PPGECRN - Mestrado (Dissertações)

URI Permanente para esta coleção

Navegar

Submissões Recentes

Agora exibindo 1 - 20 de 190
  • Item
    Petrocronologia e evolução metamórfica da porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero, MG : estudos P-T-t-d a partir de xistos pelíticos.
    (2023) Silva, Paulo Augusto de Paiva; Queiroga, Gláucia Nascimento; Moraes, Renato de; Queiroga, Gláucia Nascimento; Alkmim, Fernando Flecha de; Medeiros Júnior, Edgar Batista de
    Xistos pelíticos aflorantes entre os municípios de Mariana e Monsenhor Horta foram caracterizados de modo a se estabelecer a trajetória P-T-t-d e a evolução metamórfica da porção SE do Quadrilátero Ferrífero. Dados de campo, petrográficos, (micro)estruturais, de litoquímica, de química mineral e geotermobarometria associada à modelagem de fases isoquímicas foram combinados com a datação U-Pb por LA-ICP-MS de granada e zircão. Estabelecemos assim a progressão do metamorfismo de oeste para leste da região, partindo de uma rocha na transição das fácies xisto verde e anfibolito (amostra PS-01, expressa pela associação ‘St + Chl + Wm + Qz + Ilm + Grt’, tendo ainda inclusões de Cld em granadas, com condições P-T no pico metamórfico estimadas em 550-595°C e 3,3-6,7 kbar), para rochas já em condições de anfibolito (PS-02, de paragênese ‘Grt + St + Chl + Wm + Qz + Pl + Bt + Ilm’ para o pico e condições P-T ~595°C e ~6,2 kbar; e PS-03, amostra mais a leste, formada por ‘Grt + St + Chl + Wm + Qz + Rt’ e com pico metamórfico em ~ 620°C e ~8,3 kbar). Estudos de química mineral em porfiroblastos de granada também atestam o metamorfismo progressivo, com aumento de Fe e Mg frente a redução de Mn e Ca do núcleo para a borda dos grãos. Feições microestruturais e deformacionais, como é o caso das inclusões sigmodais em granadas, indicam o sentido horário/dextral dessa progressão. Idade máxima de sedimentação U-Pb para o intercepto superior de zircões da amostra PS-02 de 2170,1 ± 9,4 Ma (2σ) reposiciona o litotipo para posição contemporânea aos grupos Sabará e Itacolomi. A datação U-Pb de granada sin-cinemática ao evento metamórfico principal forneceu idades de 511 ± 24 Ma (2σ), indicativas da ação da Orogenia Brasiliana no metamorfismo do Quadrilátero Ferrífero, anteriormente apenas evidenciada por feições estruturais e tectônicas. Essa idade é aqui interpretada como referente ao pico metamórfico associado à colisão das placas São Francisco e Congo, a partir do avanço da deformação de E para W, como também é evidenciado em regiões associadas de mesma latitude. Tem-se, assim, caracterizado o metamorfismo progressivo horário Brasiliano para a porção SE do Quadrilátero Ferrífero, com pico metamórfico em ~ 511 Ma para condições P-T condizentes com fácies anfibolito.
  • Item
    Controles litológicos e geodinâmicos sobre a mobilidade do divisor de drenagem transcontinental da América do Sul e o encolhimento da bacia do Paraná.
    (2024) Cubas, Caio Augusto Crelier; Rudnitzki, Isaac Daniel; Bezerra, Daniel Peifer; Val, Pedro Fonseca; Val, Pedro Fonseca; Souza, Maria Eugênia Silva de; Sacek, Vitor; Calegari, Salomão; Fernandes, Nelson Ferreira
    Um dos maiores divisores de drenagem da América do Sul separa, ao norte, as bacias hidrográficas do Tocantins e da Amazônia e, ao sul, as bacias do Paraná e do Paraguai. Orientado NE-SW, e com extensão de cerca de 5000 km, esse divisor transcontinental se estende desde o Atlântico até as bordas do Cráton Amazônico, próximo ao início da Cordilheira dos Andes. Com base em uma fraca coincidência espacial com intrusões ígneas datadas entre 70 e 90 Ma, a origem e a estabilidade desse divisor têm sido atribuídas a esses eventos magmáticos cretáceos. A morfologia de divisores de drenagem tem sido relacionada a padrões de mobilidade de divisores, e suas assimetrias utilizadas para inferir a direção dessa mobilidade. A partir de análises geomórficas desse divisor transcontinental, foi inferida uma migração sistemática de parte do divisor para sul e parte para norte, sem relação aparente com as intrusões cretáceas, ao contrário do que estudos prévios sugeriram. Grande parte desse divisor transcontinental coincide com o divisor de drenagem externo da bacia do Rio Paraná, e, nessa região coincidente, foi encontrado um padrão de mobilidade inteiramente para sul, no sentido do interior da bacia. A análise realizada da morfologia dos outros divisores externos da bacia revela uma mobilidade de todos os divisores para o interior da bacia do Rio Paraná, ou seja, consumindo área da bacia hidrográfica e causando seu encolhimento. Além disso, foram encontradas evidências de capturas de drenagem por toda a extensão dos divisores externos da bacia hidrográfica, e uma análise de 160 pares de rios através desses divisores aponta uma maior elevação dos rios no interior da bacia, quando comparados com drenagens externas. Inferimos que os basaltos e andesitos basálticos do Grupo Serra Geral induziram a inversão da topografia da região. Além disso, a espessa crosta continental abaixo da bacia sedimentar do Paraná, que é atribuída a uma massa abaixo da crosta proveniente do evento que gerou a Província Ígnea Paraná-Etendeka, contribui para sua maior elevação, quando comparada com seu entorno. Valores de subsidência dinâmica não-uniformes na região da bacia a partir de 50 Ma provavelmente reduziram o relevo nas cabeceiras dos rios da bacia próximos ao divisor transcontinental, e aumentaram a assimetria encontrada nos divisores. Esses fatores externos levam à manutenção da elevação da bacia hidrográfica do Rio Paraná, tornando-a topograficamente vulnerável à perda de área de drenagem. Esses controles de nível de base explicam o encolhimento da bacia do Rio Paraná e, portanto, a posição e a mobilidade do divisor transcontinental.
  • Item
    Análise microfaciológica e diagenética dos dolomitos e fosforitos da formação bocaina – faixa Paraguai Sul, Mato Grosso do Sul.
    (2024) Tito, Pâmela de Oliveira; Rudnitzki, Isaac Daniel; Rudnitzki, Isaac Daniel; Costa, Alice Fernanda de Oliveira; Romero, Guilherme Raffaeli
    Nos últimos anos, o interesse pelo estudo de rochas dolomíticas e fosfáticas cresceu significativamente. A gênese dos dolomitos ainda é considerada um enigma para a comunidade científica, principalmente devido à dificuldade em sintetizar o mineral em laboratório. Além de sua importância econômica, os fosforitos possuem grande relevância para estudos acerca de evolução sedimentar e da química dos oceanos. Recentemente, as minerações EDEM e HORII, localizadas na região da Serra da Bodoquena - MS, realizaram furos de sondagem com testemunhos para prospecção de fosfatos, que resultaram na recuperação de registros de subsuperfície inéditos da Formação Bocaina e com excelente preservação, abrindo a oportunidade para discussão dos processos de evolução diagenética. Neste trabalho, foram analisadas 42 lâminas delgadas, provenientes destes testemunhos, com foco na descrição de microfácies, evolução diagenética e reconstrução paleoambiental. Apesar do intenso processo de dolomitização e fosfatização, foi possível caracterizar treze microfácies, incluindo nove carbonáticas, três fosfáticas e uma siliciclástica. A partir das análises texturais, inferiu-se que a sucessão estudada é registro de uma plataforma orlada com frequente retrabalhamento. Os processos que acarretaram a evolução diagenética desta sucessão desenvolveram-se nos estágios sin-sedimentar, eodiagenético e mesodiagenético, atuando desde a deposição dessas rochas até o seu soterramento efetivo, sendo os mais relevantes a fosfogênese e a dolomitização. Levando em consideração o contexto paleoambiental, o modelo de dolomitização escolhido foi o de refluxo por infiltração. Por fim, utilizando o gráfico de Mazzulo (2000) que apresenta zonas de agrupamentos de dolomitas e suas origens a partir de valores isotópicos, interpretou-se que formação das rochas da Formação Bocaina ocorreu entre as zonas de sulfato redução e metanogênese.
  • Item
    Anisotropia de suscetibilidade magnética de granitoides da suíte Alto Maranhão, Cinturão Mineiro, Cráton do São Francisco Meridional.
    (2022) Guedes, Isabela Nahas Ribeiro; Gonçalves, Leonardo Eustáquio da Silva; Viegas, Luis Gustavo Ferreira; Gonçalves, Cristiane Paula de Castro; Gonçalves, Leonardo Eustáquio da Silva; Bitencourt, Maria de Fátima Aparecida Saraiva; Endo, Issamu
    A Suíte Alto Maranhão (2130 Ma) compreende uma das associações de rochas graníticas juvenis formadas em ambiente de arco vulcânico no contexto do Cinturão Mineiro (sudeste do Brasil). Este é tido enquanto um dos segmentos acrescionários Paleoproterozoicos constituintes da orogênese Minas- Bahia. O corpo principal da Suíte Alto Maranhão é balizado por duas grandes zonas de cisalhamento regionais, sendo elas: a zona de cisalhamento Jeceaba-Bom Sucesso, de direção NE-SW e a zona de cisalhamento Congonhas-Itaverava, de direção NW-SE. Com o intuito de elaborar um modelo de alojamento para tal Suíte e investigar a relação entre zonas de cisalhamento e a migração, transporte e alojamento de magmas na transição Arqueano-Paleoproterozoico, foi conduzida uma investigação utilizando da anisotropia de suscetibilidade magnética (ASM) e da análise estrutural e microestrutural. Os dados de campo indicam a preservação de estruturas magmáticas como a presença de enclaves alongados e internamente indeformados e acamamento ígneo. As microestruturas revelam que a trama registrada é predominantemente de origem magmática a tardi-magmática, predominando feições como cristais euédricos de plagioclásio sem deformação intracristalina com orientação preferencial e ligeira extinção ondulante em quartzo. A trama magnética revelou heterogeneidades estruturais ao longo do corpo, demostrando diferenças entre o lóbulo leste e oeste. O primeiro foi caracterizado enquanto uma zona de alimentação de raiz profunda, onde predominam lineações e foliações magnéticas verticais orientadas de acordo com a direção NW-SE, no qual a injeção do magma tonalítico e posterior reabastecimento de magmas intermediários foi assistida pela zona de cisalhamento Congonhas- Itaverava, bem como seu espalhamento sub-horizontal para oeste, evidenciado por lineações horizontais associadas a foliações de mergulhos verticais a moderados também no trend NW-SE. A zona de cisalhamento Jeceaba-Bom Sucesso e rochas encaixantes serviram como uma barreira reológica que impediu o escoamento do magma mais adiante, dentre as evidencias que sugerem tal intepretação estão a predominância de elipsoides magnéticos oblatos e desorganização da orientação da lineação magnética. Nas proximidades da zona de cisalhamento Congonhas-Itaverava, deslocamentos horizontais e microestruturas de caráter cisalhante relativas ao estado tardi-magmático indicam que a intrusão tenha sido sin- a pós-cinemática em relação a tal estrutura. O modelo de alojamento proposto para a Suíte Alto Maranhão sugere que a deformação transcorrente ocorreu concomitantemente ao crescimento crustal registrado no paleocontinente São Francisco durante o Paleoproterozoico.
  • Item
    Anatomia da saliência de Paracatu na província mineral de Vazante, Cinturão de Antepaís da Faixa Brasília, Brasil Central.
    (2023) Arruda, Jessica Alcântara Azevedo Cavalcanti de; Reis, Humberto Luis Siqueira; Alkmim, Fernando Flecha de; Reis, Humberto Luis Siqueira; Melo, Gustavo Henrique Coelho de; Peixoto, Eliza Inez Nunes
    Os cinturões de dobras e falhas correspondem aos componentes tectônicos mais notáveis das porções externas dos sistemas orogênicos. Ocupando o setor mais externo desses componentes, os cinturões de antepaís comumente exibem sistemas de curvas orogênicas que evoluem sob a influência de diferentes fatores geológicos e cuja origem tem sido intensamente debatida ao longo das últimas décadas. No entanto, muitos aspectos de seus mecanismos de controle ainda não estão claros. Neste estudo, investigamos a anatomia e a evolução tectônica da Saliência de Paracatu, hospedeira de Pb-Zn, do cinturão de dobras e falhas de antepaís da Faixa Brasília, Brasil Central. A saliência (isto é, a curva de visualização em mapa com formato côncavo para o antepaís) ocupa a porção externa do Cinturão Brasília Brasiliano/Pan-Africano e evoluiu durante a montagem Ediacarana-Cambriana Gondwana Ocidental. Suas estruturas afetam principalmente o Grupo Vazante composto por rochas siliciclásticas e dolomitícas neoproterozóico e, localmente, os grupos Meso a Neoproterozóico Canastra e Paranoá e o Grupo Ediacarano-Cambriano Bambuí. Visando entender sua arquitetura e contribuir com o estudo das curvas orogênicas, realizamos uma análise estrutural detalhada com base em novas informações de superfície/subsuperfície e revisão da literatura. A Saliência de Paracatu é uma curva antitaxial assimétrica, com tendência NS, de 180 km de comprimento e 60 km de largura, com traços estruturais fortemente convergindo para seus pontos finais. Três grandes conjuntos de estruturas foram identificados na área saliente: i) pré-orogênica, ii) contracional progressiva e iii) extensional tardia. As estruturas pré-orogênicas compreendem principalmente falhas normais de direção NW a ENE que nuclearam durante a evolução Proterozóica do Pirapora Aulacogeno, limitado pelos altos do embasamento de Januária e Sete Lagoas ao norte e ao sul, respectivamente. As estruturas contracionais, principais estruturas da saliência, foram formadas sob um único transporte tectônico dirigido por ENE e compõem um sistema de zonas de cisalhamento e dobras associadas a um descolamento basal localizado no contato com o subjacente Grupo Paranoá dominado por arenitos e que atinge sua profundidade máxima próximo à culminância saliente. Na visualização em mapa, essas estruturas seguem a direção NS na Saliência de Paracatu, curvando-se progressivamente em direção NW e NE ao norte e ao sul, respectivamente. Dobras de direção NW e WNW e outros elementos de contração frágil a frágil-dúctil afetam estruturas de primeira ordem da saliência e foram formadas no episódio de contração tardio. Nossa análise indica que a saliência foi formada como uma curva controlada pela bacia devido a mudanças de espessura ao longo do curso nos estratos pré-deformacionais e contrastes reológicos pré-existentes e provavelmente evoluiu para um arco progressivo controlado pela interação com os altos do embasamento de Januária e Sete Lagoas a oeste durante sua propagação em direção ao antepaís. Falhas normais e transcorrentes foram formadas em um episódio extensional tardio mostrando um σ3 sub-horizontal com tendência NE e um σ1 vertical. Essas falhas deslocam corpos de minério de Zn-Pb por até dezenas de metros nas porções central e norte da saliência, no entanto, a etapa de precipitação das mineralizações ainda é incerta, pela ausência de minerais datáveis.
  • Item
    Avaliação paleoambiental da Formação Lagoa do Jacaré na sucessão carbonática da Bacia Hidrográfica do Verde Grande – região de Jaíba (MG).
    (2023) Gonçalves, Wagner Fernandes; Rudnitzki, Isaac Daniel; Rudnitzki, Isaac Daniel; Amorim, Kamilla Borges; Costa, Alice Fernanda de Oliveira
    O estudo teve como objetivo realizar a análise paleoambiental da sequência carbonática da Formação Lagoa do Jacaré na porção leste da Bacia do São Francisco, região norte de Minas Gerais, área ainda pouco estudada em detalhe. Para isso, duas sucessões aflorantes na região de Jaíba foram analisadas por meio de dados petrográficos e geoquímicos, que permitiram a associação de fácies, microfácies e quimioestratigráfica da unidade. As rochas foram identificadas como uma sequência carbonática formada em ambiente deposicional de rampa de mar raso dominada por planície de maré, com ocorrência de recifes estromatolíticos e migração de barras oolíticas via correntes de maré. A sucessão Ribeirão do Ouro, estratigraficamente localizada no topo da unidade, mostrou três ciclos de raseamento antes do afogamento total da bacia marcada pelos pelitos da Formação Serra da Saudade. Nessa sucessão foi observada uma sequência com maior contribuição de terrígenos em comparação com os carbonatos mais puros da sucessão Córrego Escuro. Todavia, ambas conservam sinais primários anômalos com assinatura negativa para δ18O e positiva para δ13C, em acordo com os já registrados pelo Middle Bambuí Excursion–MIBE, indicando um paleoambiente de sistema de mar aberto com temperaturas amenas e alta produtividade orgânica. De maneira geral, os resultados obtidos seguiram padrões apresentados para a Formação Lagoa do Jacaré em outras regiões da Bacia do São Francisco, principalmente a sul e a oeste, indicando que esta unidade não apresenta variações relevantes em suas características diagenéticas e geoquímicas, estando sua variabilidade petrográfica condicionada aos ambientes deposicionais dentro da rampa carbonática.
  • Item
    Análise estratigráfica das formações Serra do Catuni e Chapada Acauã inferior, grupo macaúbas, ao longo do paralelo 17°30’S, região Centro-Oeste de Minas Gerais.
    (2023) Oliveira, Leon Dias; Queiroga, Gláucia Nascimento; Martins, Maximiliano de Souza; Castro, Marco Paulo de; Martins, Maximiliano de Souza; Uhlein, Alexandre; Alkmim, Fernando Flecha de
    A bacia Macaúbas, neoproterozoica e precursora do orógeno Araçuaí–Oeste Congo, registra pelo menos três fases de rifteamento antes da instauração da margem passiva. A última fase, desenvolvida durante o período Criogeniano, é formada por uma pilha sedimentar que apresenta expressiva variação faciológica vertical e lateral no sentido do aprofundamento da bacia, em direção a leste, onde ocorrem as maiores espessuras da unidade. Dentre outras, contém camadas de diamictitos, postulados na literatura especializada como remanescentes da atividade de geleiras relacionadas às glaciações do Neoproterozóico, de abrangência global. A análise estratigráfica das formações Serra do Catuni e Chapada Acauã Inferior ao longo da região balizada pelo paralelo 17°30’S e pelos meridianos 43°30’W e 43°00’W (segmento rio Macaúbas, Planalto de Minas, Terra Branca, Caçaratiba e Turmalina) constitui o objetivo da presente dissetação, e visa contribuir para o entendimento da evolução tectôno-sedimentar deste sistema rifte. Foram realizados levantamentos estratigráficos em escala de detalhe (1:100) ao longo das unidades criogenianas presentes nestas regiões, que permitiram a identificação de seis associações de litofácies relacionadas a um ambiente marinho profundo. Variações na composição do arcabouço sedimentológico e na distribuição espacial das associações de litofácies possibilitou o reconhecimento de quatro setores, de oeste para leste: rio Macaúbas, Terra Branca, Baixadão e Turmalina, que correspondem a diferentes porções de dois grabens separados por um alto estrutural. A análise das associações de litofácies possibilitou agrupá-las em três sequências sedimentares associadas aos diferentes estágios subsequentes que refletem a evolução progressiva de falhas normais deste sistema rifte, denominadas início, clímax e término de rifte. A sequência início de rifte registra a primeira fase da sedimentação da bacia, caracterizada como produto de sucessivos pulsos de correntes de turbidez e fluxos de detritos coesivos de baixa resistência, impulsionados pela atividade tectônica inicial do processo de rifteamento. Seu registro sedimentar apresenta granulometria fina a média, em sua base, e tende a apresentar granulometria grossa e mal selecionada em seu topo. A sequência clímax de rifte sobrepõe abruptamente a sedimentação inicial e é caracterizada como produto de fluxos de detritos coesivos de resistência alta e moderada e correntes de turbidez de alta densidade, em sistema de leques subaquosos associados as escarpas de falha. Seu registro sedimentar apresenta granulometria grossa e baixo maturidade textural. Por fim, a sequência término de rifte é caracterizada como a fase final de evolução do sistema rifte e sua transição para o estágio margem passiva da bacia Macaúbas. Seu registro sedimentar foi gerada por correntes de turbidez e processos pelágicos. Assim, de forma geral, as formações Serra do Catuni e Chapada Acauã Inferior registram a evolução de uma bacia rifte marinha, cujo preenchimento sedimentar, foi inicialmente gerado por processos gravitacionais, correntes de turbidez e fluxos de detritos, desencadeados por atividade tectônica, que são sobrepostos por uma espessa sedimentação marinha distal. Desta forma, as formações Serra do Catuni e Chapada Acauã Inferior são interpretadas como equivalentes laterais e correspondem ao preenchimento de dois grabens, proximal e distal, respectivamente.
  • Item
    Caracterização petrográfica, química e geocronologia U-Pb das rochas mineralizadas da Mina do Pitinga : implicações para prospecção de ETRs pesados.
    (2023) Silva, Ana Paula Almeida da; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Cipriano, Ricardo Augusto Scholz; Graça, Leonardo Martins; Neves, Soraya de Carvalho
    A mina do Pitinga é uma jazida de classe mundial de Sn e explora como subprodutos Ta e Nb, possuindo como possíveis subprodutos conhecidos o Zr, ETR, Y, Li e U, sendo esses elementos ocorrendo associados à facie albita granito do granito madeira (~1.83 Ma). Objetiva-se com esse trabalho a identificação e descrição petrográfica das fácies anfibólio biotita sienogranito, fácies mais precoce do granito madeira e as subfácies do albita granito, o albita granito de núcleo (AGN), com corpos pegmatíticos (AGNp) e o albita granito de borda (AGB). Além da petrografia, foi feito um estudo de química mineral da xenotima (YPO4), polilitionita (KLi2AlSi4O10(F,OH)2) e thorita (ThSiO4) nos corpos pegmatíticos do AGN e datação U/Pb em xenotima. O anfibólio biotita sienogranito é constituído por feldspato potássico, quartzo e plagioclásio, contendo ainda biotita, hornblenda, zircão, fluorita, epidoto, apatita e opacos como acessórios, principalmente magnetita. O AGN é constituído por minerais como quartzo, feldspatos potássicos, anfibólios, biotita, cassiterita, polilitionita, criolita, fluorita, pirocloro, xenotima e zircão. O AGB possui a mesma composição mineral do AGN, porém com a fase de flúor caracterizado pela fluorita euhedral ao contrário do AGN que possui criolita como fase principal de flúor. Para caracterizar a xenotima, polilitionita e thorita foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura (MEV) e a microssonda eletrônica (MSE). A xenotima estudada não apresenta grandes variações químicas quanto aos elementos que a compõem, sendo caracterizada por um alto conteúdo de ETR (teores em óxido, média de 43 %), principalmente de ETRP. O Y possui uma alta substituição por ETRP, especialmente Yb, Tm e Er. A polilitionita tem composição relativamente homogênea por todo o AGN. Apesar de apresentar valores relativamente altos de Li e F, sua composição fica próxima dos padrões esperados para este mineral, e foi classificada como uma polilitionita rica em ferro. A thorita é o único minério de Th, os cristais são isolados e também ocorrem intercrescidos com zircão e xenotima, apresentam em sua maioria alteração nas bordas para óxido de Fe e ferro-gedrita(?). A concentração de Th, em óxido, possui média de 62 % e o óxido de Fe, tem média de 10 %, podendo chegar até 18 % nas bordas do mineral, caracterizando uma thorita rica em ferro. Com relação aos padrões de ETR analisados na xenotima e na thorita, é possível constatar padrões de distribuição do tipo tetrad com teores altos de ETR pesados em relação aos ETR leves e ainda apresentam uma significativa anomalia negativa de Eu, sendo esta, uma característica de rochas com altos teores de F. As datações obtidas pelo método U-Pb em xenotima indicam a idade do albita granito em 1793 ± 10 Ma.
  • Item
    Modelagem espacial dos locais de ocorrência de paleotocas na Serra do Gandarela e do Curral, com vistas à prospecção de locais favoráveis a existência e outras descobertas no Quadrilátero Ferrífero - MG.
    (2021) Assis, Driele Antunes de; Castro, Paulo de Tarso Amorim; Castro, Paulo de Tarso Amorim; Oliveira, Carmélia Kerolly Ramos de; Nolasco, Marjorie Csekö; Azevedo, Úrsula Ruchkys de
    A região do Quadrilátero Ferrífero representa um dos mais expressivos geossistemas ferruginosos de Minas Gerais. Estes geossistemas constantemente envolvem cenários de disputa entre a exploração mineral e a conservação das suas singulares riquezas. Estudos recentes em cavernas que ocorrem espalhadas ao longo de toda região, atestaram que duas destas cavidades tratam-se, na verdade, de paleotocas. Paleotocas são registros indiretos (i.e. icnofósseis) da megafauna de mamíferos que viveram no Plioceno e Pleistoceno. Ocorrem na forma de salões e condutos com grandes dimensões. Comumente exibem marcas de garras nas paredes e nos tetos, potencialmente atribuídas a tatus e preguiças-gigantes. Na Argentina, no Uruguai e na região sul do Brasil, há várias destas galerias descritas, em substratos variados. Em litologia ferruginosa, foram descritos inicialmente na região ao norte de Minas Gerais, conhecida como Vale do Rio Peixe Bravo. As estruturas encontradas no Quadrilátero Ferrífero estão situadas na Serra do Gandarela e na Serra do Curral. Foram escavadas no contato canga/saprolito e são os únicos registros conhecidos até o momento. Especialmente a inserida na Serra do Gandarela, está ameaçada pela atividade minerária. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os registros descritos no QF, definir as características geomorfológicos e geológicos destes icnofósseis em outros geossistemas ferruginosos, e discriminar áreas-alvo potenciais de novas ocorrências segundo os parâmetros observados. Os procedimentos metodológicos envolveram a consulta de opinião Delphi e o uso de geoprocessamento para a construção de mapas temáticos e a elaboração de um mapa final de potencialidade de ocorrências de paleotocas. Os resultados mostraram elevada potencialidade em áreas ao centro, norte e nordeste e forte influência da litologia. Também foram observadas semelhanças e diferenças entre as formas de ocorrência e como os parâmetros estão relacionados. A análise permitiu identificar que as duas paleotocas possuem relevante interesse para a conservação e a necessidade de um estudo detalhado das cavidades naturais.
  • Item
    Análise da dinâmica hidrogeológica de diversas tipologias de canga do sudeste do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.
    (2022) Oliveira, Nilciléia Cristina de Magalhães; Bacellar, Luis de Almeida Prado; Bacellar, Luis de Almeida Prado; Leão, Lucas Pereira; Aguiar, Cibele Clauver de
    As cangas são coberturas endurecidas ricas em ferro que ocorrem no Quadrilátero Ferrífero (QFe), capeando, principalmente, os itabiritos da Formação Cauê, onde situam-se intensas atividades de minerárias. Apesar da significativa porosidade, alguns pesquisadores consideram as cangas como de baixa condutividade hidráulica. Outros as classificam como muito condutivas, favorecendo a recarga dos aquíferos sotopostos, e sua supressão por atividades de mineração afetaria consequentemente a recarga dos aquíferos subjacentes. Estudos relacionados ao comportamento hídrico das cangas são ainda escassos, o que motivou o desenvolvimento deste trabalho. Para tal, selecionaram-se duas áreas (1 e 2), ambas no sudeste do Quadrilátero Ferrífero, com dois dos principais tipos de canga da região, estruturada e detrítica. Estas cangas normalmente são formadas por um horizonte superficial mais endurecido, a crosta, superposta a um horizonte de transição, mais erodível, onde se desenvolve preferencialmente feições de carstificação. Selecionou-se algumas amostras da crosta desses dois tipos de canga para caracterização mineralógica, microestrutural, química e para quantificação da porosidade aparente. Baseados nestes dados, foram medidas as taxas de infiltração com três tipos de infiltrômetros: de aspersão, modelo Cornell, de anéis duplos e de mini disco. A comparação dos resultados destes estudos com os de trabalhos prévios mostra que a porosidade e, especialmente, a condutividade hidráulica das cangas é variável, dependendo das características químico-mineralógicas, texturais e estruturais locais. Contudo, as cangas exibem porosidade aparente e condutividade hidráulica equivalente à de uma areia siltosa ou silte, com predomínio de fluxo por poros maiores que 0,5mm de diâmetro. O estudo foi complementado por acompanhamento da infiltração e percolação de solução salina traçadora por seções multitemporais de eletrorresistividade, por caminhamento elétrico com arranjo dipolo-dipolo. Este levantamento geofísico indicou o predomínio de fluxos mais verticais na área onde ocorre apenas canga detrítica, cujo relevo é mais suave, e horizontais no local onde há ocorrência dos dois tipos de canga e o relvo é mais íngreme. Em ambas constatou-se conexão com feições de carstificação mais profunda. Feições cársticas foram também identificadas em maiores profundidades e como estudos prévios indicaram que a carstificação nestes meios tem forte condicionamento geomorfológico, a recarga dos aquíferos subjacentes tende a ser significativa, mas variável no espaço.
  • Item
    Processos fossildiagenéticos de restos de mamíferos quaternários coletados em cavernas carbonáticas de Minas Gerais e Bahia.
    (2023) Fernandes, Ingrid; Leite, Mariangela Garcia Praça; Vasconcelos, André Gomide; Leite, Mariangela Garcia Praça; Hubbe, Alex Christian Rohrig; Varejão, Filipe Giovanini
    Restos quaternários coletados em cavernas carbonáticas apresentam diversas características fossildiagenéticas em função da morfologia e composição dos ossos, de seu eventual retrabalhamento e das condições ambientais específicas do local de deposição e/ou soterramento. No caso de ossos e dentes de vertebrados, seis processos diagenéticos que atuam na preservação das partes duras dos organismos são reconhecidos: incrustação, permineralização, substituição, recristalização, mumificação e moldes e contramoldes. A identificação dos modos de fossilização visa contribuir para o entendimento das etapas tafonômicas e os aspectos paleoambientais do local de soterramento. Esses processos, geralmente identificados com base em análises macroscópicas, contribuem em pesquisas bioestratinômicas e ambientais. Porém, maioria das vezes, apenas descrições macroscópicas podem não ser suficientes para determinar o grau de preservação de um osso em uma determinada caverna, sendo poucos os trabalhos paleontológicos que utilizam análises de detalhe para um melhor entendimento dos processos de fossilização. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo principal analisar as feições fossildiagenéticas em restos de vertebrados quaternários encontrados em diferentes cavernas calcárias de Minas Gerais e Bahia. Para tal, foram descritas 40 lâminas de ossos e dentes em microscópio óptico, das quais, 19 foram avaliadas em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) acoplado a Espectroscópio de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX). Adicionalmente, 17 amostras foram analisadas em Difratômetro de Raios-X (DRX), e 10 em Espectrômetro de Emissão Óptica por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Enquanto as análises macroscópicas permitiram a caracterização de apenas três processos fossildiagenéticos (i.e., incrustação, permineralização e substituição), as demais análises demonstraram que, além dos processos citados, também ocorreu a recristalização dos restos de vertebrados. Esses processos compartilharam materiais/minerais que incluíram: calcita, aragonita, dolomita, argilominerais, óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês, intraclastos e extraclastos. Microscopicamente, incrustação foi sem dúvida, o processo mais comum, seguido da permineralização. Ambos os processos são poligenéticos, com diferentes minerais, como calcita, aragonita, dolomita e óxidos/hidróxidos de ferro e/ou manganês (precipitação química) e materiais, como argilominerais, intraclastos e extraclastos (infiltração mecânica de argilas e agregação de partículas) formando camadas sobrepostas de espessuras e continuidades variadas. Algumas dessas camadas, em especial as carbonáticas, semelhantes às formadas em espeleotemas, incluíram a precipitação de aragonita acicular na forma de leques. Já a substituição, ocorreu do mosaico fino calcita por dolomita e a recristalização foi observada nos ossos, com a hidroxiapatita, que sofreu um incremento da razão Ca/P. Desse modo, os resultados demostraram a grande importância da inclusão de análises mais detalhadas nos estudos fossildiagenéticos, já que somente análises macroscópicas podem não ser suficientes para se avaliar a quantidade de minerais e materiais presentes no processo de fossilização, se determinada amostra trata-se efetivamente de um fóssil ou até mesmo determinar seu grau de preservação.
  • Item
    Uso de métodos de análise exploratória de dados (AED) na caracterização da contaminação da água subterrânea na área do aterro sanitário de Belo Horizonte.
    (2022) Santos, Vinicius Rodrigues dos; Bacellar, Luis de Almeida Prado; Bacellar, Luis de Almeida Prado; Brandt, Emanuel Manfred Freire; Abreu, Adriana Trópia de
    A contaminação de aquíferos em aterros de resíduos sólidos urbanos se constitui num grave risco ambiental, pelo grande número de elementos e compostos químicos provenientes do lixiviado que são nocivos a saúde humana. A área de estudo é do aterro de Belo Horizonte (CTRS-BR 040), do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS), operado pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Em estudos anteriores na área do aterro, alguns parâmetros químicos da água subterrânea foram identificados com concentrações superiores às permitidas pela legislação brasileira. Sendo assim, objetivou-se nesta pesquisa aplicar técnicas de Análise Exploratória de Dados (AED) com intuito de definir as fontes de contaminação. Porém, antes de aplicar tais técnicas, constatou-se nas séries históricas de dados químicos de água subterrânea uma proporção significativa de dados censurados, que nesse caso são os valores abaixo dos Limites de Quantificação (LQ). Dados censurados são comuns em hidrogeoquímica e normalmente recomenda-se a substituição destes por LQ/2, porém somente quando sua proporção é inferior a 25% do conjunto de dados. Contudo, muitos parâmetros analisados em água subterrânea contaminada, como na área de estudo, apresentam mais que este percentual de dados censurados, o que dificulta a aplicação da AED. Portanto, inicialmente decidiu-se por aplicar métodos cientificamente embasados de substituição de dados censurados, como o MLE (Máxima Verossimilhança), Kaplan-Meier e análise robusta (ROS), todos executados com o software R. Com os resultados desta análise foi possível incluir os parâmetros com mais de 25% de dados censurados na AED. Para diferenciar as fontes de contaminação na área foram combinadas as seguintes técnicas: análise hierárquica de cluster, gráficos de densidade gaussiana e correlação de Pearson. Assim, foi possível elaborar mapas diferenciando as fontes de contaminação da área, corroborando estudos prévios, que indicavam fontes de contaminação direta e de processos de atenuação.
  • Item
    Estudo estrutural, textural e geoquímico dos hematititos da Mina do Pico e arredores, Itabirito – Quadrilátero Ferrífero – MG.
    (2022) Dadalto, Ráyna Durão; Nalini Júnior, Hermínio Arias; Endo, Issamu; Gonçalves, Cristiane Paula de Castro; Nalini Júnior, Hermínio Arias; Rios, Francisco Javier; Melo, Gustavo Henrique Coelho de
    A Mina do Pico está localizada no município de Itabirito, no estado de Minas Gerais, Brasil, no flanco leste do Sinclinal Moeda e está inserida na Província Mineral do Quadrilátero Ferrífero. A região é rica em minério de ferro, e os corpos hipogênicos são caracterizados pelos hematititos, denominados comercialmente de hematita compacta, tendo grande importância econômica devido ao seu elevado teor em ferro. Este minério está alojado nos itabiritos da Formação Cauê, a unidade Paleoproterozóica do Supergrupo Minas, depositada entre 2,58 e 2,42 Ga. Observa-se na Mina do Pico e arredores que os corpos de hematititos ocorrem de forma discordante ao bandamento composicional do itabirito, constituindo volumes significativos desse minério bem como como bandas ou lâminas de espessura milimétrica no itabirito, ou seja, subparalelas ao bandamento composicional. Estudos anteriores chegaram à conclusão de que houve ação de fluidos hidrotermais nos itabiritos da Formação Cauê, que teriam sido responsáveis pela reconcentração e enriquecimento de óxidos de ferro nessas rochas. Este trabalho teve como objetivo geral caracterizar geneticamente estes hematititos estudando a relação estrutural, a petrografia e a geoquímica dos corpos de hematititos e as bandas ou lâminas de hematititos nos itabiritos, com o intuito de confirmar a ação dos fluidos hidrotermais na gênese dessas rochas e caracterizar o controle estrutural dos corpos. Para isso foram realizados trabalhos de campo para estudo das relações estruturais entre os diversos litotipos da Formação Cauê. Foram realizados estudos petrográficos ao microscópio ótico e ao Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), e análises via ICP-OES, ICP-MS e titulometria com K2Cr2O7 para obtenção dos elementos maiores, menores e traços (incluindo ETR +Y), Fe2+ e Fe3+. Nos trabalhos de campo foram levantadas as relações estruturais e medidas as atitudes de bandamento composicional, xistosidade e lineações de intersecção (S0xSn) e mineral. Através de análises petrográficas e geoquímicas, observou-se que os itabiritos são essencialmente compostos por óxidos de ferro e quartzo (SiO2), e os hematititos discordantes do bandamento composicional do itabirito é composto quase inteiramente por óxidos de ferro, onde a magnetita já teria sido quase completamente transformada em hematita microcristalina ou tabular. Além disso, a geoquímica também forneceu outras informações importantes, tais como a anomalia positiva de Eu em gráficos multielementares de ETR + Y, corroborando a ação dos fluidos hidrotermais. Os fluidos teriam atuado tanto nas bandas de óxidos de ferro dos itabiritos quanto nos corpos de hematititos discordantes do bandamento composicional do itabirito, uma vez que não foram observadas grandes diferenças texturais e geoquímicas entre eles. As observações estruturais de campo, fotointerpretação de imagens de relevo sombreado e dados geofísicos (magnetométricos) combinados com dados petrográficos e geoquímicos permitiram propor um modelo genético-estrutural para a formação dos corpos megascópicos de hematitito, associada a estruturas do tipo pull-apart nucleadas em sistema transtrativo sinistral controlado por duas falhas (Cata Branca e Pau Branco) de direção NW-SE. Essas falhas correspondem a reativação de descontinuidades crustais preenchidas por diques máficos de idade 1,7 Ga. Subsidiariamente, ocorrem corpos de hematititos no entrado de diques máficos dobrados, sugerindo que essas falhas devem ter agido como condutos para o fluido hidrotermal durante a xvi reativação Brasiliana. Adicionalmente, os fluidos hidrotermais teriam agido também ao longo das anisotropias reativadas, bandamento composicional dos itabiritos, transformando-as mineralógica e texturalmente, concentrando ainda mais as hematitas formando bandas ou lâminas de hematitito. Foram definidos dois tipos de minério de ferro hipogênico na região da Mina do Pico: Depósito de Minério de Ferro Bandado (Banded Iron Ore Deposits - BID) e o Depósito de Minério de Ferro Maciço (Massive Iron Ore Deposits - MID).
  • Item
    Funcionamento hidrogeológico cárstico via monitoramento hidrodinâmico. Estudo de caso na porção centro-sul da bacia do rio São Miguel, Pains (MG).
    (2022) Marques, Tássia Luana Silva; Galvão, Paulo Henrique Ferreira; Paiva, Isabel Maria Rodrigues de; Galvão, Paulo Henrique Ferreira; Costa, Adivane Terezinha; Paula, Rodrigo Sergio de
    Este trabalho objetiva compreender o funcionamento hidráulico e hidronâmico do aquífero cárstico local que compõe a bacia hidrográfica do rio São Miguel (~520 km2), localizada no centro-oeste de Minas Gerais, afluente do rio São Francisco, inserida na bacia hidrográfica Alto São Francisco. A área da bacia em estudo abrange, em sua maior parte, o município de Pains, onde os municípios limítrofes são: Arcos, Formiga, Pimenta, Piumhi, Doresópolis, Iguatama e Córrego Fundo. Para isto, foi realizado um monitoramento em três nascentes cársticas (S1, S2 e S3), no ano hidrológico de 2019/2020. As análises compreenderam a avaliação detalhada (a cada 15 minutos) dos parâmetros físico-químicos: temperatura (T) e condutividade elétrica (CE); além disso, foram realizadas medições das descargas (L/s) nas nascentes e coleta de dados de precipitação, obtidos da estação pluviométrica de Arcos. A partir de hidrogramas de nascentes constatou-se que as três nascentes respondem rapidamente ao sinal de entrada (precipitação), e possuem comportamentos tipicamente cársticos, apresentando rápida circulação das águas e rede de drenagem subterrânea bem estruturada e funcional, apesar de um dos hidrossistemas (drenado pela S1) apresentar características de circulação mais lenta. Os resultados das análises de séries temporais vinculados as análises das curvas de recessão (sazonais e intranuais) e a análise das variações CE e T da água das nascentes comprovaram a rápida circulação da água e funcionalidade da rede de drenagem subterrânea nas três nascentes, sobretudo em S2 e S3. Em S1, entretanto, devido à geometria interna (dobramentos), apresenta um comportamento bimodal, o que implica em uma resposta mais retardada frente as outras nascentes. O estudo apresenta, de forma inédita, o funcionamento hidrodinâmico de hidrossistemas cársticos neoproterozoicos, apontando, com análises multimétodos, tempos de residência da água, padrões de vazão, graus de carstificação e funcionalidade da rede de drenagem subterrânea. Todas as ferramentas utilizadas se mostraram indispensáveis para subsidiar a gestão dos recursos hídricos em áreas cársticas, podendo os resultados serem utilizados pelo poder público como valores de referência para regiões cársticas semelhantes, além de ajudar a compreender o comportamento hidrodinâmico das nascentes cársticas.
  • Item
    Modelagem hidrogeológica numérica aplicada à avaliação de cenários de uso de água.
    (2022) Pereira, Simone Imaculada; Galvão, Paulo Henrique Ferreira; Miotlinski, Konrad; Galvão, Paulo Henrique Ferreira; Paula, Rodrigo Sérgio de; Bacellar, Luis de Almeida Prado
    Um modelo numérico 3D foi elaborado para representar as condições de níveis e fluxo do Sistema Aquífero Cárstico de Sete Lagoas e avaliar cenários futuros de uso de água subterrânea na porção central do município homônimo. Na elaboração, foram empregados: 257 dados de níveis piezométricos e vazões de 282 poços; um modelo geológico 3D; mapas de recarga e de superfícies potenciométricas; e parâmetros hidrodinâmicos obtidos in situ. O programa utilizado foi o FEFLOW e a calibração foi conduzida comparando-se níveis piezométricos de poços existentes e de superfícies potenciométricas, com os resultados de níveis calculados pelo modelo, sendo obtido um grau de correspondência (RMSE variou entre 4 e 23 m; e MAE entre 3 e 19 m) satisfatório levando-se em conta as escalas espacial e temporal dos dados de entrada e da análise numérica. Os parâmetros K (2; 20; 0,0035 m/d), Ss (9,0×10−3; 9,0×10−3; 4,5×10−3) e Sy (2,5×10−1; 5,0×10−1; 1,5×10−2), ajustados para o epicarste, a zona cárstica e a matriz do calcário, respectivamente, e as recargas obtidas na calibração são coerentes com as referências conceituais utilizadas. A recarga média anual definida na calibração foi de 29% da precipitação (~51 Mm3 /ano ou 12 L/s/km2 ), e a descarga que ocorre nos poços atualmente pode ser superior a 53 Mm3 /ano, o que caracteriza uma condição de déficit hídrico que contribui para a expansão do cone de rebaixamento existente na porção central de Sete Lagoas. O modelo indica que, entre 1942 e 2020, o bombeamento intenso causou alterações nas condições originais de confinamento do aquífero, o qual possuía 34% da área ativa em não confinamento na década de 1940, passando para 45% em 2020. Em cenários futuros, mantendo a vazão global atualmente extraída, mais de 50% do aquífero se tornaria não confinado em 2050, podendo chegar a 61% em 2100. Um recuo e estabilização da evolução do cone de rebaixamento aconteceria com uma redução de 40% da vazão atualmente explotada.
  • Item
    Ongoing landscape transience in the eastern Amazon Craton consistent with lithologic control of base level.
    (2021) Fadul, Camila Morato; Val, Pedro Fonseca de Almeida e; Val, Pedro Fonseca de Almeida e; Pupim, Fernando do Nascimento; Bezerra, Daniel Peifer
    No leste do Escudo das Guianas, região pertencente ao cráton Amazonas, são observadas características geomórficas, como capturas de drenagem, knickpoints, paleocanais, migração dos divisores de drenagem e wind-gaps normalmente interpretados como sendo o resultado de mudanças climáticas e processos tectônicos intraplaca. Além desses processos, é de se esperar que em regiões cratônicas, a presença de diferentes litologias atue como um gatilho para gerar paisagens transientes. Os rios que drenam o escudo fluem em direção às rochas sedimentares da bacia Amazônica através de uma Escarpa Principal (EP) marcando uma transição litológica formada por arenitos de alta resistência erosiva pertencentes às unidades basais da Bacia Sedimentar Amazônica. Por meio da análise geomorfológica quantitativa do relevo, chi-plots, knickpoints e declividade do rio, investigamos a influência de uma litologia resistente (arenitos do Grupo Trombetas) nos padrões de drenagem do escudo. Os resultados revelaram que rios de bacias com maior área de drenagem associado à menores distâncias percorridas sobre rochas resistentes da EP capturam bacias vizinhas. Para a evolução da paisagem do leste do Escudo das Guianas, argumentamos que, à medida que a queda do nível de base do rio Amazonas se propaga rio acima em direção à região de cabeceira do escudo, eles são retardados diferencialmente pelas rochas resistentes, gerando uma série de feições transientes como captura de drenagem, migração do divisor e disparidade entre as distâncias percorridas por knickpoints. A presença de feições geomórficas sistemáticas sugerem que este pode ser um importante mecanismo autogênico de controle do rearranjo da rede de drenagem na região Amazônica, bem como em outras paisagens cratônicas. A exumação prolongada de rochas resistentes em crátons pode manter as paisagens em desequilíbrio constante e oferecer um laboratório natural excepcional para estudar a dinâmica da paisagem associada ao tipo de rocha.
  • Item
    Arcabouço estrutural e evolução tectônica do Alto de Januária, bacia do São Francisco (MG) : registro de uma longa história de deformação intracratônica.
    (2021) Piatti, Bruno Guimarães; Reis, Humberto Luis Siqueira; Alkmim, Fernando Flecha de; Reis, Humberto Luis Siqueira; Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Martins, Maximiliano de Souza
    Altos de embasamento intracratônicos e seu conjunto de coberturas sedimentares podem guardar o registro da evolução tectônica das regiões de interior do craton. O alto de Januária, que engloba as rochas do embasamento arqueano-paleoproterozoico e da cobertura sedimentar proterozoica na porção norte da Bacia do São Francisco, registra os eventos tectônicos relacionados à formação do cráton e aos sucessivos ciclos bacinais superpostos que ocorreram entre o Paleoproterozoico e o Mesozoico. O embasamento cristalino consiste em granitoides e gnaisses mais antigos do que 1,8Ga. A cobertura sedimentar engloba sucessões Meso/Neoproterozoicas do Supergrupo Espinhaço e correlativos, sucessões Neoproterozoicas Formação Jequitaí, os depósitos carbonáticos-siliciclásticos do Grupo Bambuí e delgadas coberturas mesozoicas Tendo como objetivo principal acessar esse arquivo geológico, decifrar a história tectônica do alto de Januária nesse intervalo de tempo e investigar a influência de estruturas herdadas do embasamento na sua evolução, foi conduzida uma análise estrutural a partir da integração de dados de superfície com dados de subsuperfície oriundos de 200 linhas sísmicas de reflexão ao longo de uma área situada na porção centro-sudeste do alto. Enfocando as feições Precambrianas e Eopaleozoicas, nosso estudo revelou que o arcabouço tectônico do alto de Januária consiste de 4 grupos de elementos de trama: (i) estruturas dúcteis do embasamento; (ii) falhas extensionais de orientação NW e NE; (iii) estruturas contracionais associadas ao cinturão de antepaís Araçuaí e (iv) estruturas rúpteis de origem incerta. As rochas do embasamento exibem foliação regional de direção NNE truncada por zonas de cisalhamento NNW sinistrais. O sistema de falhas normais se desenvolveu ao longo de dois episódios extensionais. O primeiro marca um rifteamento Meso/Eoneoproterozoico associado ao desenvolvimento do aulacógeno Pirapora sob a influência de um campo extensional com σ3 na direção NE e σ1 vertical. O segundo registra um episódio extensional com com σ3 na direção WNW e σ1 vertical associado ao soerguimento flexural do Alto de Januária induzida pela sobrecarga dos orógenos brasilianos nas margens do Alto de Januária. O conjunto de falhas NW dominam o arcabouço estrutural na margem sul do alto de Januária, enquanto as falhas NNE se tornam mais expressivas junto ao ápice e flancos do alto de embasamento. O avanço do cinturão de falhas e dobras de antepaís Araçuaí sobre o alto de embasamento desenvolveu um conjunto de estruturas contracionais de grande e pequena escala com direção NNE, bem como induziu a inversão parcial de falhas extensionais de direção NE, que afetam as coberturas ediacaranas-cambrianas. Esse episódio denotam um regime compressivo com direção ESE-WNW. Nos estágios tardios, a permuta entre os eixos principais de esforços mínimo e intermediário gerou um regime transcorrente que induziu a formação de veios e fraturas WNW e a reativação de falhas extensionais pre-existentes enquanto sistemas de falhas transpressivas. Quando sua posição coincide com estruturas extensionais herdadas do embasamento, esses corredores transcorrentes NW avançam para além do cinturão de antepais e cortam o domínio intracratônico, onde as dobras assumem orientações não sistemáticas em relação à propagação xviii do fronte de deformação e constituem um registro da propagação far-field dos esforços marginais. Nesse domínio interno do Alto de Januária, outras estruturas de pequena escala e origem incerta os estratos basais da sequência Bambuí. Nossa análise demonstra como o Alto de Januária arquivou boa parte da história proterozoica-eopaleozoica do craton que o contem o dos sistemas orogênicos marginais no interior continental da América do Sul. Além de demonstrar como o altos do embasamento intracratônicos arquivam a memória da deformação intracontinental, nossa análise também elucida aspectos propagação far-field de esforços e do papel que a herança tectônica tem na evolução desses domínios cratônicos.
  • Item
    Caracterização estrutural, mineralógica e química mineral do pegmatito Bananal : um depósito de lítio do Campo Pegmatítico de Curralinho, Salinas, MG.
    (2021) Barbosa, Carolina Cristiano; Gonçalves, Leonardo Eustáquio da Silva; Soares, Antônio Carlos Pedrosa; Gonçalves, Leonardo Eustáquio da Silva; Dias, Coralie Heinis; Nalini Júnior, Hermínio Arias
    Os pegmatitos de elementos raros abrangem uma diferenciação interna, evolução geoquímica e padrões distintos de enriquecimento de elementos voláteis e incompatíveis indicando um importante processo de desenvolvimento economicamente viável de depósitos metálicos. O Distrito Pegmatitíco de Araçuaí inserido na Província Pegmatítica Oriental Brasileira engloba um dos maiores depósitos de lítio encontrados no Brasil, sendo um deles o Pegmatito Bananal localizado a leste da cidade de Salinas (MG) que abrange os granitos da supersuíte G4 Cambrianos relaciaonados ao estágio pós colisional do Orógeno Araçuaí. Este estudo visa caracterizar as relações de emplacement do pegmatito com as rochas encaixantes, assim como identificar as estruturas externas e internas, assembleias mineralógicas, texturas e zoneamento do corpo a fim de fornecer um modelo petrológico atualizado para o Pegmatito Bananal e um suporte para interpretações genéticas e metalogenéticas relacionadas às mineralizações de lítio. Secções de perfis detalhadas, com extensão de mais de 50m do topo para a base, revelaram um corpo zonado, de contato superior com quartzo mica xisto da Formação Salinas, com uma zona de resfriamento rápido (chilled margin) seguida por uma zona de borda com minerais sacaroidais de muscovita-plagioclasio-biotita e muscovitas com crescimento ortogonal à zona de contato com a rocha encaixante; zona de parede com textura gráfica além de albita dissemninada, minerais de óxidos de Ta e espodumênio; zona intermediária enriquecida em cristais gigantes de espodumênio (até 2m de comprimento), albita, muscovita 2M1 a fluorita. A zona intermediária é marcada pelo crescimento direcional de cristais de espodumênio no sentindo da região mais interna do corpo pegmatítico, formando cortinas ortogonais ao contato com a rocha encaixante. Essa textura é chamada de textura de solidificação unidirecional, a qual é observada mundialmente em complexos intrusivos ricos em voláteis. A porção mais interna do Pegmatito Bananal contém em seu núcleo bolsões de quartzo e próximo à sua margem bolsões de muscovitas 2M1. A presença de turmalina próximo ao contato do pegmatito e quartzo mica xisto é uma evidência de um proeminente metamorfismo de contato. De forma geral, o pegmatito Bananal demonstra um processo de albitização intenso, um enriquecimento de elementos incompatíveis Li, Rb, Cs e F em direção ao núcleo nos quais tais características sugerem este ser um corpo altamento evoluído, uma vez que a presença de ixiolita e wodginita na zona intermediária podem ter proporcionado o último estágio evolutivo característico de pegmatitos LCT. Os pegmatitos de elementos raros classificados como albita-espodumênio, como o Pegmatito Bananal, representam uma importante fonte de recurso de Li e Ta portanto uma melhor compreensão da mineralogia e paragênse desses pegmatitos enriquecidos em metais raros torna-se essencial para exploração e desenvolvimento da região.
  • Item
    Análise multiescalar dos condicionantes da gênese e evolução de voçorocas nas bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba, MG.
    (2022) Lana, Júlio Cesar; Castro, Paulo de Tarso Amorim; Lana, Cláudio Eduardo; Castro, Paulo de Tarso Amorim; Morais, Fernando de; Parisi, Maria Giovana
    As voçorocas são mundialmente reconhecidas como uma das principais formas de expressão da erosão hídrica e estão frequentemente associadas a danos ambientiais e sócio-econômicos. Por este motivo, diversos pesquisadores têm centrado esforços para compreender os fatores e mecanismos que atuam na sua deflagração e desenvolvimento. No entanto, a maior parte dos estudos sobre o tema adotam uma abordagem estritamente local, a qual contrasta com a ampla distribuição destas feições no território. Assim, na busca de contribuir para a redução desta lacuna, este trabalho apresenta uma análise multiescalar dos fatores e mecanismos envolvidos na gênese e evolução de voçorocas. Para tanto, as investigações em escala regional se embasaram em técnicas de aprendizado de máquina e estatística bivariada para construir modelos preditivos e avaliar a influência de quinze fatores geo-ambientais na suscetibilidade ao voçorocamento nas bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba. As análises locais foram realizadas no alto Rio das Velhas e no alto Rio Paraopeba e compreenderam o monitoramento da evolução de duas voçorocas com emprego de veículo aéreo não tripulado, além da investigação da erodibilidade, composição química e distribuição granulométrica de solos derivados de gnaisses e granitoides, utilizando, respectivamente, as técnicas de peneiramento a úmido, fluorescência de raios-X e difração de raios laser. Sob a ótica regional, os resultados obtidos mostram que as atividades antrópicas apresentam baixa influência na distribuição das voçorocas, as quais se desenvolvem naturalmente sob condições ambientais específicas, condicionadas principalmente pelas características litoestruturais, elevação, pluviosidade e declividade da região. Em adição, as áreas mais suscetíveis ao voçorocamento estão localizadas em regiões que experimentaram eventos de soerguimento epirogenético durante o Cenozoico, os quais podem ter provocado a intensificação dos processos de incisão e erosão remontante, a partir do rebaixamento relativo do nível de base regional. A evolução inicial das voçorocas parece ocorrer predominantemente por processos de incisão, até que o exutório da feição se conecte ao nível de base local. A partir desta etapa, passam a dominar os mecanismos de alargamento e retração das bordas, que provocam o preenchimento gradativo da forma erosiva. Além disso, mesmo durante a fase de incisão, as voçorocas podem experimentar pulsos de preenchimento provocados pelo excesso de solo erodido durante eventos pluviométricos intensos. Foi constatado que a erodibilidade dos solos analisados aumenta em profundidade e apresenta forte correlação positiva com a presença de silte e de minerais primários, o que corrobora informações disponíveis na literatura. Assim, o horizonte C do solo é mais vulnerável à desagregação que os horizontes superficiais, especialmente quando exposto ao impacto das gotas de chuva e à ação dos fluxos superficiais turbulentos. Por fim, os solos investigados apresentam índices similares de estabilidade dos agregados, o que mostra que a grande diferença de concentração de voçorocas entre os terrenos que constituem o embasamento cristalino da região de estudo não tem relação com o grau de erodibilidade.
  • Item
    Estratigrafia e análise de fácies da sucessão carbonática da porção nordeste da serra do Iuiú (BA).
    (2020) Conti, Anderson França; Rudnitzki, Isaac Daniel; Danderfer Filho, André; Rudnitzki, Isaac Daniel; Castro, Paulo de Tarso Amorim; Amorim, Kamilla Borges
    A Serra do Iuiú, situada na região centro-sul da Bahia e adjacente à cidade homônima, na porção leste da Bacia do São Francisco, apresenta uma sucessão de pelitos e carbonatos que foi associada a diferentes formações do Grupo Bambuí, por diferentes entidades de estudo. Apesar da região estar previamente mapeada com base litoestratigráfica, esta área, bem como as unidades que a compõem, carece de estudos de análises de fácies e estratigráficos voltados à reconstrução paleoambiental. Além disso, estas unidades representam a porção superior do Grupo Bambuí e, registraram a passagem do Ediacarno-Cambriano, um importante intervalo de tempo marcado por expressivas mudanças bioevolutivas e alterações nos fatores controladores da fábrica carbonática marinha. A Serra do Iuiú, em etapa de campo, apresentou exposição de qualidade com extensão lateral e vertical expressivas, que permitiram realizar trabalhos faciológicos e estratigráficos. Dessa forma, a presente dissertação realizou estudo de fácies sedimentares, microfácies e quimioestratigrafia em seções da porção nordeste da Serra do Iuiú. Esse estudo revelou a construção do arcabouço estratigráfico, considerando a evolução paleoambiental e quimioestratigrafica, bem como discutiu sobre processos de sedimentação carbonática dominantes na transição do Ediacarano-Cambriano. Com base em quatro perfis estratigráficos, foi possível reconhecer duas unidades litoestratigráficas, na base a Formação Serra de Santa Helena, representada por pelititos, margas e nódulos carbonáticos, que passam de forma transicional para a Formação Lagoa do Jacaré, que consiste em calcário, calcários impuros e arenitos carbonáticos. O estudo de fácies sedimentar sugere que a sucessão siliciclástica-carbonática da Serra do Iuiu registra uma rampa carbonática mista, com controle de distribuição de sedimentação batimétrico. Em águas rasas, predominava sedimentação carbonática (Fm. Lagoa do Jacaré) e em águas profundas, abaixo da onda de tempestade, prevalecia sedimentação siliciclástica fina. Os dados geoquímicos de δ 13C (9.71 a 10.77‰), δ 18O (-9.51a -6.74‰) e as razões de 87Sr/86Sr (0.7069 a 0.7085) com teores de Sr entre 1072 e 1384 ppm, sugerem que esta sucessão representa o registro da transição Ediacarara-Cambriana.