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as habilidades de Matemática, da unidade temática números, referentes aos Anos Finais do Ensino Fundamental da BNCC, de modo a identificar as que são passíveis de serem avaliadas em instrumentos de avaliação em larga escala. Os objetivos específicos foram: sintetizar habilidades de Matemática da unidade temática números da BNCC; elaborar um glossário de verbos, com significados voltados para a área da Matemática, a partir da Taxonomia Revisada de Bloom; categorizar habilidades de Matemática com base no domínio dos processos cognitivos e no domínio dos conhecimentos da Taxonomia Revisada de Bloom; elaborar itens para ilustrar possibilidades e limitações de testes de larga escala para avaliar as habilidades analisadas. Usamos a Taxonomia Revisada de Bloom como referencial teórico para analisar as habilidades. É uma taxonomia cognitiva composta por duas dimensões: conhecimento (factual; conceitual; procedimental; metacognitivo) e processos cognitivos (lembrar; compreender; aplicar; analisar; avaliar; criar). Analisamos 35 habilidades referentes à unidade temática números do 6o ao 9o ano. Realizamos uma pesquisa qualitativa, tendo a análise documental como estratégia. Para tratamento das habilidades, usamos a análise de conteúdo. As habilidades foram categorizadas em três grupos: Grupo 1, habilidades com dimensões cognitivas unitárias; Grupo 2, habilidades com dimensões cognitivas compostas; Grupo 3, habilidades complexas. No Grupo 1, em relação à redação das habilidades, percebemos algumas características, como excertos longos, presença de muitos verbos (três a quatro em média) e um excesso de detalhes. Depois, as habilidades foram sintetizadas e classificadas nas categorias da Taxonomia Revisada de Bloom e foi observada a ausência de habilidades do tipo de conhecimento metacognitivo e dos processos cognitivos mais complexos (avaliar e criar). As habilidades dos grupos 2 e 3 não passaram por esse processo de sintetização e classificação devido à sua estrutura muito ampla. Em relação à possibilidade de avaliação das habilidades por testes de larga escala de múltipla escolha, constatou-se que apenas habilidades unitárias (Grupo 1) podem ser avaliadas integralmente por esses instrumentos. Isso porque elas exigem a demonstração de uma aprendizagem pontual que pode ser observada na resolução de uma tarefa. As habilidades dos grupos 2 e 3 não se encaixam nesses modelos de avaliações de larga escala. São habilidades mais amplas que englobam mais de um processo cognitivo, por isso, um item de múltipla-escolha não consegue avaliar a totalidade de uma habilidade (o novo SAEB contará com itens de resposta construída, entretanto, ainda não está claro como isso acontecerá). Uma limitação do estudo diz respeito à amostra da pesquisa, porque a análise abarcou apenas as habilidades de Matemática da unidade temática números dos Anos Iniciais. Por fim, sugerimos que outras pesquisas sejam realizadas para analisar as demais unidades temáticas da Matemática, bem como de outras áreas de conhecimento, componentes curriculares e etapas de ensino.
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    “Eu tive de me reinventar” : narrativas docentes sobre a relação professor-aluno no ensino remoto emergencial.
    (2024) Gomes, Valdete Aparecida Fernandes Moutinho; Nunes, Célia Maria Fernandes; Nunes, Célia Maria Fernandes; Jardilino, José Rubens Lima; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Silva Peña, Ilich; Cunha, Maria Amália de Almeida; Alvim, Yara Cristina
    O ensino remoto emergencial (ERE), em função da pandemia de covid-19, trouxe profundas mudanças sobre a prática docente e o processo de ensino e aprendizagem. Nesta tese de doutorado em Educação, apresentamos os resultados de uma pesquisa em que objetivamos investigar a relação professor-aluno no ERE a partir da percepção das professoras. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual recorremos à aplicação de questionários de perfil socioeconômico, realização de entrevistas narrativas e rodas de conversa com 15 professoras de três escolas do ensino fundamental I (uma municipal, uma estadual e uma particular), localizadas na cidade de Mariana-MG. Como referencial teórico, o estudo baseia-se na pedagogia crítico- dialógica proposta por Paulo Freire ao longo de sua obra. Alicerçamo-nos ainda em pressupostos teóricos que enfatizam a centralidade da dimensão humana no exercício da docência e os desdobramentos do ERE, no contexto da pandemia de covid-19. Entre os resultados da pesquisa, destacamos o processo de reinvenção docente, que abarcou a relação professor-aluno, a relação escola-família e a incorporação pedagógica das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Motivadas pelo compromisso político com a docência, as professoras criaram estratégias variadas para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem, para a manutenção dos vínculos com os alunos e o enfrentamento dos muitos desafios que incorreram sobre a prática docente no ERE: as lacunas na formação, a precariedade das condições de trabalho e a exclusão digital. Assim, lançaram-se, individual e coletivamente, à autoformação digital e investiram seus próprios recursos no provimento dos equipamentos digitais e conexão de internet. Estabeleceram outras formas de relação e diálogo com seus alunos. Dessa forma, a pesquisa revela o protagonismo docente e demonstra a necessidade de uma agenda política que considere a vivência do ERE.
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    A experiência docente como recurso para a construção de saberes para ensinar com questões sociocientíficas.
    (2024) Oliveira, Thais Mara Anastácio; Mozzer, Nilmara Braga; Mozzer, Nilmara Braga; Nunes, Célia Maria Fernandes; Paula, Leandro Silva de; Munford, Danusa; Scarpa, Daniela Lopes
    Neste trabalho investigamos como as experiências profissionais mobilizadas por professores de Ciências são usadas como recurso para a construção de saberes para ensinar com QSC. A partir de um levantamento sistemático da literatura da área argumentamos sobre a importância de se estudar os saberes docentes considerando-se a sua dimensão social. Nossa inserção no campo de pesquisa como observadoras participantes nos levou a propor três questões de pesquisa: (i) qual o papel atribuído pelos professores do grupo às experiências profissionais mobilizadas por eles nas interações discursivas?; (ii) como esses professores usavam essas experiências ao longo das suas interações discursivas no curso?; e (iii) quais relações podemos estabelecer entre a mobilização das experiências profissionais e a construção de saberes para ensinar com QSC naquele contexto e em contextos mais amplos? Orientadas por uma perspectiva etnográfica e apoiadas no estudo dos domínios e temas culturais e em alguns pressupostos da abordagem microetnográfica do discurso, investigamos a participação de um grupo de treze professores de Ciências em um curso intitulado “Questões sociocientíficas na formação continuada de professores de Ciências”, desenvolvido de forma online. Todos os encontros do curso foram gravados na própria plataforma. Para a construção dos dados recorremos à uma variedade de ferramentas etnográficas, como: observação participante; anotações de campo; entrevistas individuais com os professores e análise de artefatos produzidos por eles ao longo do curso. A partir de um movimento recursivo para a análise dos dados, identificamos domínios e temas culturais associados à participação dos professores na construção discursiva de saberes para ensinar com QSC, que nos permitiram uma visão mais holística da cena cultural, ao mesmo tempo em que focamos em detalhes mais específicos desta. Além disso, utilizamos a análise microetnográfica do discurso para evidenciar como construímos aqueles domínios culturais e para fornecer evidências materiais que nos permitissem responder às nossas questões de pesquisa. Identificamos que as experiências profissionais mobilizadas pelos professores eram compostas por uma variedade de elementos, que atuavam como recursos para a construção de saberes para ensinar com QSC. Dentre estes destacam- se saberes relacionados à natureza das QSC, à sua abordagem no ensino e às dificuldades dos estudantes. Essas aprendizagens estavam relacionadas aos usos que os professores faziam de suas experiências no discurso, os quais ampliavam ou restringiam suas oportunidades de aprender naquele contexto. Além disso, nosso estudo daquele grupo de professores de Ciências nos possibilitou compreender que a incorporação (ou não) de práticas pedagógicas voltadas para o ensino com QSC depende do alinhamento destas às demandas enfrentadas na profissão. Esperamos que as compreensões que alcançamos com essa investigação possam inspirar a promoção de cursos de formação continuada que busquem desenvolver cenários profícuos para a criação e manutenção de comunidades discursivas de professores nas quais o compartilhamento de suas experiências profissionais potencialize suas aprendizagens. Além disso, considerando o caráter social, contextual e situado dos saberes docentes, sugerimos que mais pesquisas sejam realizadas na tentativa de dar visibilidades a estes aspectos pela adoção de lógicas de investigação que assumam professores em interação uns com os outros como unidade de análise.
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    Educação escolar na comunidade Quilombola da Pontinha (MG) : entre histórias e memória de docentes.
    (2024) Vale, Ricardo Ferreira; Ferreira, Ana Cristina; Ferreira, Ana Cristina; Jardilino, José Rubens Lima; Nunes, Celia Maria Fernandes; Miranda, Shirley Aparecida de; Santos, Lorene dos
    A presente pesquisa procura desvelar a educação escolar ofertada pela Escola Municipal Dr. Teófilo Nascimento, localizada na Comunidade Quilombola da Pontinha, em Paraopeba/MG por meio de histórias e memórias de seis professores(as) que ali atuam e/ou atuaram, bem como por documentos e observações realizadas em visitas à comunidade. Ela se embasa na literatura relativa à Educação Escolar Quilombola e se desenvolveu como um estudo exploratório de abordagem qualitativa. A Educação Escolar Quilombola é um antigo anseio do movimento negro brasileiro. Contudo, questões políticas e históricas tornam-se obstáculos para a efetivação dessa modalidade de ensino. Assim, discutir esta temática é lançar luz a grupos invisibilizados e excluídos em diversas dimensões da vida social, partindo do reconhecimento da Educação como direito de todos. Mais que isso, é direito de todos o acesso a uma Educação pública, gratuita e de qualidade, na qual a diversidade seja valorizada. . Neste estudo, a coleta de informações e a produção de dados se deu por meio de observações realizadas na comunidade e na escola, bem como de entrevistas semiestruturadas e da análise de documentos. Os resultados evidenciam que a criação de mecanismos legais (Diretrizes para a Educação Escolar Quilombola) não é suficiente para garantir a efetivação dessa modalidade de ensino. As falas dos(as) entrevistados(as) desvelam, entre outros tópicos, a compreensão de que ser quilombola é ser negro(a) e ter que lutar (pelo território, por respeito, para manter sua cultura), mas, por outro lado, também trazem indícios de que eles(as) valorizam uma escola “que não deixa a dever” em relação à da cidade. Tudo isso corrobora a tese de que o silenciamento e a invisibilidade foram/são tão profundos que é preciso que a própria comunidade resgate sua identidade quilombola, especialmente, com as novas gerações, e que perceba que pensar em uma Educação Escolar Quilombola é valorizar sua própria cultura. Em paralelo, pensando na Educação Escolar ofertada pela escola da Pontinha, fica evidente a necessidade de maior apoio governamental no sentido de ofertar e garantir uma formação continuada que represente os anseios dos(as) docentes e que os(as) apoie tanto em seu desenvolvimento profissional quanto na promoção de estratégias que possam aproximar escola e comunidade em torno de sua cultura e tradições, de seu valor e de sua herança.
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    Branquitude e negritude em cena : efeitos na constituição da subjetividade de crianças a partir da identificação com personagens de cinema.
    (2024) Camilloto, Ludmilla Santos de Barros; Diniz, Margareth; Diniz, Margareth; Silva, Karina Gomes Barbosa da; Sól, Vanderlice dos Santos Andrade; Gomes, Nilma Lino; Guerra, Andréa Maris Campos
    Esta pesquisa teve como ponto de partida a pergunta feita por uma criança branca acerca da ausência de personagens negros nos filmes aos quais assistia. Constatada a sub-representação e a representação estereotipada da negritude no cinema hollywoodiano, sobretudo nos filmes amplamente assistidos por crianças e que retratam super-heróis e princesas da Disney como personagens principais, a pergunta foi reformulada, complexificando-a ao trazer outros aspectos para a análise. Nesse sentido, o estudo pretendeu investigar se e como a oferta de personagens negros como protagonistas em produções cinematográficas com representações positivas da negritude, de seus corpos, sua existência e sua cultura, poderia funcionar como catalisador identificatório para as crianças, produzindo efeitos em sua subjetividade. A intenção foi, então, debruçar-se sobre o agenciamento da branquitude no cinema e suas implicações na constituição da subjetividade infantil, em razão da presença marcante de personagens brancos disponíveis como espelhos identificatórios e da ausência expressiva de modelos identificatórios positivos da negritude nesse espaço. Além disso, a pesquisa objetivou contribuir para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas críticas e emancipatórias, sugerindo a utilização do cinema como dispositivo pedagógico nas escolas. Considerando, portanto, a pluralidade de elementos contidos na pergunta inicial e nos objetivos propostos, a pesquisa apoiou-se na abordagem multiperspectívica e na ideia de hibridez, articulando contribuições teóricas e metodológicas de quatro diferentes campos epistemológicos, a saber, os Estudos Étnico-Raciais (Teoria Crítica da Raça e Estudos Críticos da Branquitude), os Estudos Culturais (sobretudo acerca do cinema, as representações culturais e os estereótipos atribuídos à negritude), a Psicanálise (com ênfase nos conceitos de identificação, constituição do sujeito, ideal do eu e traumas psíquicos) e a Educação (no contexto da Educação Antirracista e da Lei 10.639/03). Partindo desses referenciais, o estudo desenvolveu os seguintes argumentos: 1) o racismo assume diferentes formas e estratégias para continuar vigente, sendo uma delas a representação da negritude no cinema hollywoodiano, que se constitui como um espaço hegemonicamente dominado pela branquitude; 2) o cinema, mais do que proporcionar entretenimento, tem o condão de gerar influências na subjetividade, por meio da via identificatória e da produção de significações; e 3) a branquitude sustenta a produção de um modelo identificatório padrão e universal, por meio da mobilização de seus recursos materiais e simbólicos, reforçando um ideal de eu branco e, potencialmente, gerando traumas psíquicos naquele/a que distancia-se desse ideal, em razão das injunções do racismo. A pesquisa-intervenção, inserida no paradigma indiciário e orientada pelo método clínico, incluiu como estratégias metodológicas a realização de oficinas e entrevistas individuais com crianças da Educação Infantil de uma escola pública da cidade de Mariana - MG, visando escutá-las como sujeitos participantes e compreender como elas se apropriavam e respondiam às representações cinematográficas, especialmente em relação à questão racial, observando eventuais efeitos subjetivos. Por meio dessa metodologia e das categorias analíticas definidas (ideal do eu, eu ideal, traços identificatórios, autoidentificação racial, heteroidentificação racial, cabelo e representação), foi possível interpelar a branquitude como um sistema que exerce influência tanto na construção das representações culturais, quanto na constituição da subjetividade infantil. Desta maneira, os resultados da pesquisa sugerem que a amplitude da oferta de novos espelhos com representações positivas da negritude, tem o potencial de produzir efeitos nos processos identificatórios das crianças.
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    Atravessando labirintos : processos de socialização de jovens atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana-MG.
    (2024) Lebourg, Elodia Honse; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Ferreira, Carla Mercês da Rocha Jatobá; Reis, Juliana Batista dos; Valencio, Norma Felicidade Lopes da Silva
    O objeto de estudo desta pesquisa de doutorado em Educação relacionou-se às mudanças provocadas nas vidas de jovens em decorrência do rompimento da Barragem de Fundão, operada pela Samarco Mineração e por suas controladoras, Vale e BHP, em Mariana-MG, no dia 5 de novembro de 2015. O desastre resultou na perda de vidas e do local de moradia de pessoas que formavam as comunidades de Bento Rodrigues e de Paracatu de Baixo, entre outras. O objetivo principal da pesquisa foi compreender como foram afetados os processos de socialização de jovens atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão e que estavam matriculados no Ensino Médio em Mariana-MG e Ouro Preto-MG. O estudo se referenciou teoricamente na Sociologia da Educação, na Sociologia das Juventudes e na Sociologia dos Desastres. Metodologicamente, a pesquisa foi realizada por meio de análise bibliográfica e documental, além do trabalho de campo, a partir de 12 entrevistas reflexivas interpretadas com perfis de configuração. Entre os resultados, está a constatação de que os laços de amizade que mantinham nos territórios de origem foram fragilizados após o desastre. Com o ingresso no Ensino Médio e a chegada à juventude, criaram novos vínculos, acessaram mais as redes sociais digitais, começaram a projetar seus futuros e suas famílias continuaram sendo uma base importante. A pandemia de COVID-19 desorganizou ainda mais os laços de sociabilidade com os pares dos territórios atingidos, aumentou as interações digitais e agravou a condição mental desses jovens. Relatos de enfrentamento de preconceito e estigmatização, além de sofrimento mental, apareceram em todas as entrevistas e, para se preservarem, muitos não contavam que eram pessoas atingidas e se isolavam socialmente. Havia, para alguns, euforia e excitação diante de algumas novidades, mas todos revelaram sentir forte angústia, desespero e medo. Portanto, os resultados da pesquisa permitem concluir que as experiências socializadoras dos jovens entrevistados estavam ocorrendo em um contexto de profunda afetação diante do desastre que marcou completamente suas vidas, sobretudo por seu caráter traumático e compulsório.
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    A avaliação de desempenho docente na região dos Inconfidentes/MG sob a perspectiva de desenvolvimento profissional dos professores.
    (2024) Sampaio, Ana Maria Mendes; Jardilino, José Rubens Lima; Jardilino, José Rubens Lima; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Militão, Andréia Nunes; Souza, Ângelo Ricardo de; Silva Peña, Ilich Antonio Silva
    No Brasil, os baixos índices de desempenho dos alunos nas avaliações de larga escala e as estratégias políticas dos anos de 1990 que tiveram como intuito alavancar a qualidade e eficiência dos serviços públicos, dentre eles, a educação, influenciaram na crescente formulação e implementação de políticas de Avaliação de Desempenho Docente (ADD) por parte de diversas secretarias de educação do país (estaduais e municipais). Assim, esta pesquisa teve por objetivo analisar os modelos de ADD propostos pelas redes públicas de ensino municipal da Região dos Inconfidentes/MG, tendo em conta as percepções dos professores e avaliadores, frente ao Desenvolvimento Profissional Docente (DPD). O estudo está vinculado ao Grupo de Pesquisa: Formação e Profissão Docente (FOPROFI), no âmbito do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Ouro Preto/MG e foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que adotou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Na produção de dados, foram utilizados questionários de caracterização e entrevistas semiestruturadas. O estudo contou com a participação de 10 professores (Educação Infantil e Ensino Fundamental I) e 10 avaliadores da ADD (coordenadores e diretores de escolas), todos pertencentes às redes públicas municipais de ensino da referida região, composta pelos municípios de Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Itabirito, Mariana e Ouro Preto. Dentre outras legislações, o aparato legal investigado privilegiou os Planos Municipais de Educação e os Planos de Carreira do Magistério, referentes ao lócus da pesquisa. A análise documental revelou que os modelos de ADD investigados, a partir dos planos de carreira, vêm sendo regidos pelo princípio do desempenho, com foco na produtividade, competência e eficiência. Para tanto, se apropria de uma linguagem do campo empresarial e de cunho operacional, desmerecendo as peculiaridades e subjetividades inerentes à profissão de professor. Os planos de carreira não apontam perspectivas formativas, advindas dos resultados encontrados na ADD, e apresentam um acentuado viés de julgamento voltado para questões de ordem burocrática. Além disso, nenhuma das redes públicas municipais de ensino investigadas possui lei específica direcionada para a regulação da ADD. A partir das falas dos participantes, percebeu-se que os modelos de ADD utilizados nas redes públicas municipais de ensino da Região dos Inconfidentes, ao invés de se revelarem como políticas indutoras de Desempenho Profissional Docente (DPD), são apontados como mecanismo burocrático, com fins fundamentais de intervir na concessão da progressão horizontal da carreira dos professores. Os resultados mostraram ainda que os modelos de ADD estudados desperdiçam: 1) o viés formativo, passível de ser alcançado por meio de feedbacks que, por sua vez, precisam observar a formação dos avaliadores, elementos da valorização da carreira, as condições de trabalho, as relações interpessoais dentro das escolas e as condições socioeconômicas dos alunos; 2) o viés organizacional, tendo em vista as contribuições que a ADD pode oferecer para o levantamento de indicadores capazes de interferir na qualidade do desempenho gestor das Secretarias Municipais de Educação, a quem cabe prezar por processos de DPD e pela melhoria dos processos educativos. O estudo apontou aspectos que podem nortear o desenho de novos modelos de políticas de ADD e a necessidade de uma avaliação sistêmica das redes de ensino investigadas, que envolva as unidades escolares e as secretarias municipais de educação. Mostrou-se, assim, como uma pesquisa capaz de possibilitar outros olhares, interpretações, ressignificações e reorganizações desse tipo de avaliação por parte dos órgãos gestores de educação municipal, dos professores, dos avaliadores e das comunidades escolares.
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    Sementes de esperança : militâncias-educadoras de mulheres do campo e a produção de territorialidades de vida e resistências na Zona da Mata mineira.
    (2023) Campos, Alessandra Bernardes Faria; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Torres, Marco Antônio; Ramalho, Bárbara Bruna Moreira; Santos, Marcelo Loures dos; Silva, Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues; Nascimento, Iracema Santos do; Fernandez, Thais Almeida Cardoso
    Este texto apresenta os percursos e resultados de uma tese de doutorado, que tem como objeto de análise as relações entre mulheres do campo, Educação Popular e anticolonialidade. Operando com uma concepção de educação que não se restringe à educação escolar, mas que se estende à produção de formas de estar sendo no mundo e de produção de cosmopercepções, nos perguntamos sobre o papel, a natureza e os sentidos educativos da presença e atuação de mulheres nas lutas populares. Direcionando nossas sensibilidades interpretativas para a presença e a práxis educadora de mulheres de três frentes de luta: o projeto GENgiBRE, a Rede SAPOQUI – Rede de Saberes dos Povos Quilombolas da Zona da Mata e a Comissão Regional de Enfretamento à Mineração da Serra do Brigadeiro/Puri. O objetivo do estudo é compreender de que maneira as mulheres denunciam e tensionam as colonialidades no campo da Zona da Mata mineira, inclusive presentes nas lutas populares na região, anunciando percepções, posicionamentos e alternativas anticoloniais. Em termos teórico-político-metodológico, nos amparamos em referenciais delimitados como anticoloniais, como obras, reflexões e ações balizados pelos processos desencadeados pela colonização, perpetuados pela colonialidade nos territórios conquistados. Aqui estão presentes autoras e autores do pensamento decolonial, bem como referências das abordagens descoloniais e contracolonial. Também dialogamos com o campo das epistemologias feministas, em sua multiplicidade, como os feminismos subalternos e decoloniais/ descoloniais, os feminismos negros e os feminismos críticos. Soma-se à essas referências, leituras que debatem Educação Popular. Com estas autoras e autores, refletimos sobre educação e colonialidade, desigualdades e violências de gênero, racismo, eurocentrismo e epistemicídio, bem como sobre resistências e produção de alternativas protagonizadas pelas mulheres. Com referência na Pesquisa Participante, acompanhamos a ação militante de cinco mulheres, lançando percepções sobre tais ações, estas registradas em cadernos de campo, partilhados com elas, os quais nomeamos Relatos Compartilhados. Além disso, realizamos entrevistas narrativas no formato de Rio da Vida. Como resultados de pesquisa, em diálogo com os debates no campo dos Movimentos Sociais e Educação, formulamos a categoria militante- educadora, compreendendo a militância como produtora de processos educativos. Também foi possível afirmar a presença protagonista e particular das mulheres nas lutas sociais do campo da região na qual atuam, identificando percepções, produzidas socialmente, que marcam sua presença no mundo e sua ação militante. O corpo, o cuidado, a afetividade, a solidariedade aparecem como constitutivas do fazer militante-educador dessas mulheres, expressos tanto nas relações interpessoais, quanto nos instrumentos que produzem no contexto das lutas populares. A partir dessa pesquisa foi possível identificar elementos que ajudam a perceber a forma dinâmica e sensível, mas também contraditória, com que se (re)cria a Educação Popular em contextos colonizados. Em especial, afirma o papel protagonista e central das mulheres na defesa e na produção dos territórios autodeterminados pelos coletivos populares do campo, numa perspectiva popular, anticapitalista, feminista e antirracista.
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    Caracterização das práticas epistêmicas que emergem da discussão de uma questão sociocientífica em um grupo de licenciandos em química.
    (2023) Ramos, Tatiana Costa; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mendonça, Paula Cristina Cardoso; Mozzer, Nilmara Braga; Lima, Guilherme da Silva; Munford, Danusa; Silva, Fernando César
    A presente pesquisa teve objetivo de caracterizar as práticas epistêmicas centrais adotadas por um grupo de licenciandos em Química durante a discussão de uma questão sociocientífica (QSC) sobre o consumo de carne de origem animal. Neste trabalho compreendemos práticas epistêmicas, segundo Kelly (2008), como as formas com que os membros de uma comunidade interagem visando propor, avaliar, comunicar e legitimar o conhecimento. As QSC são problemas socioambientais e/ou sociocientíficos controversos, que possuem relações com a Ciência e são influenciados por aspectos éticos, morais, econômicos, políticos e ambientais (Conrado e Nunes-Neto, 2018). A investigação foi motivada pela escassez de pesquisas da área de Educação em Ciências que avaliam como e porque as práticas epistêmicas são adotadas por estudantes e como elas podem auxiliar na discussão de uma QSC em sala de aula. A pesquisa foi realizada na formação inicial de professores de Química no contexto da disciplina de Metodologia do Ensino de Química em uma turma de licenciatura em Química do sétimo período do curso. A coleta de dados aconteceu durante o desenvolvimento de uma sequência didática (SD) com a abordagem pedagógica QSC, baseada em Conrado e Nunes-Neto (2018). A coleta de dados ocorreu durante doze aulas, com duração de uma hora e quarenta minutos. A pesquisa foi orientada pelos pressupostos da abordagem de pesquisa qualitativa, segundo Stake. Delimitamos nosso olhar para um grupo de licenciandos da turma. A construção dos dados foi realizada por meio de observação, registro das atividades desenvolvidas pelos licenciandos, áudio e vídeo gravação. As interações discursivas que ocorreram em sala de aula foram transcritas e realizamos a análise dos dados em duas etapas. Na primeira etapa investigamos o contexto de construção de conhecimento na sala de aula, a situação de resolução da QSC e selecionamos os episódios de ensino. Na segunda etapa buscamos compreender as práticas epistêmicas por meio da análise das interações discursivas que ocorreram entre os membros do grupo de licenciandos em cada episódio de ensino. A análise indica que os licenciandos centralizaram diferentes práticas epistêmicas durante a proposição, comunicação, avaliação e legitimação dos conhecimentos relacionados a QSC. Notamos a recorrência da prática epistêmica de argumentar por meio de conhecimentos prévios e interpretação do texto para propor conhecimentos durante a discussão da QSC. Por meio daquela prática epistêmica os licenciandos foram reconhecendo novas informações e fundamentando os posicionamentos deles sobre a QSC. Percebemos que a modificação da dinâmica social do grupo de licenciandos influenciou na adoção de práticas epistêmicas. Evidenciamos que os critérios epistêmicos assumiram papel fundamental de nortear o uso e seleção das práticas epistêmicas pelos licenciandos. Concluímos que a discussão da QSC por meio das práticas epistêmicas favoreceu a construção de conhecimentos justificados e reflexões acerca das ações dos estudantes com relação ao problema socioambiental. Consideramos que a escolha metodológica da pesquisa trouxe avanços na identificação dos atributos interacional, contextual, intertextual e consequencial das práticas epistêmicas em sala de aula.
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    Lugar de pedagoga(o) não é somente na escola : trajetórias formativas e profissionais de pedagogas(os) que atuam em espaços de educação não escolar no estado de Minas Gerais.
    (2023) Lucindo, Nilzilene Imaculada; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Jorge, Liliane dos Santos; Silvestre, Magali Aparecida; Severo, José Leonardo Rolim de Lima
    A atuação da(o) pedagoga(o) em espaços de educação não escolar (ENE) vem se constituindo um campo de investigação em crescimento na área da educação. Esta constatação pode estar relacionada com as atuais demandas de formação requeridas pela sociedade contemporânea e com a Resolução CNE/CP no 01/2006 que estabeleceu as diretrizes para o curso de Pedagogia e ressaltou a necessidade de o curso propiciar o conhecimento sobre os espaços não escolares. A pesquisa que ora se apresenta buscou investigar como se constituiu a trajetória formativa e profissional de pedagogas(os) que se inserem em espaços de ENE, especificamente, em espaços de tratamento e promoção de saúde (hospitais, centros e demais unidades ligadas à área de saúde), espaços de promoção da cultura (museus e demais equipamentos culturais) e espaços de privação de liberdade (presídios, penitenciárias, centros socioeducativos etc.), no Estado de Minas Gerais. Como objetivos específicos, a investigação se propôs a caracterizar o perfil profissional das(os) pedagogas(os) que atuam em espaços de ENE no cenário mineiro; compreender como se deu a formação no curso de Pedagogia a partir da percepção dos sujeitos; identificar como ocorreu a inserção profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE; explicitar os fatores que interferem na atuação profissional das(os) pedagogas(os) nos espaços de ENE. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que adotou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados o questionário e a entrevista semiestruturada. Para tratar os dados coletados recorreu-se à técnica de análise de conteúdo. Os dados produzidos sinalizaram que, na percepção das pedagogas e do pedagogo entrevistados, as instituições de ensino superior onde elas e ele concluíram a graduação ofertaram o curso de Pedagogia voltado para a educação escolar, independente da época em que esse foi realizado. Os achados atestaram que a formação para os espaços de ENE tem se demonstrado insuficiente ou não tem sido contemplada nos cursos de Pedagogia, pois, privilegia-se a formação para a docência e o âmbito escolar. A razão mais indicada pelas pedagogas e pelo pedagogo para ingressarem nos espaços de ENE é o interesse em atuar fora do espaço escolar. Os fatores que interferem na atuação profissional das pedagogas e do pedagogo se referem à articulação entre a área de educação e a área finalística da instituição, à mobilização do conhecimento pedagógico e ao trabalho coletivo. As pedagogas e o pedagogo realizam atividades intrinsecamente relacionadas com a educação do público-alvo vinculado aos espaços investigados nesta pesquisa, sendo a organização do trabalho pedagógico uma ação comum a todos os profissionais. A partir dos dados evidenciados e com base no interesse que as pedagogas e o pedagogo manifestaram pelos espaços de ENE, afirma-se que a formação para esses espaços é uma necessidade formativa. Defende-se que a formação da(o) pedagoga(o) para os espaços de ENE deve ser contemplada de maneira sistemática no curso de Pedagogia e que se deve conhecer com maior profundidade as peculiaridades da atuação para cada um desses espaços com vistas a alcançar uma formação mais consistente.
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    O mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo.
    (2023) Machado, Raphael Ribeiro; Carvalho, Rosana Areal de; Carvalho, Rosana Areal de; Jardilino, José Rubens Lima; Reis, Mateus Fávaro; Galvão, Ana Maria de Oliveira; Faria Filho, Luciano Mendes de
    Nosso objeto reside sobre a coleção de revistas de cultura intitulada Mensario do Jornal do Commercio e o seu projeto cultural e educativo, produzido sob o intuito de, como o anúncio de seu aparecimento informa em fevereiro de 1938: servir de subsídio formador para os que queriam andar ao passo da intelectualidade nacional. Investigamos, portanto, como foi produzida a coleção do Mensario do Jornal do Commercio e como sua condição de subsídio formativo da intelectualidade brasileira foi concebido? A questão central reside sobre como pessoas e grupos sociais pensam, se organizam e produzem representações sobre a cultura e a educação em um determinado tempo histórico e se utilizam da escrita para dar vazão às suas visões de mundo e com isso intervir sobre os espaços públicos. A coleção do Mensario foi publicada entre 1938 e 1946, reunida em 33 tomos e 99 volumes. Classificado pelos seus produtores de “Revista de Alta Cultura” e proposto para “servir á intelligencia e á cultura do paiz”, o Mensario foi fruto de um processo editorial e funcionou como coletânea proveniente da seleção dos artigos de colaboração publicados no Jornal do Commercio(RJ). Entendemos os impressos enquanto lugares de produção, recepção e difusão de diferentes matrizes de pensamentos sociais, culturais, econômicas e políticas; como produtos de sua época e inscritos em uma trajetória histórica de produção do objeto escrito para a comunicação no espaço público. Neles podem ser notadas maneiras de ler e escrever, projetos de sociedade, de cultura, de educação e de nação. Projetos culturais diversos e possíveis interfaces com a agenda política estatal e de grupos sociais. Atuamos sob a hipótese de que o Mensario foi fruto de uma estratégia político-cultural da empresa liderada por Elmano Cardim e se constituiu como um subsídio de estudos, por meio de suas prescrições de leitura e de escrita, a fim de participar diretamente da formação intelectual das elites em consonância com as políticas culturais e que são também educacionais no contexto de leitura e retórica discursiva de formação de uma nova nacionalidade. Portanto, o Mensario foi produzido enquanto um suporte formativo nos anos do Estado Novo. Com isso, produzimos uma imagem de sua materialidade, da sua condição de existência e da atuação educativa dentro da cultura escrita brasileira nos anos de 1930 e 1940. A tese foi dividida em três partes sobre o projeto editorial, sobre as colaborações e sobre os colaboradores e o editor e esperamos que este texto contribua para os leitores e estudiosos que pertencem aos campos da História da Educação, do Impresso e da Cultura Escrita brasileira, locais aos quais nos identificamos.
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    Avaliação das habilidades de leitura da BNCC para os anos finais do ensino fundamental.
    (2023) Roncete, Karine Votikoske; Matos, Daniel Abud Seabra; Corrêa, Hércules Tolêdo; Matos, Daniel Abud Seabra; Corrêa, Hércules Tolêdo; Lages, Rita Cristina Lima; Hamdan, Juliana Cesário; Soares, José Francisco; Coscarelli, Carla Viana
    Em 2017, o Governo Federal homologou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental. O documento normativo tem como um de seus objetivos, assegurar que conteúdos básicos de aprendizagem sejam garantidos aos estudantes. Para alcançá-lo, a BNCC pauta-se em competências e habilidades. Esta pesquisa se propôs a avaliar as habilidades de Leitura referentes aos anos finais do Ensino Fundamental da Base Nacional Comum Curricular. O principal referencial teórico utilizado foi a Taxonomia revisada de Bloom, que além de ser usada amplamente no contexto educacional, também serviu de base para a reestruturação da matriz de referência do SAEB. A Taxonomia revisada de Bloom possui duas dimensões: o processo cognitivo e o domínio do conhecimento. Este divide-se em quatro tipos: factual, conceitual, procedimental e metacognitivo. Já aquele, em seis: lembrar, compreender, aplicar, analisar, avaliar e criar. A Taxonomia nos auxiliou para a elaboração de um glossário de verbos, separados por processos cognitivos, e na reescrita das habilidades. Analisamos 58 habilidades de Leitura e elas foram separadas em 4 grupos: i) habilidades que não são de leituras: retirou- se tudo o que não era pertencente a leitura (seja a habilidade inteira, seja parte dela); ii) habilidades que se relacionam indiretamente com leitura: são aquelas que, apesar de importantes, só poderiam acontecer após ocorrer a leitura em si; iii) habilidades de efeito de sentido: foram dez habilidades sobre o tema integradas em uma única habilidade e iv) outras habilidades analisadas. Desse último grupo, analisamos 35 habilidades. Buscamos clarificar o sentido das habilidades, deixando apenas sua “ideia central”. Para ajudar na apropriação do material, também tivemos um cuidado de tentar equilibrar a quantidade de habilidades em cada processo cognitivo. Esse equilíbrio é importante, uma vez que habilidades de baixa complexidade são imprescindíveis para o aprendizado, desde que não sejam parte dominante do material pedagógico. Dessa forma, chegamos ao resultado de 28 habilidades, distribuídas pelos processos cognitivos da seguinte forma: 4 em Lembrar; 8 em Compreender; 9 em Analisar; 5 em Avaliar e 2 em Criar. A maioria deles são pertencentes ao domínio do conhecimento “conceitual” (21); 5 pertencem ao “factual” e 2 ao “procedimental”. Com esse conjunto de habilidades, mobilizadas em diferentes contextos, acreditamos ser possível formar um estudante proficiente em leitura. Por fim, elaboramos algumas questões com base em um texto de um livro didático de 7o ano, para ilustrar a mobilização de diversas habilidades analisadas. Uma limitação do nosso estudo foi restringir a análise apenas à parte de Leitura dos anos finais do Ensino Fundamental. É crucial investigar outras áreas temáticas nessa etapa de ensino, assim como nos anos iniciais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
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    Violência de gênero na docência : moral, hierarquia e poder na universidade pública.
    (2023) Dallapicula, Catarina; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Diniz, Margareth; Torres, Marco Antônio; Jardilino, José Rubens Lima; Maia, Marta Regina; Duarte, Marco José de Oliveira; Godinho, Ana Cláudia Ferreira
    Esta tese partiu dos testemunhos de cinco mulheres cis, incluindo a autora, sobre violências institucionais vividas no exercício da docência do ensino superior em universidades públicas brasileiras. Os convites foram feitos por amostra não probabilista intencional. Usamos no referencial teórico conceitos ligados a violência, relações de poder, discurso e verdade de Michel Foucault; poder maquínico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e, a partir da leitura de Marie-France Hirigoyen, percebemos que o que estávamos estudando não era assédio moral e, usando diversos autores e legislações, passamos a utilizar tortura moral para definir as práticas de violência cometidas pelo Estado e seus agentes que se repetem ao longo do tempo e têm por objetivo mudar as crenças, os discursos e os modos de ser de suas vítimas (seu eu) nos processos de gestão do trabalho nas universidades públicas brasileiras. Nosso objetivo geral era compreender como se estabelecem as relações de poder e resistência que fazem com que mulheres vivenciem cerceamentos e violências no exercício da docência do Ensino Superior em universidades públicas brasileiras. Sobre isso, chegamos à compreensão de que há um dispositivo que opera via tortura moral, a partir do qual essas relações de poder se estabelecem como mecanismos de correção. Os objetivos específicos previam analisar relações entre moral e hierarquia na produção de cerceamento e violências contra mulheres no exercício da docência no Ensino Superior em universidades públicas brasileiras (e concluímos que tanto os códigos morais compartilhados, quanto a hierarquia são usados para validar as práticas de violência institucional); verificar se há regularidades discursivas sobre gênero, sexualidades, questões étnico-raciais e de classe entre diferentes docentes ao narrarem processos de violência sofridos no exercício da docência em instituições públicas de Ensino Superior (as encontramos, mas encontramos também outras, como as ligadas ao uso das maternidades para validar violências); e identificar relações entre as violências narradas com códigos morais de gênero, sexualidades, étnico-raciais e classe em instituições públicas de Ensino Superior (o que foi possível ao analisar o uso dos códigos morais compartilhados na validação das violências institucionais que compõem práticas de tortura moral). Dessa investigação resultou a tese de que as violências impostas hierarquicamente a nós são parte de um dispositivo que opera por práticas de tortura moral, enquanto violência institucional, com o objetivo de que nos adequemos ao que é considerado apropriado à docência do Ensino Superior, pensada a partir de uma ideia de universidade criada na lógica moderna, eurocêntrica, caucasiana, heterossexual, cis, elitista e masculina.
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    Multiletramentos e usos das tecnologias digitais da informação e comunicação no ensino remoto emergencial.
    (2023) Dias, Daniela Rodrigues; Corrêa, Hércules Tolêdo; Corrêa, Hércules Tolêdo; Lima, Guilherme da Silva; Pimenta, Viviane Raposo; Coscarella, Carla Viana; Araújo, Júlio César Rosa de
    O objetivo geral desta tese é refletir, em tempos de pandemia da covid-19, sobre os relatos dos docentes e discentes, especificamente do Departamento de Computação e Sistemas - DECSI do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas - ICEA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP - Brasil, quanto às práticas de multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC a partir das estratégias didáticas adotadas no Ensino Remoto Emergencial - ERE em contexto de distanciamento social. Para tanto, estabelecemos os seguintes objetivos específicos: i) entender e apreender como foi para os professores e alunos a experiência com o ERE; ii) identificar os usos das TDIC por professores e alunos; iii) descrever as práticas de multiletramentos realizadas por professores e alunos e as estratégias didáticas adotadas pelos professores; iv) compreender a relação entre as práticas de multiletramentos e usos das TDIC com as estratégias didáticas e v) analisar os possíveis desafios da experiência com o ERE e perspectivas futuras. A fundamentação teórica é embasada nos estudos desenvolvidos por pesquisadores das áreas de Linguagens (Letramentos e Multiletramentos), Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC e Ensino Remoto Emergencial - ERE. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que utiliza como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A investigação adotou os procedimentos de coleta de dados concebidos por essa abordagem, tais como o formulário e entrevista semiestruturada on-line. Na sequência, a análise dos dados coletados foi realizada confrontando o referencial teórico levantado e os resultados encontrados na realização da pesquisa à luz do princípio ético de respeito à diferença e valorização dos sujeitos envolvidos. Os dados coletados evidenciam que as práticas de multiletramentos foram intensificadas no ERE em virtude da utilização das TDIC por professores e alunos como um dos principais meios de acesso e comunicação, permitindo aos professores transformarem as suas práticas pedagógicas com a adoção de diversificadas estratégias didáticas. Os achados desta investigação confirmam a nossa hipótese inicial, de que a situação da pandemia da covid-19 e o repentino distanciamento social, ao provocar mudanças no processo de ensino e aprendizagem, alterou o percurso formativo dos professores e alunos, a organização e adaptação das disciplinas, a gestão do tempo e espaço, a autonomia discente, a mediação pedagógica, os critérios de avaliação, concepção e adoção de estratégias didáticas baseadas em metodologias específicas e usos das TDIC. Os dados coletados também apontam para as perspectivas futuras de continuidade do Ambiente Virtual de Aprendizagem - Moodle durante as aulas presenciais, constituindo-se em uma proposta promissora para a educação, tendo em vista o cenário brasileiro e seus distintos contextos. Assim, esperamos que os dados e informações desta pesquisa possam contribuir para a elaboração de estratégias didáticas relacionadas aos estudos dos multiletramentos e usos das TDIC; desenvolvimento profissional docente; a valorização docente e das instituições públicas; compartilhamento das diversas iniciativas implementadas no contexto de distanciamento social; como também na elaboração de políticas públicas necessárias para a integração das TDIC em todas as modalidades da educação.
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    Trajetórias escolares “improváveis” : a longevidade escolar de universitários de camadas populares criados ou cuidados por seus avós.
    (2023) Carvalho, Tatiane Kelly Pinto de; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Coutrim, Rosa Maria da Exaltação; Nogueira, Marlice de Oliveira e; Campos, Alexandra Resende; Dias, Cristina Maria de Souza Brito; Cunha, Maria Amália de Almeida
    A sociedade contemporânea tem nos apresentado diferentes configurações familiares, em que avós são chamados a cuidar dos netos na ausência dos genitores. A literatura que trata desse tema nos mostra que os mais velhos oferecem, além da contribuição afetiva e emocional, auxílio no processo de escolarização dos netos e que isso se reflete na longevidade escolar. Nesse sentido, este estudo buscou compreender quais foram as principais estratégias e mobilizações dos avós que influenciaram a longevidade escolar e a inserção de seus netos jovens no Ensino Superior público. O referencial teórico pautou-se nas discussões do campo da Sociologia da Educação e das Relações Intergeracionais, revelando a lacuna de investigações sobre longevidade escolar de indivíduos de camadas populares criados pelos avós. A metodologia de pesquisa, de cunho qualitativo, pautou-se principalmente na aplicação de questionários a 279 estudantes do primeiro período dos cursos ofertados na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e na realização de entrevistas semiestruturadas com quatro estudantes e uma avó de cada uma delas, pertencentes aos meios populares, considerando aspectos da trajetória familiar e escolar. Entre os principais resultados da pesquisa, destacamos que todas as universitárias reconhecem a importância de suas avós ao longo de seus percursos escolares e pessoais, seja nos ensinamentos morais e éticos imprescindíveis à formação do ser humano, seja na contribuição ao longo do percurso na Educação Básica. Em relação às trajetórias escolares, notamos que as avós consideraram os esforços das netas, destacando o compromisso com as tarefas escolares e a criação de uma rede de apoio. As próprias famílias organizaram uma rotina de estudos e a supervisão apareceu como algo comum no processo de escolarização, manifestada em ações como a vigilância dos cadernos e boletins escolares, o comparecimento às reuniões escolares e o incentivo à leitura. Mesmo com baixa escolaridade, as avós das camadas populares ouvidas na pesquisa desenvolveram táticas que visaram à permanência das netas nos bancos escolares, o que indicou a necessidade de lançarmos luz ao papel destas protagonistas no processo de escolarização de netos por eles criados e/ou cuidados. Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que as relações intergeracionais entre avós e netos são muito mais ricas do que podemos perceber em uma primeira análise e que, portanto, merecem estudos mais aprofundados na área da Educação, considerando que os avós cuidadores têm impacto no processo de escolarização de seus netos.
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    Frações nos anos iniciais do ensino fundamental : uma análise de conhecimentos matemáticos que afloraram em situações de ensino ao longo de um curso de extensão.
    (2023) Patrono, Rosângela Milagres; Ferreira, Ana Cristina; Moreira, Plínio Cavalcanti; Ferreira, Ana Cristina; Moreira, Plínio Cavalcanti; Araújo, Regina Magna Bonifácio de; Nunes, Célia Maria Fernandes; Cyrino, Márcia Cristina de Costa Trindade; Ferreira, Maria Cristina Costa
    Esta pesquisa se insere na linha de pesquisa 1 – Formação de professores, Políticas Educacionais e História da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação e se desenvolve no contexto de um curso de extensão, tendo como objeto de estudo os conhecimentos matemáticos para o ensino de frações na Educação Básica. A questão norteadora do estudo é: Que conhecimentos matemáticos para o ensino de frações afloraram (isto é, foram efetivamente mobilizados ou são potencialmente mobilizáveis em situações de ensino e de aprendizagem de frações) no planejamento e no desenvolvimento de um curso de extensão voltado para professores que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental de Ouro Preto e região? Ao se apropriar de conhecimentos matemáticos para o ensino, o professor que ensina matemática vai se desenvolvendo profissionalmente e, nesse processo, é fundamental a associação dos conhecimentos com as situações de ensino que os requerem. Assim, tomando como base estudos sobre os conhecimentos matemáticos para o ensino, a teoria dos subconstrutos do número racional e a literatura que trata do ensino e da aprendizagem escolar desse tema, foi desenvolvido um curso de extensão com professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O propósito foi identificar, descrever, caracterizar e situar contextualmente conhecimentos matemáticos relevantes para o ensino de frações. A abordagem da pesquisa é qualitativa e os dados foram produzidos por meio de gravações em áudio e vídeo dos encontros, registros produzidos pelos participantes e diário de campo. A descrição e análise foram realizadas simultaneamente, à luz do referencial teórico utilizado e em diálogo com a literatura especializada. Foram identificadas mais de 40 formas de conhecimento matemático para o ensino que afloraram no planejamento e desenvolvimento do curso com as professoras. Foram identificados tanto os conhecimentos efetivamente mobilizados quanto aqueles potencialmente mobilizáveis, ampliando o leque possível de conhecimentos matemáticos relevantes para o ensino de frações nos anos iniciais. As associações entre as formas de conhecimento identificadas e as situações que as requerem proporcionam meios para que o professor reconheça, em situação, conhecimentos profissionais cuja demanda pode não ser percebida de modo “natural” no dia a dia de sua prática docente, uma vez que apresentam nuances e requerem elaborações teóricas específicas, condicionadas pela situação de ensino em que são requeridos. A partir da análise dos dados produzidos, foi possível levantar a hipótese de que existem aspectos positivos e negativos nas formas como o subconstruto parte-todo pode ser utilizado para promover a compreensão conceitual dos demais subconstrutos, especialmente no que se refere ao quociente e à representação como ponto da reta numérica. Esses aspectos sugerem, no mínimo, a necessidade de pesquisas futuras sobre essa questão específica. Os resultados obtidos contribuem, no geral, para fundamentar ações pedagógicas, referentes ao trabalho com as frações nos anos iniciais, voltadas para o desenvolvimento da prática docente do professor na escola, bem como a do professor formador em trabalhos de formação inicial ou continuada.
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    Análise dos contextos de implementação e os efeitos das políticas educacionais : um estudo sobre os programas de formação de professores na Região dos Inconfidentes-MG.
    (2023) Oliveri, Andressa Maris Rezende; Jardilino, José Rubens Lima; Jardilino, José Rubens Lima; Ferreira, Ana Cristina; Nunes, Célia Maria Fernandes; Farias, Isabel Maria Sabino de; Silva, Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da
    O presente trabalho tem como objetivo a análise da trajetória de implementação e os efeitos dos programas Prodocência, Obeduc e Pibid, implementados no período de 2009 a 2019 pela UFOP e IFMG/campus Ouro Preto, na formação de professores e nas escolas participantes. Como fio condutor deste estudo, foi estabelecida a seguinte pergunta: Quais os efeitos da política educacional materializada nos programas Prodocência, Obeduc e Pibid nas dimensões do conhecimento profissional docente, práticas pedagógicas, permanência e valorização da profissão? Considerando a atuação dos sujeitos sobre a política na trajetória de implementação desta, percebe-se que estes programas colaboraram para que houvesse efeitos não apenas na formação inicial de professores, mas também na formação continuada e no desenvolvimento profissional dos docentes do Ensino Superior e da Educação Básica integrantes/egressos destes programas. A sustentação teórica desta tese foi firmada nos conceitos de implementação, de atuação sobre a política e do Ciclo de Políticas. A trajetória da política é influenciada pela atuação dos atores sociais produzindo efeitos no contexto da prática. O caminho metodológico envolveu a entrevista semiestruturada com 22 docentes integrantes/egressos dos programas e a análise dos documentos produzidos no âmbito do governo federal e das Instituições de Ensino Superior (IES) formadoras. A Análise Crítica do Discurso e as teorias que tratam da política educacional e formação de professores nos auxiliaram no entendimento dos discursos constituintes da política nos contextos de influência, produção de textos e seus efeitos no contexto da prática. Sob a perspectiva dos entrevistados e documentos analisados, percebe-se como efeitos dos programas: discussão sobre política educacional; condições de trabalho; identidade e profissionalidade docente; aprendizagem da docência na constituição dos saberes e os aspectos políticos e sociais que envolvem a profissão e a vida dos sujeitos; maior aproximação entre IES e escolas; formação pela pesquisa; estímulo de práticas formativas diferenciadas nas IES e escolas; colaboração no desenvolvimento dos cursos de licenciatura. Os programas abrangeram atividades relacionadas aos três pilares das IES: ensino, pesquisa e extensão. E foram relevantes para as licenciaturas das IES que experimentaram um período fértil de desenvolvimento, consolidação e valorização no contexto institucional. Contudo, eles foram criados como políticas de governo, situação que colabora para a desmobilização, extinção e criação de novos programas sem a devida avaliação e o aprimoramento daqueles já existentes. É necessário o estabelecimento de uma política de Estado para a educação que contemple a formação crítica e reflexiva, a autonomia dos sujeitos, as condições de trabalho, a valorização da carreira, a jornada de trabalho e salários para que se possa ter uma educação de qualidade para todos.
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    Perspectivas de inovação nos projetos políticos pedagógicos e currículos voltados ao ensino de Ciências nos cursos de Pedagogia : um estudo envolvendo universidades federais do estado de Minas Gerais.
    (2023) Carvalho, Renata Cristina de Souza; Franco, Marco Antônio Melo; Franco, Marco Antônio Melo; Silva, Fábio Augusto Rodrigues e; Nunes, Célia Maria Fernandes; Campani, Adriana; Silva, Fernando César
    O cenário atual é marcado por avanços no campo cientifico e tecnológico e pelas transformações expressivas da sociedade quanto à sua função, estrutura e dinâmica. Esse quadro de evoluções e transformações têm influenciado o campo educacional no âmbito do ensino superior. Sugerem mudanças nas prioridades das instituições de modo que adaptem suas estruturas acadêmica, curricular, pedagógica e metodológica para operar de forma conectada a essas demandas contemporâneas. Esse movimento nos conduziu a pensar a inovação no contexto universitário e observar o papel e a importância que os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) podem apresentar, para que inovações sejam propostas e executadas. Por isso, no presente estudo, propôs-se investigar as tentativas de inovação nos projetos políticos pedagógicos (PPP) e currículos voltados ao Ensino de Ciências nos cursos de Pedagogia, oferecidos na modalidade presencial pelas Universidades Federais do Estado de Minas Gerais. O estudo dividiu-se em duas partes. A primeira parte referiu-se ao enquadramento teórico que subsidia a investigação, contextualizando sobre: 1) aspectos que orientam a formação inicial docente ressaltando a área de ensino de Ensino de Ciências - contextualizando a temática de investigação que abrange essas duas perspectivas e procurando estabelecer relações entre seus aspectos históricos e pedagógicos, bem como as abordagens metodológicas do Ensino de Ciências que são consideradas inovadoras. 2) estudos teóricos sobre as perspectivas e concepções de Inovação – considerando os múltiplos sentidos e variações que o termo invoca e dialogando com temáticas importantes que permeiam os cenários educacionais em virtude das transformações econômicas e socioculturais que se processam com as demandas atuais. A segunda parte contemplou o estudo propriamente dito, por meio de uma abordagem qualitativa, tendo como instrumento para a coleta de dados a análise documental. As informações foram coletadas em fontes primárias, como os documentos técnicos: Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia; Componentes Curriculares; Documentos de Reestruturação Curricular e Ementários. A verificação ocorreu mediante Análise de Conteúdo fundamentada por Laurence Bardin, seguindo três fases pré definidas: pré analise, exploração do material e tratamento dos dados. Nessa análise, foi possível identificar indícios de que os seis PPPs dos cursos de Pedagogia, em suas especificidades, são importantes aliados na promoção de inovações. Estes documentos apresentaram aspectos referentes às perspectivas de Inovação apontadas pelos autores que fundamentaram este estudo. Observou-se que os projetos e inovações caminham juntos quando os objetivos que os direcionam são pensados para uma proposta de formação docente humana, que se preocupa em refletir sobre os diversos saberes, valores, crenças, concepções, que emergem durante o processo formativo. A análise no que tange ao Ensino de Ciências, demostrou a importância de se ressignificar as propostas de formação para que valorizem uma relação horizontal entre os indivíduos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem, articulando: teoria e prática, abordagens metodológicas e tecnologias aos objetivos de aprendizagem, bem como aos diversos saberes que emergem nas instituições e nos cursos de formação docente.
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    Modos de ensinar literatura infantil na escola : (trans)formando leitores literários.
    (2022) Magalhães, Rosângela Márcia; Corrêa, Hércules Tolêdo; Corrêa, Hércules Tolêdo; Machado, Rodrigo Corrêa Martins; Soares, Ivanete Bernardino; Machado, Maria Zélia Versiani; Debus, Eliane Santana Dias
    A leitura de textos literários contribui para a formação do leitor criativo e autônomo, visto que os horizontes propostos pela literatura são ilimitados e suas interpretações, dada a sua natureza polissêmica, infinitas. Esta pesquisa de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto tem como objetivo geral analisar os modos de ensinar literatura infantil que levam os alunos ao sentido das obras nos primeiros e segundos anos do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino da cidade de Itabirito/MG. Para o desenvolvimento desta investigação, recorremos aos princípios teóricosreferentes à abordagem qualitativa e utilizamos como instrumentos de coleta de dados a pesquisa bibliográfica, o questionário, a entrevista semiestruturada, fotografias de acervo pessoal e de acervo particular disponibilizadas pelas profissionais pesquisadas e a análise de documentos oficiais relacionados ao trabalho com a Literatura Infantil na rede municipal de ensino. Os referenciais teóricos para o desenvolvimento desta pesquisa são os estudos sobre letramento(s), fundamentados e desenvolvidos por pesquisadores da área, tais como Magda Soares, e também nas consecutivas investigações sobre as diferentes formas de letramento, como o conceito de letramento literário, que vem sendo estudado por diversos pesquisadores brasileiros (por exemplo, PAULINO, COSSON, MACHADO, PAIVA, CORRÊA), e que tem se fortalecido bastante com o trabalho do Grupo de Pesquisa do Letramento Literário – GPELL, no âmbito do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita - CEALE da Faculdade de Educação da UFMG. Além desses estudiosos, dialogamos com pesquisadoras que têm como foco o ensino de literatura e a formação de leitores literários como Zilberman, Colomer, Rouxel, Dalvi, Lajolo, dentre outras e outros. Logo, esta pesquisa oferece elementos importantes para a compreensão do trabalho significativo com a literatura infantil e aponta subsídios para o desenvolvimento de estratégias metodológicas adequadas para a leitura literária nos primeiros anos de escolarização. Ficou evidente nesta investigação que não existe um modo exclusivo de ensinar literatura infantil nos anos iniciais da Rede Municipal de Educação de Itabirito/MG. O que devemos refletir é sobre a intencionalidade pedagógica do professor, pois em todos os caminhos que ele percorrer com seus alunos a atividade de leitura literária deve ser priorizada. A presente pesquisa ainda nos possibilita afirmar que a escola, para desenvolver o processo de letramento literário de forma sistematizada e significativa, deve dispor de uma biblioteca bem equipada e com pessoas qualificadas para trabalhar nesse espaço, um acerco diversificado, professores leitores com boa fundamentação teórica e metodológica, programas de ensino que valorizem a literatura e, sobretudo, um professor que medeia a leitura e também ensine a literatura infantil. Afinal, é através da experiência da leitura literária que é possível formar leitores mais conscientes e engajados na luta pela democracia, pela educação pública, gratuita e de qualidade.