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Título: Nenhuma Bulgária existe : viagem e inexistência em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho.
Título(s) alternativo(s): No Bulgaria Exists : travel and nonexistence in O púcaro búlgaro, by Campos de Carvalho.
Autor(es): Rosa, Victor Luiz da
Palavras-chave: Relato de viagem
Data do documento: 2019
Referência: ROSA, V. L. da. Nenhuma Bulgária existe: viagem e inexistência em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho. Remate de Males, v. 39, n. 1, p. 389-402, 2019. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8652490>. Acesso em: 06 jul. 2022.
Resumo: O artigo analisa o último romance de Campos de Carvalho, O púcaro búlgaro (1964), por meio das noções de viagem e inexistência. E procura mostrar algumas consequências críticas e narrativas do impasse entre a promessa de uma “expedição ao fabuloso reino da Bulgária” – feita pelo narrador logo de saída com a eloquência de um viajante tarimbado – e seu constante adiamento ao longo do romance. Por meio de um estilo na maioria das vezes inexato e fabuloso, sempre verborrágico e exagerado, o narrador dessa expedição torna-se complexo não por dominar o assunto que supostamente é objeto de seu interesse (o púcaro búlgaro), e sim porque, ao contrário, ele gira no vazio. E nesse giro só pode “devanear sobre o nada”, como ele próprio diz, enquanto não atina para a razão de escrever o diário. Tal impasse, de um lado, dialoga de modo crítico e irônico com certa tradição dos relatos de viagem à medida que se apropria de alguns dos seus pressupostos, como a confiabilidade do narrador e a obsessão pelas classificações, para fazer deles objeto de piada; de outro, na tentativa de realizar um romance altamente experimental, aponta ao princípio que Breton formula no “Manifesto do surrealismo”, segundo o qual a “existência está em outro lugar”, ou seja, na Bulgária, que não existe. Desse modo, o romance de Campos de Carvalho poderia ser pensado como uma experiência de desarme da nossa maneira de ler os relatos de viagem nacionais, ao mimetizar tais narradores e expor – ao ridículo – os seus limites. É a hipótese que se propõe.
Resumo em outra língua: The article analyzes the last novel written by Campos de Carvalho, O púcaro búlgaro (1964), through the ideas of travel and nonexistence. It also seeks some of the critical and narrative consequences of the deadlock between the promises of an “expedition to the fabulous kingdom of Bulgaria” made by the soon-to-be narrator with the eloquence of a well-experienced traveler and his constant postponement throughout the novel. By means of a style most often inexact and fabulous, always verbiage and exaggerated, the narrator of this expedition becomes complex not by demonstrating his expertise on what is supposedly the object of his interest (the bulgarian vase) but rather because, on the contrary, he spins in the void. And by doing so, in this circuit he can only “wander about nothing”, as he says himself, while he’s unable to see a reason for writing the diary. In a critical and ironic way this impasse dialogues with a certain tradition of travel stories as it appropriates some of its assumptions, such as the narrator’s reliability and obsession with classifications, to make them a joke; on the other, in the attempt to make a highly experimental novel, it also borrows the principle formulated by Breton in the “Surrealist Manifesto”, according to which “existence is elsewhere”. In this way, the novel written by Campos de Carvalho could be thought of as a disarming experience of our way of reading the national travel accounts, by mimicking such narrators and exposing their limits.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/16197
DOI: https://doi.org/10.20396/remate.v39i1.8652490
ISSN: 2316-5758
Licença: Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Fonte: o PDF do artigo.
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